Voltarão os lobos a
desfilar na Avenue des Champs-Élysées e acamparão no Arc de Triomphe? Se a
quarentena se prolongar em França é bem possível que sim! Com as cidades
gaulesas desertas e as pessoas acantonadas em casa, os animais selvagens
tornam-se cada vez mais ousados e invadem agora o espaço que há muito foi-lhes
surripiado. Um pouco por toda a parte, os pássaros voltam em força e os javalis
e veados apossam-se pouco a pouco das cidades.
Em Boissy-Saint-Léger, nos
arredores de Paris, foram vistos dois veados a passear na Rua Vallou de
Villeneuve, veados que anteriormente já se tinham aventurado a entrar em Muret,
perto de Toulouse e também em Rennes.
A queda repentina da presença humana
trouxe paz e silêncio por toda a parte, o que reforçou a confiança dos animais,
não sendo por isso de estranhar encontrar bandos de patos bem perto da
Comédie-Française em Paris ou javalis em qualquer centro urbano.
Por cá, as mesmas espécies
“fazem a festa” e são vistas em lugares inimagináveis. Os pássaros cantam agora
do nascer ao pôr-do-sol, os pardais parecem estar em maré de azar e os pombos
não aparentam melhor sorte. Tarda não tarda, vindos da Floresta Negra, na
Alemanha, os cucos voltarão, este ano estão um pouco atrasados (as andorinhas e
os lugres também), e encherão os campos com o seu maravilhoso cantar que intercalam
com o dos rouxinóis – o Mediterrâneo transforma-se numa festa de vida! Tudo soa
mais perto porque nem ao longe se ouvem cães a ladrar.
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