quarta-feira, 17 de maio de 2017

SAUDADES IMENSAS DA TARUNCAS

Sonho com ela acordado e levo-a na cabeça quando me vou deitar, como se ainda estivesse aqui e não houvesse desaparecido, quase que a consigo tocar pelas saudades que lhe tenho e ainda a procuro sem ter por onde. Vejo-me a subir com ela uma serra, a percorrermos trilhos por nós conhecidos, de uma penha encoberta onde relaxávamos da caminhada e permanecíamos mudos, felizes um com o outro por havermos lá chegado mais uma vez. Naquele ermo isolado e pouco percorrido, quer chovesse ou não, sentíamo-nos livres e soltos, como se só existimos os dois e o mundo pouco importasse.
Não sei quantas vezes subimos aquela serra e outras ao longo de uma década, foram muitas sem dúvida, mas voltaria a subi-las vezes sem conta se ainda a tivesse aqui. Chamava-se “Taruncas”, era uma pequena cadela branca, graciosa e sem raça definida, uma companheira que suavemente me ajudou a transitar da idade dos sonhos para a monótona realidade do mundo. Não é bom sentirmos saudades do que não tem regresso, porque elas não nos consolam e predispõe-nos para a partida, por serem a única coisa que levaremos para a cova quando a esperança nos abandonar. Assim, leve o seu cão a passear enquanto é tempo, torne-o feliz e dê à sua vida uma lufada de ar fresco. 

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