quinta-feira, 22 de agosto de 2019

A SOCIABILIZAÇÃO DA NASHA E A HISTÓRIA DE UMA MÃE QUE PODIA CHAMAR-SE CORAGEM

Falemos primeiro da sociabilização da Nasha, a Fila de S. Miguel vermelha que constitui binómio com o Afonso, que para além da sociabilização irrefutável que lhe é exigida, está agora a aprender a andar em liberdade. Estas metas têm como objectivo dotar a cadela da esperada autonomia condicionada. Quanto à “mãe coragem” falaremos mais adiante e dela é a foto acima. Os trabalhos matinais de ontem começaram com o binómio Afonso/Nasha e logo pela condução em liberdade.
Depois de algumas voltas efectuadas em liberdade e a pensar na desejada sociabilização, optámos por atrelar a Fila para que se acostumasse a andar entre crianças e trotinetas, trabalho que a cadela efectuou com grande tranquilidade e alguma indiferença.
Dando continuação à sociabilização da Nasha, acabámos por convidar uma senhora ucraniana a conduzi-la, convite que foi imediatamente aceite com muita descontracção e alegria. A mudança de condutor, do Afonso para a senhora, provocou alguma estranheza inicial na cadela, que meia-dúzia de passos à frente deixou de existir.
É chegada a hora de falarmos da “mãe coragem”, senhora que alcunhámos assim e que nada tem a ver com a peça teatral “Mãe Coragem e os Seus Filhos” ou com o seu autor, o poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht, cuja visão histórica, ideologia e modelo de sociedade não partilhamos, mas com uma mãe que carregava ao peito um bebé com um mês de idade (Pedro) e que assistia interessada ao treino. Perguntámos-lhe se queria conduzir a Nasha ao nosso lado e ela acedeu.
Perante o acerto da senhora e a disponibilidade da cadela, deixámo-las evoluir momentaneamente sozinhas, certos de que conseguiriam desenvencilhar-se sem maiores dificuldades, ao ponto de se constituírem num binómio, o que veio a acontecer debaixo de algumas cautelas.
Convencidos do grau de sociabilização da Nasha e apostados no seu robustecimento, pedimos à “mãe coragem” que conduzisse a Fila com a sua pequena e irrequieta filha ao lado, não resultando disso qualquer problema ou incómodo para a condutora e para a cadela.
Espantados com a disponibilidade da senhora, ousámos pedir-lhe que conduzisse duas cadelas em simultâneo, pedido a que acedeu naturalmente e tarefa que executou irrepreensivelmente?!
Durante um momento de supercompensação travámos diálogo com uma pessoa conhecida, homem que recentemente tinha adquirido duas Grand Danois vindas do Porto, animais agora com 7 meses de idade, rotuladas de tontas, ainda por atrelar e consequentemente avessas à condução à trela. Como as cachorras se encontravam alojadas ali perto, pedimos-lhe que as trouxesse, que de imediato as atrelaríamos. A primeira que nos chegou foi a arlequim, que inserida na classe escolar, bem depressa aceitou e aprendeu a andar à trela.
Certos da adaptação da cachorra, passámo-la para as mãos do Afonso, que a partir daquele momento passou inesperadamente a conduzir mais uma cadela, tarefa que veio a revelar-se fácil.
Uma vez atrelada a cachorra arlequim, foi-nos confiada a preta para o mesmo fim, animal que saiu das nossas mãos sem puxar e a aceitar as nossas indicações direccionais. A pronta adequação das cadelas levou o dono inscrevê-las na escola e terão hoje a sua primeira lição.
Confiantes no nosso trabalho, passámos as cachorras para as mãos do dono. Na imagem seguinte é possível vê-lo a conduzir acertadamente (ainda que curvado) a pequena Grand Danois negra no meio de outros binómios escolares.
E para fechar com chave de ouro esta sessão do treino, convidámos a “mãe coragem” mais uma vez, não para conduzir uma Fila já ensinada, mas para se entender com uma Grand Danois recém-atrelada! E não é que a matriarca deu bem conta do recado!
Perguntar-nos-ão porque lhe chamámos “mãe coragem”. Seria pela sua abnegação em pegar naqueles cães para ela desconhecidos? Nada disso, apesar de termos sido surpreendidos pela sua incondicionalidade. “MÃE CORAGEM” porque tem dois filhos, não é rica e ainda pensa ter um terceiro, o que é cada vez mais raro nos tempos que correm.
Para o sucesso deste treino matinal, para além do Afonso, muito contribuiu a Svetlana, que acabou por conduzir em conjunto ou isoladamente os Filas de S. Miguel Ben e Lexa.
Daqui a pouco estaremos a iniciar uma nova sessão de treino, que esperamos ser tão proveitosa como esta que acabámos de narrar.

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