Depois de vencido o
Covid-19, do qual ainda se pode esperar uma segunda e terceira vaga (deseja-se
que a vacina chegue depressa), dever-se-ia levantar um monumento ao “Cão
Desconhecido” por toda a parte, tendo em conta os seus relevantes serviços aos
mais idosos, vítimas preferenciais do vírus que agora nos visita sem pré-aviso
e sem convite. Muitos dos nossos idosos ficarão a dever a vitória sobre o
coronavírus aos seus cães, porque quase sem darem por isso, os animais
combateram eficazmente a depressão típica da sua idade, transtorno suficiente
para tirar-lhes a alegria de vida e expô-los à infecção.
Quando a tristeza invadiu
os mais idosos, fê-los sentir vazios e sem esperança, quem os alegrou e ligou à
vida? Quando já não tinham prazer em nada e prescindiam de cuidar de si
próprios, quem os obrigava às rotinas para poderem sair à rua? Quando não lhes
apetecia cozinhar e comer, quem é que os incentivava a tal? Nas muitas noites
de insónia, quem permaneceu sempre a seu lado? Quando já só pensavam na morte e
em morrer, quem os convidava para a vida?
Quando se sentiram sós,
quem é que nunca os abandonou? Quando a sua saúde se agravava, quem permanecia
a seu lado? Quem os convidava para ultrapassar as suas limitações e
incapacidades? Quem, apesar do magro penso e da austeridade doméstica, nunca se
queixou? Obviamente que foram os seus cães, por norma animais sem pedigree e de
nenhum valor comercial, de pequeno porte mas de grande préstimo e por isso
mesmo de valor inestimável. Não merecerão eles um monumento por terem resgatado
vidas na guerra contra a pandemia? Eu julgo que sim e não me arrependo do que digo!
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