terça-feira, 27 de agosto de 2019

NEW YORK BLUE-GREEN

Nova Iorque está a lutar contra uma praga de algas que pode ser fatal para crianças e cães, que está a invadir os seus mundialmente famosos parques, destinos turísticos populares e locais de recreação e retiro para os habitantes da cidade que nunca dorme. Agora, no final do Verão, um tapete de lama verde-azulada afasta pessoas e animais das suas águas. Os avisos são mais que muitos e o Departamento de Parques e Recreação fez saber que as algas já tomaram conta dos seguintes lagos e lagoas no Central Park: A Lagoa das Tartarugas e o Mar de Harlem ao norte; o Pequeno Lago de Morningside Park, em Manhattan e o Lago em Prospect Park, no Brooklin. Por todo o lado se lê o mesmo aviso: “Por favor, não nade nos nossos lagos e lagoas e não deixe que os seus filhos e animais de estimação entrem ou bebam das suas águas”.
As já conhecidas algas verde-azuladas, há muito rotuladas por cianobactérias (também as temos por cá) contêm toxinas capazes de causar irritação da pele e das membranas mucosas, bem como causar conjuntivite. A sua ingestão resulta geralmente em náuseas e vómitos, nos casos mais graves em febre, danos no fígado ou paralisia dos músculos respiratórios. A ingestão de grandes quantidades de água contaminada pode ser fatal para as crianças mais pequenas. Também os cães que lambem as toxinas nos seus pêlos ou comem restos lavados naquela podem perecer.
As cianobactérias são encontradas em todas as águas e em todas as estações do ano, ainda que mantenham uma espécie de hibernação no Inverno. Elas começam a crescer quando os termómetros marcam 10º celsius e à medida que a temperatura sobe (este Verão tem sido particularmente quente em Nova York) mais rápido as bactérias se espalham, tornando-se nocivas quando alcançam a plena floração na água. A partir daí, as bactérias constituem-se em colónias e espalham-se pela superfície das águas. Este ano, mais precisamente em Junho e pela primeira vez, níveis alarmantes de algas verde-azuladas apareceram no Estado de New Jersey. No mês seguinte, a lama verde emergiu nos lagos do noroeste dos Estados Unidos e atingiu de toda a costa do Mississippi, o que levou à interdição de muitas praias populares norte-americanas.
No início deste mês, três cães morreram no Estado da Carolina do Norte depois de terem nadado num lago poluído com algas azuis. A intoxicação dos lagos nova-iorquinos por cianobactérias resulta das áreas urbanas da cidade conterem uma enorme variedade de nutrientes próprios para o crescimento bacteriano, como a existência de restos de comida e de canos de esgoto. Como facilmente se antevê, há nisto tudo uma conexão com o aquecimento global, já que a intensidade das actuais pragas de algas é bastante incomum. Esta é também a opinião da New York State Department of Environmental Conservation, agência que atribui o fenómeno às alterações climáticas ao dizer: “Há uma correlação entre as alterações climáticas e a crescente intensidade das florações na água".
Para Nova Iorque é raro ir-se com cães atrás, mas haver aqui cianobactérias é bastante comum. Antes de tomar banho certifique-se da qualidade da água, afaste os seus filhos e animais de lagos e lagoas que não lhe inspirem confiança e não se banhe ou beba água em praias fluviais não vigiadas. Os nossos maiores rios e os mais recônditos do interior apresentarão em alguma parte cianobactérias ou radioactividade? Eu quero crer que não, mas também sei que as questões relativas à qualidade da água ficaram fora da “CONVENÇÂO DE ALBUFEIRA(1), assinada pelos Governos de Lisboa e Madrid.
(1)A Convenção de Albufeira, aconteceu no final de Novembro de 1998 e entrou em vigor em Janeiro de 2000. É uma convenção sobre a cooperação para a protecção e o aproveitamento sustentável das águas das bacias hidrográficas Luso-Espanholas, assinada pelos representantes dos dois países. Nela se definiram as normas para a protecção e o desenvolvimento sustentável das águas transfronteiriças, criando a Comissão para a Aplicação e o Desenvolvimento da Convenção (CADC), sede adequada à coordenação da gestão das águas dos rios comuns.

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