Se viajar para a Nigéria e
for visitar o Estado de Ekiti, caso leve o seu cão consigo, nunca o perca de
vista, porque os locais têm optado por uma “solução” bastante prática para o
controlo dos cães vadios ali e importa que o seu não se confunda com eles,
porque doutra forma poderá ser votado à mesma sorte. Neste Estado do Oeste da
Nigéria, os cães vadios foram diminuindo à medida que o consumo de carne de cão
pelos moradores foi aumentando, ao ponto de ser agora difícil avistar algum
deles mesmo à distância. No último mês do ano passado foram abertos 6 novos
lugares para abate de cães, que no seu total já somam 20, graças à procura de
restaurantes, cervejarias e lares. A carne de cão é ali servida frita ou
grelhada com um preparo de especiarias, sendo também usada para enriquecer e
apaladar sopas.
Resta dizer que a raiva
ainda não foi banida da Nigéria e que a doença pode ser transmitida às pessoas
que ingerem a carne e sangue dos cães, avisos repetidos que têm sido
desconsiderados pelas populações e por quem vive do chorudo negócio da carne de
cão. Para melhor se compreender a situação, adianta-se que no princípio da
matança um cachorro com 3 meses valia 500 Naira (4.02€) e agora é vendido a
3.000 (24.12€). O preço dos cães adultos, dependendo do seu tamanho, oscila
entre 6.000 e 15.000 Naira, o equivalente a 48.23€ e 120.58€. Debo Olusola, um
dos reputados e bem-sucedidos fornecedores de carne de cão da região, disse à
agência noticiosa nigeriana NAN que fazia em média diariamente 10.000 Naira
(80.39€) na venda dessa carne, valor bastante considerável para aquela
realidade sócio-económica (o homem está a ficar rico!).
O consumo de carne de cão
na Nigéria e noutros países africanos, para além de estar associado ao fraco poder
de compra dos seus cidadãos (miséria), é sustentado por crenças populares sem
qualquer fundamento científico (ignorância), que dizem ser a carne de cão o
antídoto mais eficaz contra os feitiços e enguiços, para além de curar da
malária os seus consumidores. E nisto, o que salta mais à vista não é o consumo
de carne de cão mas sim a miséria popular, que é tanto cultural quanto
económica. E diante da situação, apesar de desaprovar ambos, choca-me menos ver
um nigeriano a comer carne de cão que um suíço (na Suíça, ainda hoje e por
ocasião do Natal, há quem procure e consuma carne de cão e de gato).
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