domingo, 12 de abril de 2020

GENOMA DO PASTOR ALEMÃO MAPEADO

Cientistas da Universidade de Nova Gales, na Austrália (UNSW), mapearam o genoma do Cão de Pastor Alemão a partir de uma amostra de sangue da cadela “Nala”, uma Pastora Alemã saudável de 5 anos de idade e residente em Sydney. Este sequenciamento de ADN desta Pastora Alemã oferece aos cientistas uma nova visão sobre a evolução o cão doméstico, além de permitir que as possíveis doenças dos cães sejam rastreadas com muito maior precisão. Num artigo publicado no passado dia 1 deste mês, na conceituada revista “GigaScience”, uma equipa global de pesquisadores de instituições como a UNSW Sydney detalhou a gigantesca tarefa de desvendar os 38 pares de cromossomas caninos para descodificar os 19.000 genes e 2,8 biliões de pares de ADN, usando avançada tecnologia de sequenciamento genético. O novo genoma oferece em simultâneo à ciência um instantâneo biológico mais completo sobre a espécie canina (Canis lupus familiaris) e uma referência para estudos futuros das doenças típicas que afectam o Pastor Alemão em particular (ex: displasia coxo-femoral).
O professor da UNSW Science, Bill Ballard (na foto seguinte), um biólogo evolutivo que sequenciou o genoma do Dingo Australiano em 2017, diz que os Pastores Alemães são escolhas populares tanto como cães familiares como cães de trabalho devido à sua inteligência natural, temperamento equilibrado e natureza protectora. Porém, após mais de um século de criação, junto com as características físicas desejadas, eles são particularmente vulneráveis a doenças genéticas. "Um dos problemas de saúde mais comuns que afecta os Pastores Alemães é a displasia canina do quadril, uma condição dolorosa que pode restringir-lhes a mobilidade, como os treinados para trabalhar com a polícia ou para ajudar pessoas com deficiência que acabam com displasia coxo-femoral, o que significa a perca de muito tempo e dinheiro relativos ao seu treino. Agora que temos o genoma, podemos determinar muito mais cedo se um cão irá desenvolver a doença ou não. E com o tempo, isso permitir-nos-á desenvolver um programa de criação para reduzir a displasia da anca nas futuras gerações", disse Ballard.
A CPA Nala, que foi descrita no artigo como "uma cadela de 5,5 anos de fácil acesso e acessível", foi seleccionada porque estava livre de todas as doenças genéticas conhecidas, incluindo nenhum sinal de displasia da anca, foi localizada pelo conhecido veterinário de TV e rádio australianas, Dr. Robert Zammit - creditado como autor deste artigo - que, segundo o professor Ballard, reuniu raios-X e amostras de sangue de mais de 600 pastores alemães. "Agora seremos capazes de examinar as radiografias do quadril e todo o ADN destes cães e compará-los com os da fêmea de referência saudável", diz o professor Ballard. A CPA Nala não foi o primeiro cão doméstico a fornecer uma amostra para o mapeamento do genoma do cão, uma vez que em 2003, um poodle chamado Shadow forneceu uma amostra que resultou num genoma que estava 80% completo, seguido dois anos depois (2005) pelo primeiro mapeamento completo do genoma de 'Tasha', um Boxer.
Uma década e meia depois, a tecnologia melhorou bastante ao ponto do número de lacunas ou de regiões de bases de ADN ilegíveis ter caído drasticamente, tornando o mapeamento dos genes da Nala o mais completo ainda. "A maior diferença entre o mapeamento de hoje e o de 2005 é que agora usamos sequenciamento de leitura longa", diz o professor Ballard. "O genoma do Boxer foi combinado com o sequenciamento 'Sanger', que pode ler cerca de 1000 bases de cada vez, enquanto a tecnologia que está disponível hoje – sequenciamento Next Gen - pode ler até 15.000 bases. "O que significa que, se você tem uma região de genes duplicada a executar mais de 1000 bases, o sequenciamento Sanger não é capaz de dizer-lhe de que parte dos genes essa sequência específica vem. Então, enquanto havia cerca de 23.000 lacunas no genoma Boxer de Sanger, o sequenciador Next Gen tinha pouco mais de 300 ".
O genoma do Pastor Alemão é também um avanço no genoma do Boxer de 2005 por causa do particular desta raça. Como os Boxers têm maior consanguinidade na sua história genética, o genoma do Pastor Alemão é, portanto, mais genérico. Os autores acreditam que isso proporcionará uma melhor compreensão da evolução das raças caninas em geral. Ballard calcula que não será a última vez que o genoma de uma raça de cães domésticos será sequenciado. "Eu esperaria que, à medida que os custos vão diminuindo, as principais raças caninas venham a ter um genoma mapeado dentro de 10 anos, porque isso ajudaria a identificar doenças específicas e muitas raças sofrem de doenças específicas". O projecto do genoma do Pastor Alemão foi financiado pela Australian Canine Research Foundation, além de uma campanha de financiamento colectivo chamada “Hip to Fit”.

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