Nova Iorque está a lutar
contra uma praga de algas que pode ser fatal para crianças e cães, que está a
invadir os seus mundialmente famosos parques, destinos turísticos populares e
locais de recreação e retiro para os habitantes da cidade que nunca dorme.
Agora, no final do Verão, um tapete de lama verde-azulada afasta pessoas e
animais das suas águas. Os avisos são mais que muitos e o Departamento de
Parques e Recreação fez saber que as algas já tomaram conta dos seguintes lagos
e lagoas no Central Park: A Lagoa das Tartarugas e o Mar de Harlem ao norte; o
Pequeno Lago de Morningside Park, em Manhattan e o Lago em Prospect Park, no
Brooklin. Por todo o lado se lê o mesmo aviso: “Por
favor, não nade nos nossos lagos e lagoas e não deixe que os seus filhos e
animais de estimação entrem ou bebam das suas águas”.
As já conhecidas algas
verde-azuladas, há muito rotuladas por cianobactérias (também as temos por cá)
contêm toxinas capazes de causar irritação da pele e das membranas mucosas, bem
como causar conjuntivite. A sua ingestão resulta geralmente em náuseas e vómitos,
nos casos mais graves em febre, danos no fígado ou paralisia dos músculos
respiratórios. A ingestão de grandes quantidades de água contaminada pode ser
fatal para as crianças mais pequenas. Também os cães que lambem as toxinas nos
seus pêlos ou comem restos lavados naquela podem perecer.
As cianobactérias são
encontradas em todas as águas e em todas as estações do ano, ainda que mantenham
uma espécie de hibernação no Inverno. Elas começam a crescer quando os
termómetros marcam 10º celsius e à medida que a temperatura sobe (este Verão
tem sido particularmente quente em Nova York) mais rápido as bactérias se
espalham, tornando-se nocivas quando alcançam a plena floração na água. A
partir daí, as bactérias constituem-se em colónias e espalham-se pela
superfície das águas. Este ano, mais precisamente em Junho e pela primeira vez,
níveis alarmantes de algas verde-azuladas apareceram no Estado de New Jersey. No
mês seguinte, a lama verde emergiu nos lagos do noroeste dos Estados Unidos e atingiu
de toda a costa do Mississippi, o que levou à interdição de muitas praias
populares norte-americanas.
No início deste mês, três
cães morreram no Estado da Carolina do Norte depois de terem nadado num lago
poluído com algas azuis. A intoxicação dos lagos nova-iorquinos por
cianobactérias resulta das áreas urbanas da cidade conterem uma enorme variedade
de nutrientes próprios para o crescimento bacteriano, como a existência de
restos de comida e de canos de esgoto. Como facilmente se antevê, há nisto tudo
uma conexão com o aquecimento global, já que a intensidade das actuais pragas
de algas é bastante incomum. Esta é também a opinião da New York State Department
of Environmental Conservation, agência que atribui o fenómeno às alterações
climáticas ao dizer: “Há
uma correlação entre as alterações climáticas e a crescente intensidade das
florações na água".
Para
Nova Iorque é raro ir-se com cães atrás, mas haver aqui cianobactérias é
bastante comum. Antes de tomar banho certifique-se da qualidade da água, afaste
os seus filhos e animais de lagos e lagoas que não lhe inspirem confiança e não
se banhe ou beba água em praias fluviais não vigiadas. Os nossos maiores rios e
os mais recônditos do interior apresentarão em alguma parte cianobactérias ou
radioactividade? Eu quero crer que não, mas também sei que as questões
relativas à qualidade da água ficaram fora da “CONVENÇÂO
DE ALBUFEIRA”(1), assinada pelos Governos de Lisboa e Madrid.
(1)A Convenção de Albufeira, aconteceu no
final de Novembro de 1998 e entrou em vigor em Janeiro de 2000. É uma convenção
sobre a cooperação para a protecção e o aproveitamento sustentável das águas
das bacias hidrográficas Luso-Espanholas, assinada pelos representantes dos
dois países. Nela se definiram as normas para a protecção e o desenvolvimento
sustentável das águas transfronteiriças, criando a Comissão para a Aplicação e
o Desenvolvimento da Convenção (CADC), sede adequada à coordenação da gestão
das águas dos rios comuns.
Sem comentários:
Enviar um comentário