Talvez por sentir a alta
dele, há quem julgue que o sol, ao trazer consigo o calor, irá acabar com o
coronavírus, esperança infundada face à origem da pandemia que aconteceu bem
perto da linha do equador. O sol não aniquilará o Covid-19, mas dar-nos-á ânimo
para resistir-lhe, esperança em melhores dias vindouros, particularmente a nós
portugueses, há quase mil anos temperados pelo astro-rei. Ontem o sol voltou a
brilhar intensamente e ao fazê-lo realçou a primavera fecunda que invade os
campos, o que nos transportou para célebre canção dos Beatles “Here Comes The
Sun”, que aproveitámos como título para os nossos trabalhos de ontem. Na foto
anterior, tendo como cenário uma sebe aparada e multicolor, vemos os cães em
classe debaixo do comando de “quieto” e, na seguinte, um plano de pormenor onde
constam a Keila, a Nasha e o Soneca.
Nos jardins que nos
rodeiam, como se fizesse parte da paisagem, porque sempre a vemos a saltitar,
destaca-se a nossa “borboleta sem asas” – a Nasha - uma Fila de S. Miguel
treinada e apta para saltar continuamente tudo o que encontrar pela frente,
fazendo-o com alegria, rara beleza e praticamente sem grande esforço.
Cão que é-nos muito
querido, o Soneca voltou ao nosso convívio e às aulas, maroto como sempre e pleno
de alegria, um duende de 4 patas na verdadeiras acessão da palavra. Na foto
abaixo vemo-lo a executar o comando de “Para trás” (recuar). Assim como os
cavalos, que só não recuam se não souberem ensiná-los, também com os cães se
passa o mesmo. Pôr um cão a recuar não é difícil e há muitas maneiras de
fazê-lo. Contudo, o movimento perde o seu sentido e fulgor se os animais não o executarem
alegremente (o pormenor da cauda sempre desnuda se o comando está ser feito com
alegria ou não).
Os Labradores, por razões relativas
à sua selecção e uso, que legitimaram uma morfologia e biomecânica próprias, não
demonstram a mesma disponibilidade atlética visível nos lupinos, vulpinos e lebréis.
Por outro lado, como cães de grande fidelidade e interacção, acusam em demasia
a repreensão e vivem para ser recompensados, pormenores do foro psicológico que
deverão ser considerados na hora de treiná-los, para que não amuem ou ganhem
aversão ao treino. Por causa disto, quantos mais Labradores treinar, melhor
adestrador serei. Na foto abaixo vemos o Soneca a executar um salto sobre a
perna do dono, onde o tão adorado churro se faz presente.
Em poucos dias, porque o
Pedro é exigente consigo mesmo e a cachorra tem demonstrado uma extraordinária
capacidade de aprendizagem, a pequena CPA já assimilou (vale a pena relembrar que tem apenas 5 meses de idade) 6
comandos direccionais, 4 de imobilização e 1 inibitório. Na foto seguinte vemos
o binómio a executar o comando de “deita”.
Entretanto, não muito
distante dali, infatigável e de ânimo inquebrantável, o Soneca continuava a
saltar à volta do dono, a executar saltos sensivelmente a 100 cm do solo, o que
para um Labrador não é muito comum, mas que o nosso faz como se nada fosse com
ele.
Com uma estátua pela
frente, própria para uma moldura, acrescentámos-lhe dois cães para completar o
quadro: a Nasha e o Soneca. Se olharmos para as expressões mímicas do Labrador,
percebemos automaticamente que se encontra desconfortável debaixo daquela
cadeira de bronze, quiçá por precisar de correr e saltar mais amiúde, o que por
enquanto é impossível e remete-o somente para o “passeio higiénico” (a pandemia também anda a tresloucar os cães).
Para alegrar quem passava,
fizemos um túnel humano e pedimos ao CPA Bohr que o atravessasse, trabalho que
executou com grande à vontade. A execução do túnel, já que os condutores tinham
os cães ao seu lado, prestou-se também à sua sociabilização e ao reforço do
comando de “quieto”.
Com os restaurantes
fechados, os seus proprietários tiveram, para não agravar mais a sua situação
económica, que enveredar pelo “Take Way”, política de sobrevivência que não
poderá perdurar por muito mais tempo. Postados à porta e sem encomendas, patrão
e empregadas observavam a nossa passagem. Para trazer-lhes alegria e quebrar a
monotonia, passámos o CPA Bohr para a mão das meninas, enviando-lhes
posteriormente as fotos para mais tarde recordarem.
Como a cadeira de bronze
estava ainda no nosso trajecto, optámos por mandar o Soneca subi-la e colocar
debaixo dela a Keila, porque esta cadela tem estado a responder muito bem ao
comando de “quieto”. Contudo, isso não aconteceu nesta ocasião, dando a Keila a
entender que se tinha enamorado do Labrador. Por detrás dos cães,
lamentavelmente, pode ver-se um anúncio a dizer “liquidação total”, o que
indica mais um loja encerrada e pronta a declarar insolvência.
O “Afilhado do Chefe”,
apesar da sua tenra idade (parece que está mais alto), já executa com a Nasha
exercícios e transposições com alto índice de dificuldade, próprios para
binómios especialistas. Na foto seguinte vemos o binómio numa dessas acções,
com a Nasha a saltar para um pé de candeeiro público com apenas 40 cm de abertura,
40 cm de largura e elevado a 90 cm do solo. A Fila fez aquilo “com um pé às costas” e o
garoto mostrou-se simultaneamente garboso e desafiador.
Como foto de família,
também para aprimorar o “quieto” dos cães, particularmente da Nala, cachorra
que tem dois amores, o seu dono e Patrícia, sentámos os animais ao lado uns dos
outros, para que os mais velhos ajudassem a cachorra a permanecer na figura e
os restantes condutores servissem de reforço à ordem dado pelo seu dono.
No caminho de volta a
casa, o Afonso ainda pediu à Nasha que saltasse um arbusto elevado a 120 cm e
cuja copa tinha um diâmetro de 80 cm. A disponibilidade e à concentração da Fila
são a todos os títulos louváveis. Quanto ao garoto, “faltou-lhe as pernas” e está
por isso atrasado em relação à sua companheira, apesar de não ser fácil acompanhá-la,
porque chega a atingir 45km/h de velocidade instantânea, o que obriga o seu
condutor a adiantar-se na hora da partida para os saltos.
Com a Patrícia
constantemente a esquecer-se das ajudas de mão para valer à Keila nos diferentes
exercícios, não sobrou outro remédio ao Adestrador do que ajudar a cadela a
fazer a chamada certa para entrar ao salto, apesar da Keila pouco ter
colaborado.
Vindas na nossa direcção,
mãe e filha observavam-nos com rara interesse. Viemos a saber que adoravam cães
e que estavam encantadas com o comportamento dos nossos. Inesperadamente, a
filha foi convidada para conduzir o Soneca. O cão portou-se bem e a menina
mostrou-se encantada com a experiência.
Tão encantada que
conseguiu convencer a mãe a juntar-se-lhe num obstáculo humano a ser
ultrapassado pela Nasha. Apesar de ser a primeira vez que a Fila executou um
salto destes em liberdade, tudo correu segundo o esperado e nenhuma das
senhoras saiu dali com as costas arranhadas.
Como quadro primaveril e
como testemunho da beleza que nos cerca, colocámos frente-a-frente a Nasha e o
Soneca, tendo como pano de fundo um canteiro de crisântemos roxo e brancos,
frontais ao café-esplanada de um amigo que não vê a hora de reabri-lo.
No finalzinho da nossa
pequena ronda, exactamente no mesmo local, mas num plano diferente, convidámos
a Patrícia a posar com o CPA Bohr, para que este melhor se adapte a ser
conduzido por uma segunda pessoa quando tal se justificar (situações de socorro
e de emergência).
Participaram nos trabalhos
os seguintes binómios: Afonso/Nasha; Jorge/Soneca; Paulo/Bohr; Patrícia/Keila e
Pedro/Nala. As fotos estiveram ao encargo do Paulo Jorge, o cronograma das
actividades foi respeitado, as metas foram alcançadas e os objectivos
cumpridos. O sol esteve connosco e a primavera seduziu-nos como nunca, mas para
mitigar a transmissão do coronavírus, tivemos que retornar a casa “em passo de
corrida”.
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