Segundo anunciou ontem a NEWS18.COM,
agência indiana de informação, a presença inusitada de cães vadios na pista de
aterragem no Aeroporto Internacional de Goa Dabolim, obrigou um avião de
passageiros da Air India, vindo de Mumbai, a abortar no último minuto a sua
aterragem ali, de acordo com um comunicado da Marinha Indiana que controla o
tráfego aéreo no aeroporto de Goa, o único aeroporto regional e internacional
deste estado indiano. Felizmente que ninguém se aleijou.
Toda a gente sabe dos
problemas que enfrentam as linhas aéreas indianas e as companhias aéreas que
voam para a Índia por conta dos cães vadios (abandonados), mas o que a maioria
dos portugueses não sabe é que o aeroporto de Goa foi construído pelo Governo-Geral
do Estado Português da Índia e inaugurado em 1951, construção inserida no plano
de desenvolvimento das instalações aeroportuárias de Goa, Damão e Diu, com o
objectivo de permitir que estes territórios melhorassem as suas comunicações
aeronáuticas contrariando o bloqueio a que estavam a ser sujeitos pelas
autoridades da União Indiana.
Este aeroporto tornou-se
então na principal base dos TAIP – Transportes Aéreos da Índia Portuguesa
(inicialmente STAIP), empresa de transporte aéreo criada na mesma altura, que
operou a partir do Estado Português da Índia (EPI) entre 1955 e 1961. A criação
dos TAIP foi acompanhada pelo desenvolvimento das estruturas aeroportuárias de
Goa, Damão e Diu para permitirem a operação de aeronaves de grande dimensão, possibilitando
assim as ligações aéreas destes territórios sem necessidade de qualquer uso de
infra-estruturas pertencentes à União Indiana.
Em Dezembro de 1961
aconteceu a anexação de Goa por parte da União Indiana, processo que levou à
anexação dos antigos territórios do Estado Português da Índia de Goa, Damão e
Diu. Esta invasão da União Indiana começou com uma intervenção militar realizada
pelas suas forças armadas e foi cognominada pelos ocupantes indianos por “Libertação de Goa”. Como consequência da invasão, o Aeroporto de Goa foi
pesadamente bombardeado pela Força Aérea Indiana, ficando a pista e outras
infra-estruturas seriamente danificadas. Em 1962 este aeroporto foi ocupado
pela Marinha Indiana, que o usa desde então como base aeronaval.
A história deste
aeroporto, como de resto toda a história do Estado Português da Índia, não
deverão pertencer ao capítulo das histórias que o tempo levou, porque seria
ingrato não honrar aqueles que por lá derramaram, literalmente, sangue, suor e
lágrimas ao longo de 456 anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário