Num
estudo já publicado na revista “Scientific Reports”, oriundo da Universidade de
Helsínquia sob o título “Inadequate socialisation, inactivity, and urban living
environment are associated with social fearfulness in pet dogs”, https://www.nature.com/articles/s41598-020-60546-w,
os seus autores procuram encontrar os factores que determinam o modo de reacção
de um cão em relação aos seus iguais e a pessoas estranhas. Uma das revelações
do estudo, é que os cães citadinos costumam temer mais os outros cães e as pessoas
estranhas do que aqueles que vivem fora das cidades, não ficando claro a que
motivos tal se fica a dever. Os pesquisadores relatam neste trabalho que
existem diferentes ansiedades entre as díspares raças de cães e o seu sexo.
Especificamente
sobre a ansiedade social canina, manifesta no temor em relação a outros cães e
a estranhos, Jenni Puurunen e os seus colegas da Universidade de Helsínquia
esclarecem que muito embora seja normal, a ansiedade excessiva pode tornar-se
um problema, porque cães assim acometidos podem tornar-se agressivos. Para se
descobrir quais os cães particularmente propensos a esta forma de medo,
Puurunen e a sua equipa questionaram proprietários caninos de quase 12.000 cães
de raças diferentes sobre a ansiedade social dos seus cães, inquirindo e
registando em simultâneo sobe a idade dos cães, sexo, meio ambiente, idade de
desmame e as circunstâncias familiares dos donos.
Segundo
o presente estudo, a maneira de um cão reagir frente a cães e a pessoas
desconhecidas fica a depender de vários factores, uma vez que os machos não castrados são menos ansiosos que as fêmeas
e os castrados, e os cães mais velhos são menos ansiosos do que os de
meia-idade. No que concerne ao medo de estranhos, os cães de famílias isoladas
mostraram-se mais abertos e corajosos que os familiares. Concluíram os mesmos
cientistas que a raça dos cães desempenha neste aspecto um papel importante, já
que o Cão de Águas Espanhol (que preciosismo), o Chihuahua, o Border Collie e,
curiosamente, O Cão de Pastor Alemão, provaram ser particularmente medrosos em
relação a cães estranhos (estes senhores desconhecem que ruim, muito ruim, é o
Pastor Alemão que se agrade, contenda ou ataque cães doutra raça, porque não
foi seleccionado para isso (razão genética). Por outro lado, dois Pastores
Alemães constituem-se quase automaticamente em matilha. No estudo, não foi devidamente
considerado o peso do sentimento territorial presente nas reacções dos
diferentes cães).
Corgis
e algumas espécies pequenas de terrier mostraram-se mais confiantes. O Cão de Água
e o Pastor de Shetland manifestaram medo em relação a estranhos, contrariamente
ao Border Collie, ao Pastor Alemão (mais razão me dão) e ao Labrador. "As
diferenças entre as raças de cães sustentam a suposição de que os genes também
têm impacto na ansiedade", afirmam os pesquisadores. O presente estudo
mostrou outra conexão inesperada - em média, os cães da cidade parecem reagir
com mais medo a cães ou a pessoas estranhas do que cães aqueles que vivem num
ambiente rural. À primeira vista tal parece paradoxal, porque os cães citadinos
estão constantemente a encontrar outros cães e pessoas diferentes. "Esta
relação nunca foi anteriormente em cães antes", disse Puurunen.
A razão
que leva os cães da cidade a serem mais ansiosos socialmente ainda não está
clara. Porém, os pesquisadores suspeitam que isso possa estar relacionado com o
aumento do stress no ambiente urbano. "A cidade é agitada e cheia de
estímulos, como ruídos repentinos e altos que podem promover um comportamento
ansioso nos cães", disseram os pesquisadores. "Também sabemos que,
por exemplo, problemas de saúde mental ocorrem com mais frequência nos
moradores das cidades", completaram os autores do estudo. Como é que a
vida na cidade afecta exactamente os cães, é o que precisa de ser criteriosamente
examinado e estudado.
A
muita actividade parece ser um factor importante para ajudar os cães a combater
ansiedade social, porque, como descobriram os cientistas, os cães que
experimentam mais de duas horas de treino e actividades diárias, mostram menos medo
do que os seus parceiros com pouca estimulação física ou mental. "Actividade
e estímulos já demonstraram ter um impacto positivo no comportamento do cão em
estudos anteriores", explica Hannes Lohi, já nosso conhecido doutros
estudos e colega de Puurunen.
Outra
influência parece ser a idade em que os cachorros são desmamados e conhecem o
seu novo lar. "Se isso acontecer significativamente depois das oito
semanas, estes cães tendem a temer os estranhos mais do que os adquiridos entre
as sete e as 8 semanas, relatam os cientistas. Esta conclusão mostra-se em
consonância com estudos anteriores, que disseram que os cachorros chegados a um
novo ambiente antes das 12 semanas de idade eram mais corajosos do que aqueles
que entraram em contacto com novas pessoas ou com cães mais tarde.
Este
estudo pouco ou nada trouxe de novo, apenas descortinou assuntos ou temas que precisam
de ser estudados. Por outro lado é demasiado simplista, pouco objectivo e
cientificamente lastimoso, porque os pesquisadores tiveram mais em conta o que
lhes foi dito do que aquilo que observaram. Eu nunca ouvi uma verdadeira mãe a
dizer mal de um filho, o que dirão os donos dos seus cãezinhos? Estamos perante
um estudo de trazer por casa ou de “fique em casa”, como é o lema desta
quarentena.
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