domingo, 26 de abril de 2020

UMA NINHADA QUE FICA PARA A HISTÓRIA

O cemitério parisiense Père Lachaise, um dos mais famosos e importantes cemitérios do mundo, cuja origem remonta ao Séc. XII, na altura repleto de vinhas pertencentes à Igreja, foi comprado em 1430 por um comerciante que ali construiu uma pomposa residência, vindo depois a propriedade a cair nas mãos dos jesuítas no Séc. XVII. O nome do cemitério é uma homenagem a François d'Aix, senhor de La Chaise (Saint-Martin-la-Sauveté, 25 de Agosto de 1624 — Paris, 20 de Janeiro de 1709), dito Père La Chaise, sacerdote católico, confessor de Luis XIV, sobre quem exerceu influência contra o Jansenismo. Após a expulsão dos jesuítas, o terreno foi entregue à cidade por Napoleão Bonaparte, construindo-se ali um cemitério inspirado nos jardins ingleses (hoje muito mal cuidado).
Mas não é de história que queremos falar, mas sim de uma ninhada de raposas nascida dentro dos terrenos deste cemitério, que foi fotografada pelo seu curador. As fotos foram postadas no Twitter por Pénélope Komitès, Vice-Prefeita de Paris encarregada dos espaços verdes, da natureza, da biodiversidade e dos assuntos funerários. De acordo com um funcionário desta necrópole, as raposas já se encontram ali desde o passado mês de Fevereiro, chegada que coincidiu com a cessação do uso de pesticidas neste mítico cemitério, mítico também pelos vultos que alberga.
Com os homens maioritariamente confinados em casa, com as ruas e os espaços públicos desertos, os animais selvagens avançam para tudo quanto é lado, como se estivessem a reclamar um território que já foi seu. Em França, em Portugal, por todo o mundo, o momento actual tem sido uma época de redenção para a vida selvagem, que avança sem temores até à soleira das nossas portas, como se já não existíssemos ou delas nunca mais voltássemos a sair.

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