Sonho com ela acordado e
levo-a na cabeça quando me vou deitar, como se ainda estivesse aqui e não
houvesse desaparecido, quase que a consigo tocar pelas saudades que lhe tenho e
ainda a procuro sem ter por onde. Vejo-me a subir com ela uma serra, a percorrermos
trilhos por nós conhecidos, de uma penha encoberta onde relaxávamos da
caminhada e permanecíamos mudos, felizes um com o outro por havermos lá chegado
mais uma vez. Naquele ermo isolado e pouco percorrido, quer chovesse ou não,
sentíamo-nos livres e soltos, como se só existimos
os dois e o mundo pouco importasse.
Não sei quantas vezes
subimos aquela serra e outras ao longo de uma década, foram muitas sem dúvida,
mas voltaria a subi-las vezes sem conta se ainda a tivesse aqui. Chamava-se “Taruncas”,
era uma pequena cadela branca, graciosa e sem raça definida, uma companheira
que suavemente me ajudou a transitar da idade dos sonhos para a monótona
realidade do mundo. Não é bom sentirmos saudades do que não tem regresso, porque
elas não nos consolam e predispõe-nos para a partida, por serem a única coisa que levaremos
para a cova quando a esperança nos abandonar. Assim, leve o seu cão a passear enquanto é tempo, torne-o feliz e dê à sua vida uma lufada de ar fresco.
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