Na sessão matinal de
treino que realizámos ontem tínhamos como metas reforçar o comando de “quieto”,
aumentar a resistência da Nasha e robustecer-lhe o carácter, trabalhos
indispensáveis a três objectivos: a sua condução em liberdade, uma maior
autonomia condicionada e a pronta resposta nas mais variadas circunstâncias. No
treino do “quieto” valemo-nos de toda a estatuária presente na cidade e as outras metas foram vencidas pelos obstáculos que íamos tendo na frente.
Durante a caminhada que
empreendemos deparámo-nos com uns pequenos repuxos no meio de uma praça, local
ideal para colocar a Fila de S. Miguel no seu centro e conservá-la ali pelo
tempo julgado necessário.
Fizemos todas as escadas
que avistámos na procura da melhoria dos ritmos vitais da cadela, que se
encontra cada vez mais musculada e decidida, com uma envergadura de fazer
inveja e com um manto que resplandece ao sol.
Nesta viagem pela cidade
juntámo-la a uma estátua encostada a uma estrada muito concorrida, para que se
acostume ao trânsito automóvel, não fuja para a estrada e permaneça no lugar
onde a deixaram.
Valemo-nos de um banco de
jardim, rodeado de calçada à portuguesa, para executar o comando de “abaixo”,
tarefa que a Nasha executou à primeira mas com alguma dificuldade, devido à
pouca altura que separava o banco da calçada.
A determinada altura do percurso
demos de caras com uma mota, veículo pouco apreciado pelos cães em geral.
Perante tamanha oportunidade e querendo familiarizar a cadela com aquele
veículo, deixámo-la sentada ao seu lado.
Mais à frente, quando nada
parecia vir ao encontro dos nossos desejos, encontrámos um banco colectivo que
se encontrava vazio, ocasião em que o transformámos em “Mesa Alemã” e
convidámos a Fila a subi-lo.
Como no meio do banco se
encontrava uma estátua de uma senhora bem gordinha, mandámos a Nasha deitar-se
ao seu lado por alguns momentos, debaixo do cuidado de permanecer quieta e
atenta ao seu jovem condutor.
Avistámos uns pinos,
daqueles que impedem os carros de estacionar em cima dos passeios, e fizemos
deles um slalom. O exercício era de fácil execução porque a distância entre
pinos atingia os 2 metros.
Como preparação para
outros exercícios que ainda iríamos fazer, colocámos a cadela sentada ao lado
da estátua de um conhecido actor já falecido, como se o animal fizesse parte do
monumento ali levantado.
Tirando partido das costas
de um banco que se encontravam em projecção negativa, convidámos a Nasha para
ultrapassá-las, sendo este o primeiro obstáculo desta categoria que venceu e
que a obrigou a maior concentração.
Numa pequena e graciosa
praça, a lembrar os becos medievais, encontrámos mais uma estátua feminina obesa,
cuja senhora se encontrava encostada a uma cadeira. A cadeira elevava-se do
solo 1 metro e num ápice a cadela vermelha foi parar lá em cima.
E já que estava lá em cima
e bem instalada, a observar calmamente tudo ao seu redor, optámos por sentá-la
ali, certos que descansaria um pouco e se libertaria do stress que a cidade
tem e transmite em demasia, tanto para cães como para pessoas.
Ao passarmos por um parque
infantil, sem corrermos o risco de magoar alguma criança, mandámos a Fila
saltar um pequeno baloiço em forma de animal, desafio que ela aceitou
prontamente e que executou com naturalidade.
Para pouparmos as patas do
animal, íamos alternando os pisos durante a caminhada, combinando os de calçada
e alcatrão com os relvados. Num dos últimos aproveitámos para tirar uma foto às
armas da cidade com a cadela nelas empoleirada.
Para não fugir ao mote,
porque mais à frente descansava um escudo monárquico sobre a relva, mandámos a
Nasha deitar-se na sua frente, não tanto por necessidade operacional, mas para
lembrar que aquela escultura, pelo seu valor histórico, não deveria estar ali
sujeita às intempéries e à urina dos cães.
De volta à calçada, vimos
uns pinos interligados entre si por pedaços de corrente, composição que serviu
de introdução às verticais cruas. A Nasha não executou o salto à primeira,
fracasso que se ficou a dever aos erros do seu condutor, que partiu com
velocidade a mais, o que impossibilitou a cadela de ver a linha de transposição
do obstáculo. A correcção dos erros viria a resultar em sucesso.
Mais
para descontrair o animal, convidámos a Fila para passear sobre um banco de
pedra ogival elevado a 50 cm do solo e com igual largura. Quando se trabalha na
cidade, visando a adaptação canina, convém ir variando a natureza dos
obstáculos, intercalando os mais fáceis com os mais difíceis.
Num pequeno túnel que liga
uma rua medieval a uma praça moderna, encontrámos várias caixas de
electricidade, que normalmente servem-nos de mesa ou de Pódio. Dando
seguimento à tradição, mandámos a Nasha saltar duas delas.
No meio da nossa azáfama
ainda tivemos tempo para ir visitar um amigo, senhor simpático e de trato
afável que gere um negócio de plantas ornamentais com a esposa. Como o Afonso
chegou cansado, logo apareceu uma cadeira para se sentar.
Depois de muito treinar o “quieto”
junto às estátuas, fomos aplicá-lo junto às lojas onde os cães são obrigados a
ficar à porta, por não poderem entrar. A primeira loja a ser visitada foi uma
sapataria, apesar do Afonso não necessitar de nenhum par de sapatos!
Como tudo correu conforme
o esperado, pedimos depois ao jovem que entrasse numa livraria, por sinal em
saldos, e se inteirasse das obras à venda junto do empregado da loja,
cavalheiro que se mostrou muito solícito. Escusado será dizer que a Nasha
cumpriu.
No finalzinho, como dizem
os nossos irmãos que têm a mata a arder, quando já não esperávamos, chocámos
com uma Pick-Up das obras municipais. Depois de buscarmos autorização,
ensinámos a Nasha a saltar para dentro dela e a cadela nem hesitou.
Depois ensinámo-la a
passar por debaixo daquela viatura, tarefa que depressa venceu e que executou
em liberdade, apesar de desconhecer o local, a viatura e o ambiente circundante
(esta Fila não pára de surpreender-nos).
E assim terminámos a aula
matinal do dia de ontem, cansados mas satisfeitos, porque cumprimos com o que
havíamos estabelecido previamente.
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