domingo, 26 de abril de 2020

HERE COMES THE SUN!

Talvez por sentir a alta dele, há quem julgue que o sol, ao trazer consigo o calor, irá acabar com o coronavírus, esperança infundada face à origem da pandemia que aconteceu bem perto da linha do equador. O sol não aniquilará o Covid-19, mas dar-nos-á ânimo para resistir-lhe, esperança em melhores dias vindouros, particularmente a nós portugueses, há quase mil anos temperados pelo astro-rei. Ontem o sol voltou a brilhar intensamente e ao fazê-lo realçou a primavera fecunda que invade os campos, o que nos transportou para célebre canção dos Beatles “Here Comes The Sun”, que aproveitámos como título para os nossos trabalhos de ontem. Na foto anterior, tendo como cenário uma sebe aparada e multicolor, vemos os cães em classe debaixo do comando de “quieto” e, na seguinte, um plano de pormenor onde constam a Keila, a Nasha e o Soneca.
Nos jardins que nos rodeiam, como se fizesse parte da paisagem, porque sempre a vemos a saltitar, destaca-se a nossa “borboleta sem asas” – a Nasha - uma Fila de S. Miguel treinada e apta para saltar continuamente tudo o que encontrar pela frente, fazendo-o com alegria, rara beleza e praticamente sem grande esforço.
Cão que é-nos muito querido, o Soneca voltou ao nosso convívio e às aulas, maroto como sempre e pleno de alegria, um duende de 4 patas na verdadeiras acessão da palavra. Na foto abaixo vemo-lo a executar o comando de “Para trás” (recuar). Assim como os cavalos, que só não recuam se não souberem ensiná-los, também com os cães se passa o mesmo. Pôr um cão a recuar não é difícil e há muitas maneiras de fazê-lo. Contudo, o movimento perde o seu sentido e fulgor se os animais não o executarem alegremente (o pormenor da cauda sempre desnuda se o comando está ser feito com alegria ou não).
Os Labradores, por razões relativas à sua selecção e uso, que legitimaram uma morfologia e biomecânica próprias, não demonstram a mesma disponibilidade atlética visível nos lupinos, vulpinos e lebréis. Por outro lado, como cães de grande fidelidade e interacção, acusam em demasia a repreensão e vivem para ser recompensados, pormenores do foro psicológico que deverão ser considerados na hora de treiná-los, para que não amuem ou ganhem aversão ao treino. Por causa disto, quantos mais Labradores treinar, melhor adestrador serei. Na foto abaixo vemos o Soneca a executar um salto sobre a perna do dono, onde o tão adorado churro se faz presente.
Em poucos dias, porque o Pedro é exigente consigo mesmo e a cachorra tem demonstrado uma extraordinária capacidade de aprendizagem, a pequena CPA já assimilou (vale a pena relembrar que tem apenas 5 meses de idade) 6 comandos direccionais, 4 de imobilização e 1 inibitório. Na foto seguinte vemos o binómio a executar o comando de “deita”.
Entretanto, não muito distante dali, infatigável e de ânimo inquebrantável, o Soneca continuava a saltar à volta do dono, a executar saltos sensivelmente a 100 cm do solo, o que para um Labrador não é muito comum, mas que o nosso faz como se nada fosse com ele.
Com uma estátua pela frente, própria para uma moldura, acrescentámos-lhe dois cães para completar o quadro: a Nasha e o Soneca. Se olharmos para as expressões mímicas do Labrador, percebemos automaticamente que se encontra desconfortável debaixo daquela cadeira de bronze, quiçá por precisar de correr e saltar mais amiúde, o que por enquanto é impossível e remete-o somente para o “passeio higiénico” (a pandemia também anda a tresloucar os cães).
Para alegrar quem passava, fizemos um túnel humano e pedimos ao CPA Bohr que o atravessasse, trabalho que executou com grande à vontade. A execução do túnel, já que os condutores tinham os cães ao seu lado, prestou-se também à sua sociabilização e ao reforço do comando de “quieto”.
Com os restaurantes fechados, os seus proprietários tiveram, para não agravar mais a sua situação económica, que enveredar pelo “Take Way”, política de sobrevivência que não poderá perdurar por muito mais tempo. Postados à porta e sem encomendas, patrão e empregadas observavam a nossa passagem. Para trazer-lhes alegria e quebrar a monotonia, passámos o CPA Bohr para a mão das meninas, enviando-lhes posteriormente as fotos para mais tarde recordarem.
Como a cadeira de bronze estava ainda no nosso trajecto, optámos por mandar o Soneca subi-la e colocar debaixo dela a Keila, porque esta cadela tem estado a responder muito bem ao comando de “quieto”. Contudo, isso não aconteceu nesta ocasião, dando a Keila a entender que se tinha enamorado do Labrador. Por detrás dos cães, lamentavelmente, pode ver-se um anúncio a dizer “liquidação total”, o que indica mais um loja encerrada e pronta a declarar insolvência.
O “Afilhado do Chefe”, apesar da sua tenra idade (parece que está mais alto), já executa com a Nasha exercícios e transposições com alto índice de dificuldade, próprios para binómios especialistas. Na foto seguinte vemos o binómio numa dessas acções, com a Nasha a saltar para um pé de candeeiro público com apenas 40 cm de abertura, 40 cm de largura e elevado a 90 cm do solo. A Fila fez aquilo “com um pé às costas” e o garoto mostrou-se simultaneamente garboso e desafiador.
Como foto de família, também para aprimorar o “quieto” dos cães, particularmente da Nala, cachorra que tem dois amores, o seu dono e Patrícia, sentámos os animais ao lado uns dos outros, para que os mais velhos ajudassem a cachorra a permanecer na figura e os restantes condutores servissem de reforço à ordem dado pelo seu dono.
No caminho de volta a casa, o Afonso ainda pediu à Nasha que saltasse um arbusto elevado a 120 cm e cuja copa tinha um diâmetro de 80 cm. A disponibilidade e à concentração da Fila são a todos os títulos louváveis. Quanto ao garoto, “faltou-lhe as pernas” e está por isso atrasado em relação à sua companheira, apesar de não ser fácil acompanhá-la, porque chega a atingir 45km/h de velocidade instantânea, o que obriga o seu condutor a adiantar-se na hora da partida para os saltos.
Com a Patrícia constantemente a esquecer-se das ajudas de mão para valer à Keila nos diferentes exercícios, não sobrou outro remédio ao Adestrador do que ajudar a cadela a fazer a chamada certa para entrar ao salto, apesar da Keila pouco ter colaborado.
Vindas na nossa direcção, mãe e filha observavam-nos com rara interesse. Viemos a saber que adoravam cães e que estavam encantadas com o comportamento dos nossos. Inesperadamente, a filha foi convidada para conduzir o Soneca. O cão portou-se bem e a menina mostrou-se encantada com a experiência.
Tão encantada que conseguiu convencer a mãe a juntar-se-lhe num obstáculo humano a ser ultrapassado pela Nasha. Apesar de ser a primeira vez que a Fila executou um salto destes em liberdade, tudo correu segundo o esperado e nenhuma das senhoras saiu dali com as costas arranhadas.
Como quadro primaveril e como testemunho da beleza que nos cerca, colocámos frente-a-frente a Nasha e o Soneca, tendo como pano de fundo um canteiro de crisântemos roxo e brancos, frontais ao café-esplanada de um amigo que não vê a hora de reabri-lo.
No finalzinho da nossa pequena ronda, exactamente no mesmo local, mas num plano diferente, convidámos a Patrícia a posar com o CPA Bohr, para que este melhor se adapte a ser conduzido por uma segunda pessoa quando tal se justificar (situações de socorro e de emergência).
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Afonso/Nasha; Jorge/Soneca; Paulo/Bohr; Patrícia/Keila e Pedro/Nala. As fotos estiveram ao encargo do Paulo Jorge, o cronograma das actividades foi respeitado, as metas foram alcançadas e os objectivos cumpridos. O sol esteve connosco e a primavera seduziu-nos como nunca, mas para mitigar a transmissão do coronavírus, tivemos que retornar a casa “em passo de corrida”.

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