quarta-feira, 28 de agosto de 2019

OS “I HAVE NO WORDS” E O ADESTRAMENTO

Está na moda dizer-se “EU NÃO TENHO PALAVRAS” quando as pessoas não encontram explicação para descrever algo ocorrido, são parcas em expressar-se ou têm dificuldade em fazê-lo, por inibição própria, sobrecarga ou descontrolo emocional. Indivíduos por demais inibidos, ao ponto de evitarem as palavras, irão sentir dificuldades acrescidas no adestramento, porque ensinar cães é aprender a expressar-se através de palavras, posturas e gestos.
Esta dificuldade não abrange apenas uma minoria dos instruendos humanos (condutores/líderes), ela é comum à maioria das pessoas que chegam às escolas caninas a pensar que vão treinar o seu cão, quando na verdade, sem disso darem conta, vêm beneficiar da terapia que o seu amigo de 4 patas tem para lhes oferecer, o que à partida parece estranho mas não é, porque o sucesso do adestramento irá depender em larga medida da prestação dos donos, que saem das escolas caninas mais confiantes e com a auto-estima em alta, depois de aprenderem a expressar-se.
Avaliando as coisas por este prisma, podemos dizer que o adestramento comporta 3 fases: a primária, a cúmplice e a profissional ou semiprofissional. O treino na primeira fase assenta maioritariamente na linguagem verbal, nas palavras, cuja entoação, intensidade e volume deverão ser capazes de produzir alteração ou novidade no comportamento dos cães. Na segunda fase, a cúmplice, as posturas dos condutores  irão reforçar a linguagem verbal, facilitando a concentração canina e servindo também, conforme os casos, de incentivo e travamento. Na última fase, a semiprofissional ou profissional, a linguagem gestual (mímica) vem em auxílio das palavras e das posturas, podendo inclusive substituí-las nos comandos ou contactos à distância, fazer uso da autonomia condicionada canina e ser capaz de efectuar progressões silenciosas e dissimuladas.
Nada disto seria possível se não soubéssemos compreender e fazer-nos entender. Podemos evitar as palavras e os gestos no adestramento? Podemos, mas se nos amarrarem de pés e mãos como chamaremos os cães? “TER PALAVRAS” no adestramento pode garantir o nosso e o socorro de outrem.

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