terça-feira, 16 de maio de 2017

ATENÇÃO À DOENÇA DE LYME, ELA JÁ CÁ ESTÁ!

A Doença de Lyme (ou borreliose de Lyme) é uma doença causada pela bactéria espiroqueta Borrelia burgdorferi transmitida geralmente pela picada de uma carraça Ixodes ricinus infectada. O nome da doença adveio-lhe da cidade norte-americana de Lyme no Connecticut, onde em 1997 várias pessoas foram infectadas, muito embora a doença seja muita anterior à sua descoberta. Em Portugal a doença encontra-se subdiagnosticada e não é de notificação obrigatória, porque se pensava não existir aqui e na restante Europa, apesar de nos últimos anos terem sido detectados milhares de casos (tanto afecta pessoas como cães).
Esta doença não é a mesma coisa que a Febre da Carraça, pese embora o facto de ambas resultaram da picada de uma carraça e evidenciarem alguns sintomas comuns. A doença de Lyme é de origem bacteriana e a da Febre da Carraça é de origem viral e, as carraças que transmitem estas doenças, são também de espécies diferentes (as relativas à borreliose de Lyme são de cor castanha). Neste momento já foi elaborado nos Estados Unidos um mapa de previsão das áreas territoriais com maior risco de infecção, obra do parasitologista Michael Yabsley da Universidade da Geórgia e do matemático Christopher McMahan da Universidade de Clemson. O trabalho destes dois académicos é de suma importância para a prevenção de pessoas e cães, para além de ajudar a rastrear e a prever a sua presença em ambos.
Como atrás adiantámos, esta doença é transmitida pela picada de uma carraça infectada, que quanto mais pequena for, maiores probabilidades tem de nos infectar por ser menos visível. Os locais do corpo humano que estes ectoparasitas hematófagos mais preferem são as axilas, o couro cabeludo e as virilhas. Para garantirem a transmissão desta doença, as carraças irão precisar de ficar hospedadas no mínimo de 36 a 48 horas em pessoas e animais, introduzindo as bactérias pela sua pele através da picada, invadindo depois a corrente sanguínea e espalhando-se finalmente por todo o corpo. Feitas as contas, a doença, para além dos Estados Unidos e da América Latina, encontra-se disseminada praticamente por toda a Europa (Centro e Leste, sudeste da Escandinávia e países mediterrânicos).
Os sintomas da Doença de Lyme são variados e afectam várias partes do corpo humano, nomeadamente a pela, as articulações e o sistema nervoso. Ao falarmos dos sinais e sintomas desta doença somos obrigados a dividi-los em precoces, tardios e menos comuns, que podem ocorrer dentro de aproximadamente um mês após a infecção pela bactéria correspondente. Os precoces apontam para a apresentação de uma protuberância avermelhada na zona da picada, erupção chamada de “eritema migrans” que é uma das marcas mais característica da doença (algumas pessoas desenvolvem essa erupção em várias partes do corpo. Para além desta ou destas protuberâncias vermelhas, elas poderão ser ainda acompanhadas de febre, calafrios, fadiga, cefaleias, e dores no corpo que, como o vulgo sabe, são também sintomas gripais.
Como em algumas pessoas a erupção pode espalhar-se por várias partes do corpo, várias semanas ou meses depois de terem sido infectadas, podem apresentar os seguintes sinais e sintomas tardios: inchaço e dores articulares, problemas neurológicos que podem englobar meningite, paralisia temporária e parcial de um lado rosto (Paralisia de Bell), dormência ou ausência de força nos membros e movimentos musculares menos soltos e mais dolorosos. Quanto aos sinais ou sintomas menos comuns, alguns infectados apresentaram ainda inflamação dos olhos, inflamação do fígado (hepatite), fadiga severa, tonturas e perturbação do sono.
Já existem, tanto para humanos como cães, vacinas contra a Doença de Lyme, muito embora as suas contra-indicações falem mais alto que os seus benefícios perante esta doença mutante. Assim, a protecção de uns e outros deverá ser encontrada a partir da prevenção: os homens valendo-se de repelentes de insectos, chapéus, roupas compridas e sapatos fechados ou botas; os cães das coleiras e pipetas insecticidas. Quem se encontra mais sujeito à contracção da doença? Aqueles que lidam como animais ao ar livre e que andam com a maior parte do corpo exposto como: adestradores, caçadores, pecuários, proprietários caninos e também viandantes.
Quando vier de uma caminhada ao campo com o seu cão limpe-o e passe-o em revista. Depois, tome você banho e certifique-se que não trouxe nenhuma carraça agarrada a si (cuidado com as crianças). Caso isso aconteça, extraia-a de imediato conforme aconselhámos no texto: “O AZEITE PRÀS CARRAÇAS”, editado em 24/06/2010 e por prevenção procure um médico. Adiantámos os sintomas da doença para melhor esclarecermos os nossos leitores. E, seguindo o mesmo propósito, fazemos saber que existem vários exames laboratoriais para a sua detecção. A doença tem cura quando detectada atempadamente e virá a comprometer de sobremaneira com o passar do tempo o bem-estar, a saúde e a vida dos infectados que a ignoraram.   

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