A Doença de Lyme (ou
borreliose de Lyme) é uma doença causada pela bactéria espiroqueta Borrelia
burgdorferi transmitida geralmente pela picada de uma carraça Ixodes ricinus
infectada. O nome da doença adveio-lhe da cidade norte-americana de Lyme no Connecticut,
onde em 1997 várias pessoas foram infectadas, muito embora a doença seja muita
anterior à sua descoberta. Em Portugal a doença encontra-se subdiagnosticada e
não é de notificação obrigatória, porque se pensava não existir aqui e na
restante Europa, apesar de nos últimos anos terem sido detectados milhares de
casos (tanto afecta pessoas como cães).
Esta doença não é a
mesma coisa que a Febre da Carraça, pese embora o facto de ambas resultaram da
picada de uma carraça e evidenciarem alguns sintomas comuns. A doença de Lyme é
de origem bacteriana e a da Febre da Carraça é de origem viral e, as carraças
que transmitem estas doenças, são também de espécies diferentes (as relativas à
borreliose de Lyme são de cor castanha). Neste momento já foi elaborado nos
Estados Unidos um mapa de previsão das áreas territoriais com maior risco de
infecção, obra do parasitologista Michael Yabsley da Universidade da Geórgia e
do matemático Christopher McMahan da Universidade de Clemson. O trabalho destes
dois académicos é de suma importância para a prevenção de pessoas e cães, para
além de ajudar a rastrear e a prever a sua presença em ambos.
Como atrás adiantámos,
esta doença é transmitida pela picada de uma carraça infectada, que quanto mais
pequena for, maiores probabilidades tem de nos infectar por ser menos visível.
Os locais do corpo humano que estes ectoparasitas hematófagos mais preferem são
as axilas, o couro cabeludo e as virilhas. Para garantirem a transmissão desta
doença, as carraças irão precisar de ficar hospedadas no mínimo de 36 a 48
horas em pessoas e animais, introduzindo as bactérias pela sua pele através da
picada, invadindo depois a corrente sanguínea e espalhando-se finalmente por
todo o corpo. Feitas as contas, a doença, para além dos Estados Unidos e da América
Latina, encontra-se disseminada praticamente por toda a Europa (Centro e Leste,
sudeste da Escandinávia e países mediterrânicos).
Os sintomas da Doença de
Lyme são variados e afectam várias partes do corpo humano, nomeadamente a pela,
as articulações e o sistema nervoso. Ao falarmos dos sinais e sintomas desta
doença somos obrigados a dividi-los em precoces, tardios e menos comuns, que
podem ocorrer dentro de aproximadamente um mês após a infecção pela bactéria
correspondente. Os precoces apontam para a apresentação de uma protuberância
avermelhada na zona da picada, erupção chamada de “eritema migrans” que é uma
das marcas mais característica da doença (algumas pessoas desenvolvem essa
erupção em várias partes do corpo. Para além desta ou destas protuberâncias
vermelhas, elas poderão ser ainda acompanhadas de febre, calafrios, fadiga,
cefaleias, e dores no corpo que, como o vulgo sabe, são também sintomas
gripais.
Como em algumas pessoas a
erupção pode espalhar-se por várias partes do corpo, várias semanas ou meses
depois de terem sido infectadas, podem apresentar os seguintes sinais e
sintomas tardios: inchaço e dores articulares, problemas neurológicos que podem
englobar meningite, paralisia temporária e parcial de um lado rosto (Paralisia
de Bell), dormência ou ausência de força nos membros e movimentos musculares
menos soltos e mais dolorosos. Quanto aos sinais ou sintomas menos comuns,
alguns infectados apresentaram ainda inflamação dos olhos, inflamação do fígado
(hepatite), fadiga severa, tonturas e perturbação do sono.
Já existem, tanto para
humanos como cães, vacinas contra a Doença de Lyme, muito embora as suas
contra-indicações falem mais alto que os seus benefícios perante esta doença
mutante. Assim, a protecção de uns e outros deverá ser encontrada a partir da
prevenção: os homens valendo-se de repelentes de insectos, chapéus, roupas
compridas e sapatos fechados ou botas; os cães das coleiras e pipetas
insecticidas. Quem se encontra mais sujeito à contracção da doença? Aqueles que
lidam como animais ao ar livre e que andam com a maior parte do corpo exposto
como: adestradores, caçadores, pecuários, proprietários caninos e também
viandantes.
Quando vier de uma
caminhada ao campo com o seu cão limpe-o e passe-o em revista. Depois, tome
você banho e certifique-se que não trouxe nenhuma carraça agarrada a si
(cuidado com as crianças). Caso isso aconteça, extraia-a de imediato conforme
aconselhámos no texto: “O
AZEITE PRÀS CARRAÇAS”, editado em 24/06/2010 e por prevenção
procure um médico. Adiantámos os sintomas da doença para melhor esclarecermos
os nossos leitores. E, seguindo o mesmo propósito, fazemos saber que existem vários
exames laboratoriais para a sua detecção. A doença tem cura quando detectada
atempadamente e virá a comprometer de sobremaneira com o passar do tempo o
bem-estar, a saúde e a vida dos infectados que a ignoraram.
Sem comentários:
Enviar um comentário