segunda-feira, 15 de maio de 2017

EM EKITI NÃO PERCA O SEU CÃO DE VISTA

Se viajar para a Nigéria e for visitar o Estado de Ekiti, caso leve o seu cão consigo, nunca o perca de vista, porque os locais têm optado por uma “solução” bastante prática para o controlo dos cães vadios ali e importa que o seu não se confunda com eles, porque doutra forma poderá ser votado à mesma sorte. Neste Estado do Oeste da Nigéria, os cães vadios foram diminuindo à medida que o consumo de carne de cão pelos moradores foi aumentando, ao ponto de ser agora difícil avistar algum deles mesmo à distância. No último mês do ano passado foram abertos 6 novos lugares para abate de cães, que no seu total já somam 20, graças à procura de restaurantes, cervejarias e lares. A carne de cão é ali servida frita ou grelhada com um preparo de especiarias, sendo também usada para enriquecer e apaladar sopas.
Resta dizer que a raiva ainda não foi banida da Nigéria e que a doença pode ser transmitida às pessoas que ingerem a carne e sangue dos cães, avisos repetidos que têm sido desconsiderados pelas populações e por quem vive do chorudo negócio da carne de cão. Para melhor se compreender a situação, adianta-se que no princípio da matança um cachorro com 3 meses valia 500 Naira (4.02€) e agora é vendido a 3.000 (24.12€). O preço dos cães adultos, dependendo do seu tamanho, oscila entre 6.000 e 15.000 Naira, o equivalente a 48.23€ e 120.58€. Debo Olusola, um dos reputados e bem-sucedidos fornecedores de carne de cão da região, disse à agência noticiosa nigeriana NAN que fazia em média diariamente 10.000 Naira (80.39€) na venda dessa carne, valor bastante considerável para aquela realidade sócio-económica (o homem está a ficar rico!).
O consumo de carne de cão na Nigéria e noutros países africanos, para além de estar associado ao fraco poder de compra dos seus cidadãos (miséria), é sustentado por crenças populares sem qualquer fundamento científico (ignorância), que dizem ser a carne de cão o antídoto mais eficaz contra os feitiços e enguiços, para além de curar da malária os seus consumidores. E nisto, o que salta mais à vista não é o consumo de carne de cão mas sim a miséria popular, que é tanto cultural quanto económica. E diante da situação, apesar de desaprovar ambos, choca-me menos ver um nigeriano a comer carne de cão que um suíço (na Suíça, ainda hoje e por ocasião do Natal, há quem procure e consuma carne de cão e de gato).

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