sábado, 31 de agosto de 2019

MORRER DE RAIVA EM KARACHI

Em Karachi, capital financeira do Paquistão, nos últimos 8 meses, 14.000 pessoas foram atacadas por cães vadios, o que não tem sido fácil para o município local, que se vê obrigado a enfrentar a raiva pública e as organizações a favor dos direitos doa animais. No passado recente, os hospitais da cidade sofreram um afluxo de homens e mulheres com ferimentos de bala, obra dos Taliban, dos seus representantes e de outros grupos políticos. Apesar da taxa de criminalidade na cidade ter diminuído significativamente de 2013 até agora, a cidade enfrenta agora uma nova ameaça – os ataques caninos. Numa metrópole com 20 milhões de habitantes, a superlotação de cães abandonados nas ruas tem gerado um sem número de matilhas que perseguem carros, derrubam motociclistas e cavalos, atacam pedestres e crianças em idade escolar. Como consequência, as pessoas diagnosticadas com raiva são comuns em Karachi.
O número de vítimas foi maior ano transacto, com os hospitais a tratar 18.000 casos de raiva causados por cães mordazes. Os especialistas suspeitam que o número das vítimas seja bem maior, já que muitos casos são tratados em clínicas particulares, por curandeiros espirituais e homeopatas (infelizmente algumas vítimas já morreram). Como não existem vacinas anti-rábicas nos subúrbios de Karachi e na totalidade das áreas rurais da Província de Sind, os doentes encaminhados para os principais hospitais de Karachi chegam ali em estado crítico. A ocorrência das doze mortes relacionadas com a raiva, acontecidas nos últimos oito meses, já começam a pesar no discurso político do país, nomeadamente no do Partido Democrata de Pasban, que exige do Governo uma “emergência da raiva” e que garanta o fácil acesso da população às vacinas anti-rábicas.
A maioria da população desconhece o risco da raiva quando é mordida por cães vadios ou não procura o tratamento adequado para a sua prevenção. O vírus da raiva ataca o sistema nervoso central, despoleta agressividade incontrolável, provoca alucinações e medo da água. Apesar da raiva ser endémica no Paquistão, o seu combate tem-se revelado ineficaz. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a doença não mostra sinais de diminuição em Karachi por falta dos sistemas de vigilância, ausência de colaboração entre os diferentes hospitais e os departamentos administrados pelo governo, assim como o acesso limitado às vacinas anti-rábicas e às imunoglobulinas actualizadas. Diante deste cenário, que mantém os moradores atemorizados, teme-se que o número de vítimas possa subir futuramente e que as crianças venham a ser o principal alvo dos cães vadios, já que o município não conseguiu controlar o seu crescimento.
Os activistas locais dos Direitos Cívicos acreditam que a existência de lixo por toda a parte, ao ponto de se encontrarem pilhas dele nas estradas, é o que mais contribui para o problema, porque os cães vadios dependem dele para sobreviver. Para justificar o seu ponto de vista, estes activistas adiantaram que “Nos países que têm o lixo guardado em caixas e que limpam-nas regularmente, o número de cães vadios é menor”. As autoridades de Karachi estão num impasse e não sabem qual medida tomar, se hão-de vacinar, castrar ou abater aqueles cães (até há pouco tempo os funcionários municipais distribuíam frango envenenado para matar os cães vadios).
Exceptuando o abate dos cães, as restantes soluções só poderão ser postas em prática com o auxílio internacional, normalmente encabeçado por uma ou mais ONG’s. Decididamente Karachi não é uma cidade amiga de cães, apesar do problema ser mais vivido nos bairros menos favorecidos desta grande cidade. Se eu tivesse que ir a Karachi, mesmo que uma grande fortuna me esperasse, por todas as razões deste mundo, pagaria a quem lá fosse por mim!

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

HÁ QUEM NÃO O FAÇA POR MENOS!

O aumento do número de cães por toda a parte tem suscitado a revolta daqueles que não os podem ver ou ouvir, indivíduos que não olham a meios para afastá-los da sua porta. Este Verão já tivemos notícia de vários engodadores e envenenadores, mas nada comparado com o que aconteceu na semana passada, na área arborizada da praia de Zippendorf, perto de Schwerin, no Estado Alemão de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, onde uma senhora de 50 anos, depois de libertar o seu cão da trela, um cruzado de Pastor Alemão, acabou por vê-lo preso numa armadilha vulgarmente usada para caçar ursos e lobos, semelhante à que abaixo adiantamos.
Quem conhece estas armadilhas sabe a potência que têm e o quanto são dolorosas, capazes inclusive de amputar um membro ao animal caçado. Miraculosamente o cão não perdeu a perna e encontra-se bem melhor. A armadilha estava perto de um restaurante e a polícia está agora a investigar as possíveis violações à Lei Federal de Caça e a respeitante ao Bem-Estar Animal, adiantando que armadilhas daquele tipo são ilegais na Alemanha.
Custa-me a crer que uma armadilha assim fosse destinada aos cães. O mais certo seria destinar-se a um teimoso e esfomeado animal de maior porte, como um urso, um lobo ou javali, que nesta altura do ano sofrem alguma escassez de alimentos, não hesitando por isso em procurar comida nos caixotes do lixo, alertados pelos odores da desejada comida humana. De qualquer modo, quem montou a armadilha deverá estar afectado de grave patologia, por colocá-la numa estância balnear, onde não faltam turistas a passear, crianças a brincar e cães a correr desalmadamente. Repetimos mais uma vez o mesmo conselho neste Verão – respeite a lei, circule com o seu cão atrelado e evite ao máximo soltá-lo.

UMA PIADA MORDAZ

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O Ranking semanal dos textos mais lidos obedeceu à seguinte preferência:
1º _ OS FALSOS PASTORES ALEMÃES, editado em 24/02/2015
2º _ O CANIL, editado em 29/12/2009
3º _ ESTIVEMOS ONTEM COM OS HOMENS E MULHERES DE AMANHÃ, editado em 25/08/2019
4º _ ENQUANTO A AMAZÓNIA ARDE, OS CÃES ACABAM COM O RESTO, editado em 26/08/2019
5º _ VIVER E APRENDER NA CIDADE, editado em 29/08/2019
6º _ COYWOLF: UM HÍBRIDO COM MUITO QUE CONTAR, editado em 08/09/2016
7º _ DE VOLTA À CIDADE, editado em 27/08/2019
8º _ É POUCO CONHECIDO E NÃO APRESENTA DIMORFISMO SEXUAL, editado em 29/02/2016
9º _ HÍBRIDO DE CHOW-CHOW/PASTOR ALEMÃO: MÁQUINA OU DESASTRE?, editado em 11/05/2016
10º _ ENQUANTO OUTROS DORMEM…, editado a 26/08/2019

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

O TOP 10 semanal de leitores por país ficou assim ordenado:
1º Brasil, 2º Portugal, 3º Estados Unidos, 4º Reino Unido, 5º Alemanha, 6º Irlanda, 7º Região Desconhecida, 8º Espanha, 9º Moçambique e 10º Albânia.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA

Há cerca de uma hora atrás, a agência regional de notícias MURCIATODAY.COM adianta que pelo menos quatro cães já foram envenenados na PLAYA de LAS MORERAS, perto do acampamento de BOLNUEVO na Região de Múrcia, Espanha. Moradores e turistas próximos à praia de Bolnuevo, a alguns quilómetros do Puerto de Mazarrón, alertam que alguém parece estar a envenenar cães na região. O APROAMA, grupo de protecção animal de Mazarrón, relata que um veterinário local lidou com três casos de intoxicação casados por cães que ingeriram veneno naquela praia, felizmente todos sobreviveram. Contudo, fica claro que estes casos não podem ser tratados como incidentes isolados. Por outro lado, um visitante do Acampamento em Bolnuevo relatou que o cão do seu vizinho foi também envenenado naquela praia.
A mesma fonte adianta que a direcção do acampamento reluta em emitir um aviso formal, talvez preocupada com visitantes alarmistas. Todavia é importante estar ciente de que alguém parece estar descontente com o compromisso municipal de Mazarrón de tornar determinadas praias disponíveis para cães e para os seus proprietários. Actualmente existem três praias no município com esse propósito: Las Moreras, Cobaticos e Playa Gachero. O aviso está dado, cada um fará como lhe aprouver.  

ELA APARECE ONDE MENOS SE ESPERA

O Afonso e a Nasha já começam a ser cúmplices, andam por toda a parte e a cadela aparece onde menos se espera, silenciosa e a observar todos, como se fosse dona de tudo o que pisa e para onde vai. Na foto acima é possível vê-la a evoluir pela borda redonda de um lago e na seguinte a rodar sobre um muro alto e muito estreito.
Ontem ensinámo-la a subir para a caixa de carga de uma Pick-Up e hoje para cima de uma carrinha mista, onde já se encontravam alguns ferros de andaimes. Subir é com ela e à medida que vai subindo, mais apega ao Afonso.
Como hoje o dia esteve e está extraordinariamente quente, decidimos ir para as margens de um lago rodeado de um amplo tapete verde, repetindo ali um salto de vala similar ao que ontem solicitámos ao Afonso e à Nasha.
Aproveitámos um piso de altos e baixos equidistante para cadenciarmos a marcha da Fila. Podíamos tê-lo feito noutro lugar, mas escolhemos este por se encontrar entre duas estradas movimentadas.
Ao chegar a casa, o Afonso recompensou a Nasha com uma “sessão de churro”, brincadeira que a inocente cadelinha adora e que por ora entende como trabalho de casa ou jogo doméstico.
Hoje tivemos que aligeirar o treino por causa do calor que se fez sentir. Amanhã os cães entram em estágio e regressam ao trabalho no dia seguinte (Sábado). Até lá!

ATÉ NO LONGÍNQUO GRÖMITZ

Provavelmente você nunca ouviu falar em GRÖMITZ, um Município do Distrito de Ostholstein, no Estado de Schleswig-Holstein, que fica no extremo norte dos 16 Estados alemães, na Baía de Lübeck, virado para o MAR BÁLTICO (a 2718,7 km de Lisboa). Ali existe uma estância balnear e parte dela destina-se aos cães (Hundestrandes). Diz-se que, quando o tempo está bom, é possível ver a costa adiante que dista 15 km.
Os cães nunca correram qualquer perigo na praia que Grömitz lhes destina, mas agora é possível que venham a correr, porque foi ali encontrada recentemente uma isca, um pedaço de carne com 4 parafusos incrustados (na foto seguinte). A triste descoberta coube a uma turista bávara de 49 anos de idade que se encontrava a passear na praia com o seu labrador. Alarmado com o achado, a senhora informou a polícia.
Como a polícia local ignora o histórico da descoberta e não existem evidências do perpetrador, solicita uma atenção especial aos frequentadores da Praia dos Cães. Entretanto, já começou a investigação por causa desta violação à lei de protecção aos animais, segundo afirmou um porta-voz policial.
Se engodar cães em Grömitz é uma novidade, envenenar cães em Portugal há muito que o deixou de ser, particularmente os dos turistas, quer eles sejam nacionais ou estrangeiros, que vêm importunar o sossego dos residentes e que não estão para os aturar, mormente os mais barulhentos e irrequietos que não respeitam nada nem ninguém. Seja um dono cuidadoso e responsável neste Verão, não consinta que o seu cão se afaste da sua vista e controlo– o perigo espreita!

VIVER E APRENDER NA CIDADE

Na sessão matinal de treino que realizámos ontem tínhamos como metas reforçar o comando de “quieto”, aumentar a resistência da Nasha e robustecer-lhe o carácter, trabalhos indispensáveis a três objectivos: a sua condução em liberdade, uma maior autonomia condicionada e a pronta resposta nas mais variadas circunstâncias. No treino do “quieto” valemo-nos de toda a estatuária presente na cidade e as outras metas foram vencidas pelos obstáculos que íamos tendo na frente.
Durante a caminhada que empreendemos deparámo-nos com uns pequenos repuxos no meio de uma praça, local ideal para colocar a Fila de S. Miguel no seu centro e conservá-la ali pelo tempo julgado necessário.
Fizemos todas as escadas que avistámos na procura da melhoria dos ritmos vitais da cadela, que se encontra cada vez mais musculada e decidida, com uma envergadura de fazer inveja e com um manto que resplandece ao sol.
Nesta viagem pela cidade juntámo-la a uma estátua encostada a uma estrada muito concorrida, para que se acostume ao trânsito automóvel, não fuja para a estrada e permaneça no lugar onde a deixaram.
Valemo-nos de um banco de jardim, rodeado de calçada à portuguesa, para executar o comando de “abaixo”, tarefa que a Nasha executou à primeira mas com alguma dificuldade, devido à pouca altura que separava o banco da calçada.
A determinada altura do percurso demos de caras com uma mota, veículo pouco apreciado pelos cães em geral. Perante tamanha oportunidade e querendo familiarizar a cadela com aquele veículo, deixámo-la sentada ao seu lado.
Mais à frente, quando nada parecia vir ao encontro dos nossos desejos, encontrámos um banco colectivo que se encontrava vazio, ocasião em que o transformámos em “Mesa Alemã” e convidámos a Fila a subi-lo.
Como no meio do banco se encontrava uma estátua de uma senhora bem gordinha, mandámos a Nasha deitar-se ao seu lado por alguns momentos, debaixo do cuidado de permanecer quieta e atenta ao seu jovem condutor.
Avistámos uns pinos, daqueles que impedem os carros de estacionar em cima dos passeios, e fizemos deles um slalom. O exercício era de fácil execução porque a distância entre pinos atingia os 2 metros.
Como preparação para outros exercícios que ainda iríamos fazer, colocámos a cadela sentada ao lado da estátua de um conhecido actor já falecido, como se o animal fizesse parte do monumento ali levantado.
Tirando partido das costas de um banco que se encontravam em projecção negativa, convidámos a Nasha para ultrapassá-las, sendo este o primeiro obstáculo desta categoria que venceu e que a obrigou a maior concentração.
Numa pequena e graciosa praça, a lembrar os becos medievais, encontrámos mais uma estátua feminina obesa, cuja senhora se encontrava encostada a uma cadeira. A cadeira elevava-se do solo 1 metro e num ápice a cadela vermelha foi parar lá em cima.
E já que estava lá em cima e bem instalada, a observar calmamente tudo ao seu redor, optámos por sentá-la ali, certos que descansaria um pouco e se libertaria do stress que a cidade tem e transmite em demasia, tanto para cães como para pessoas.
Ao passarmos por um parque infantil, sem corrermos o risco de magoar alguma criança, mandámos a Fila saltar um pequeno baloiço em forma de animal, desafio que ela aceitou prontamente e que executou com naturalidade.
Para pouparmos as patas do animal, íamos alternando os pisos durante a caminhada, combinando os de calçada e alcatrão com os relvados. Num dos últimos aproveitámos para tirar uma foto às armas da cidade com a cadela nelas empoleirada.
Para não fugir ao mote, porque mais à frente descansava um escudo monárquico sobre a relva, mandámos a Nasha deitar-se na sua frente, não tanto por necessidade operacional, mas para lembrar que aquela escultura, pelo seu valor histórico, não deveria estar ali sujeita às intempéries e à urina dos cães.
De volta à calçada, vimos uns pinos interligados entre si por pedaços de corrente, composição que serviu de introdução às verticais cruas. A Nasha não executou o salto à primeira, fracasso que se ficou a dever aos erros do seu condutor, que partiu com velocidade a mais, o que impossibilitou a cadela de ver a linha de transposição do obstáculo. A correcção dos erros viria a resultar em sucesso.
Mais para descontrair o animal, convidámos a Fila para passear sobre um banco de pedra ogival elevado a 50 cm do solo e com igual largura. Quando se trabalha na cidade, visando a adaptação canina, convém ir variando a natureza dos obstáculos, intercalando os mais fáceis com os mais difíceis.
Num pequeno túnel que liga uma rua medieval a uma praça moderna, encontrámos várias caixas de electricidade, que normalmente servem-nos de mesa ou de Pódio. Dando seguimento à tradição, mandámos a Nasha saltar duas delas.
No meio da nossa azáfama ainda tivemos tempo para ir visitar um amigo, senhor simpático e de trato afável que gere um negócio de plantas ornamentais com a esposa. Como o Afonso chegou cansado, logo apareceu uma cadeira para se sentar.
Depois de muito treinar o “quieto” junto às estátuas, fomos aplicá-lo junto às lojas onde os cães são obrigados a ficar à porta, por não poderem entrar. A primeira loja a ser visitada foi uma sapataria, apesar do Afonso não necessitar de nenhum par de sapatos!
Como tudo correu conforme o esperado, pedimos depois ao jovem que entrasse numa livraria, por sinal em saldos, e se inteirasse das obras à venda junto do empregado da loja, cavalheiro que se mostrou muito solícito. Escusado será dizer que a Nasha cumpriu.
No finalzinho, como dizem os nossos irmãos que têm a mata a arder, quando já não esperávamos, chocámos com uma Pick-Up das obras municipais. Depois de buscarmos autorização, ensinámos a Nasha a saltar para dentro dela e a cadela nem hesitou.
Depois ensinámo-la a passar por debaixo daquela viatura, tarefa que depressa venceu e que executou em liberdade, apesar de desconhecer o local, a viatura e o ambiente circundante (esta Fila não pára de surpreender-nos).
E assim terminámos a aula matinal do dia de ontem, cansados mas satisfeitos, porque cumprimos com o que havíamos estabelecido previamente.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

OS “I HAVE NO WORDS” E O ADESTRAMENTO

Está na moda dizer-se “EU NÃO TENHO PALAVRAS” quando as pessoas não encontram explicação para descrever algo ocorrido, são parcas em expressar-se ou têm dificuldade em fazê-lo, por inibição própria, sobrecarga ou descontrolo emocional. Indivíduos por demais inibidos, ao ponto de evitarem as palavras, irão sentir dificuldades acrescidas no adestramento, porque ensinar cães é aprender a expressar-se através de palavras, posturas e gestos.
Esta dificuldade não abrange apenas uma minoria dos instruendos humanos (condutores/líderes), ela é comum à maioria das pessoas que chegam às escolas caninas a pensar que vão treinar o seu cão, quando na verdade, sem disso darem conta, vêm beneficiar da terapia que o seu amigo de 4 patas tem para lhes oferecer, o que à partida parece estranho mas não é, porque o sucesso do adestramento irá depender em larga medida da prestação dos donos, que saem das escolas caninas mais confiantes e com a auto-estima em alta, depois de aprenderem a expressar-se.
Avaliando as coisas por este prisma, podemos dizer que o adestramento comporta 3 fases: a primária, a cúmplice e a profissional ou semiprofissional. O treino na primeira fase assenta maioritariamente na linguagem verbal, nas palavras, cuja entoação, intensidade e volume deverão ser capazes de produzir alteração ou novidade no comportamento dos cães. Na segunda fase, a cúmplice, as posturas dos condutores  irão reforçar a linguagem verbal, facilitando a concentração canina e servindo também, conforme os casos, de incentivo e travamento. Na última fase, a semiprofissional ou profissional, a linguagem gestual (mímica) vem em auxílio das palavras e das posturas, podendo inclusive substituí-las nos comandos ou contactos à distância, fazer uso da autonomia condicionada canina e ser capaz de efectuar progressões silenciosas e dissimuladas.
Nada disto seria possível se não soubéssemos compreender e fazer-nos entender. Podemos evitar as palavras e os gestos no adestramento? Podemos, mas se nos amarrarem de pés e mãos como chamaremos os cães? “TER PALAVRAS” no adestramento pode garantir o nosso e o socorro de outrem.