quarta-feira, 14 de agosto de 2019

IA ACONTECENDO UMA TRAGÉDIA NUM AEROPORTO QUE JÁ FOI NOSSO

Segundo anunciou ontem a NEWS18.COM, agência indiana de informação, a presença inusitada de cães vadios na pista de aterragem no Aeroporto Internacional de Goa Dabolim, obrigou um avião de passageiros da Air India, vindo de Mumbai, a abortar no último minuto a sua aterragem ali, de acordo com um comunicado da Marinha Indiana que controla o tráfego aéreo no aeroporto de Goa, o único aeroporto regional e internacional deste estado indiano. Felizmente que ninguém se aleijou.
Toda a gente sabe dos problemas que enfrentam as linhas aéreas indianas e as companhias aéreas que voam para a Índia por conta dos cães vadios (abandonados), mas o que a maioria dos portugueses não sabe é que o aeroporto de Goa foi construído pelo Governo-Geral do Estado Português da Índia e inaugurado em 1951, construção inserida no plano de desenvolvimento das instalações aeroportuárias de Goa, Damão e Diu, com o objectivo de permitir que estes territórios melhorassem as suas comunicações aeronáuticas contrariando o bloqueio a que estavam a ser sujeitos pelas autoridades da União Indiana.
Este aeroporto tornou-se então na principal base dos TAIP – Transportes Aéreos da Índia Portuguesa (inicialmente STAIP), empresa de transporte aéreo criada na mesma altura, que operou a partir do Estado Português da Índia (EPI) entre 1955 e 1961. A criação dos TAIP foi acompanhada pelo desenvolvimento das estruturas aeroportuárias de Goa, Damão e Diu para permitirem a operação de aeronaves de grande dimensão, possibilitando assim as ligações aéreas destes territórios sem necessidade de qualquer uso de infra-estruturas pertencentes à União Indiana.
Em Dezembro de 1961 aconteceu a anexação de Goa por parte da União Indiana, processo que levou à anexação dos antigos territórios do Estado Português da Índia de Goa, Damão e Diu. Esta invasão da União Indiana começou com uma intervenção militar realizada pelas suas forças armadas e foi cognominada pelos ocupantes indianos por “Libertação de Goa”. Como consequência da invasão, o Aeroporto de Goa foi pesadamente bombardeado pela Força Aérea Indiana, ficando a pista e outras infra-estruturas seriamente danificadas. Em 1962 este aeroporto foi ocupado pela Marinha Indiana, que o usa desde então como base aeronaval.
A história deste aeroporto, como de resto toda a história do Estado Português da Índia, não deverão pertencer ao capítulo das histórias que o tempo levou, porque seria ingrato não honrar aqueles que por lá derramaram, literalmente, sangue, suor e lágrimas ao longo de 456 anos.

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