Beagleman, Chusky,
Cocker-Pei, Corman, Dalmachshund, Pitsky, Yoodle, a “ lista de A a Z” é
interminável – eis-nos no advento das raças cruzadas, todas nascidas debaixo da
exclamação “It’s so cute!” Estranhamente, porque parece que não aprendemos com
os erros do passado, a maioria das novas raças cruzadas caninas obedece unicamente
a novas tendências estéticas pela alteração morfológica das até aqui herdadas e
padronizadas, ao invés de responderem às reconhecidas necessidades caninas de
saúde e longevidade, como seria de esperar. Poderemos dizer que nos preocupamos
com o bem-estar animal se continuarmos a produzir cães doentes?
No passado, com as
virtudes e defeitos da opção, porque se atentou contra a selecção natural em
múltiplos aspectos, os criadores de cães de então idealizavam uma raça e
faziam-na, enquanto os actuais cruzam vários cães “para ver o que é que dá”,
como se os alquimistas tivessem repentinamente levantado dos mortos, pelo que
não faltamos à verdade se dissermos que a nova canicultura é disfarçadamente
estética e alquimista, e, como tal, não lhe atribuímos grande futuro – os cães
merecem mais!
Eu não sou saudosista ou fatalista,
nem o poderia ser, porque doutro modo, de tanto olhar para trás, acabaria por
perder o comboio do presente rumo ao futuro, tornar-me ia num inadaptado e
perderia o direito de estar por cá. Contudo, por este andar, não me admirava
nada que alguns criadores mais excêntricos, num futuro bem próximo, venham a criar
cães com desvios ou defeitos contrários à selecção natural para justificar o
injustificável.
Apesar de pertencer a um
povo de profetas (o Bandarra foi um deles), não me julgo assim, o que me obriga
a estar atento e informado, a procurar aqui e ali indícios do futuro que se
avizinha. Julgo, posso estar enganado, que o futuro da canicultura passará
primeiro pela engenharia genética e depois pela clonagem. Quanto às actuais
raças cruzadas, são muito giras de facto, mas para que servirão? Como animais
de adoração?
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