Quando era menino não
conseguia imaginar o JARDIM
DO EDÉN, mas depois de conhecer o Brasil, fiquei com uma ideia
mais aproximada de como seria. E se há uma terra a qual se poderá chamar
paraíso, essa será a de VERA
CRUZ,
terra imensa e surpreendente quadro de aguarelas. E, ao contrário do que por aí
se diz, pátria de gente simples, valente e generosa, que de tão ingénua que é, contenta-se
com tão pouco sem perder o sorriso e a esperança.
A Amazónia está arder e
todos sofremos com isso, o Brasil e o Mundo, nada será como dantes! Se o fogo naquela
grande floresta está a pôr em risco muitas espécies, um predador igualmente
perigoso está a cometer um dano ambiental massivo nas reservas e parques
naturais brasileiros – o cão, que é hoje um dos mais prejudiciais predadores
evasivos do mundo, cujo número já ronda os mil milhões. Não há dúvida: o número
de cães cresce na mesma medida em que muitas espécies correm o risco de
extinção.
No Brasil, beneficiando da
sua grande adaptabilidade e do facto de caçarem em matilha, os cães são mais
fortes que os predadores nativos (raposas e grandes felinos), deslocando-os das
reservas naturais e dos parques nacionais, já que o seu número excede muitas
vezes o dos pumas e ocelotes (maracajá, jaguatirica, gato-do-mato, jacatirica).
Cientistas estimam que existam mais de 100 cães caçadores no Parque Nacional da
Tijuca, nos arredores do Rio de Janeiro.
Para que não restem
dúvidas, basta dizer que Ana Maria Paschoal, cientista da Universidade Federal
de Minas Gerais, ao monitorar 2400 hectares de floresta com câmeras
automáticas, descobriu que o cão não era apenas o maior predador da região, era
o mamífero mais abundante na floresta! Todos os cães captados pelas câmeras
tinham dono e eram apenas caçadores em part-time, oriundos de comunidades
pobres e rurais cujos donos não têm como alimentá-los adequadamente. Forçados
pela fome, estes animais vagueiam pela floresta dia e noite à procura de
alimento, regressando a casa quando os seus donos voltam do trabalho. A bióloga
brasileira Katyucha Silva descobriu que os animais da Floresta da Tijuca são
dizimados por cães das favelas.
A exemplo do sucedido no
século passado, em que a espécie aumentou humana vertiginosamente e espalhou-se
por todo o mundo, alcançando santuários naturais até ali intocáveis, levando consigo
o cão, também agora, com o infiltração humana nas florestas brasileiras, os
cães seguirão os seus donos e estabelecerão grandes áreas de caça ao redor dos
assentamentos, invadindo as áreas protegidas imediatamente à sua frente, não
tendo a fauna nativa como opor-se-lhes. E para quem gosta de números , aqui vai
a dimensão do desastre: A União Internacional para a Conservação da Natureza
estima que 191 espécies estão em perigo de extinção devido aos cães. Como se
isto não bastasse, um estudo australiano de 2017 publicou um ranking dos
mamíferos mais nocivos, ficando os cães em terceiro lugar, atrás de gatos e
roedores.
Diante destes desastres,
que não são exclusivo do Brasil, e em abono de toda a Humanidade, os
brasileiros terão que escolher entre viver ou morrer e levar o Mundo atrás de
si. Relembro aqui uma estrofe do Hino Brasileiro que gostaria de ver cumprida: Do que a
terra mais garrida/ Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;/ "Nossos
bosques têm mais vida",/"Nossa vida" no teu seio "mais amores".
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