O cemitério parisiense
Père Lachaise, um dos mais famosos e importantes cemitérios do mundo, cuja
origem remonta ao Séc. XII, na altura repleto de vinhas pertencentes à Igreja, foi
comprado em 1430 por um comerciante que ali construiu uma pomposa residência,
vindo depois a propriedade a cair nas mãos dos jesuítas no Séc. XVII. O nome do
cemitério é uma homenagem a François d'Aix, senhor de La Chaise
(Saint-Martin-la-Sauveté, 25 de Agosto de 1624 — Paris, 20 de Janeiro de 1709),
dito Père La Chaise, sacerdote católico, confessor de Luis XIV, sobre quem
exerceu influência contra o Jansenismo. Após a expulsão dos jesuítas, o terreno
foi entregue à cidade por Napoleão Bonaparte, construindo-se ali um cemitério inspirado nos jardins ingleses (hoje muito mal cuidado).
Mas não é de história que
queremos falar, mas sim de uma ninhada de raposas nascida dentro dos terrenos
deste cemitério, que foi fotografada pelo seu curador. As fotos foram postadas
no Twitter por Pénélope Komitès, Vice-Prefeita de Paris encarregada dos espaços
verdes, da natureza, da biodiversidade e dos assuntos funerários. De acordo com
um funcionário desta necrópole, as raposas já se encontram ali desde o passado
mês de Fevereiro, chegada que coincidiu com a cessação do uso de pesticidas neste
mítico cemitério, mítico também pelos vultos que alberga.
Com os homens
maioritariamente confinados em casa, com as ruas e os espaços públicos
desertos, os animais selvagens avançam para tudo quanto é lado, como se
estivessem a reclamar um território que já foi seu. Em França, em Portugal, por
todo o mundo, o momento actual tem sido uma época de redenção para a vida
selvagem, que avança sem temores até à soleira das nossas portas, como se já
não existíssemos ou delas nunca mais voltássemos a sair.
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