Agora que ele se foi
embora, porque a vida não gira só à volta dos cães, não sei bem porquê e extrapolando
a minha condição de rude e elementar treinador de cães, apetece-me falar da
vinda do Papa Francisco a Fátima, visita que acompanhei com toda a atenção
possível pelos três canais televisivos que a reportaram a par e passo (RTP 1, SIC e TVI). Já da última vez, quando o Papa Bento XVI (Ratzinger)
veio a Portugal, senti uma clara diferença entre aquilo que ele proferia e as
explicações que nos eram dadas pelos padres tornados comentadores na altura. O
mesmo aconteceu com o Papa argentino, já que a comezinha igreja nacional não se
cansou de deturpar aquilo que o agora Bispo de Roma dizia, que aqui chegou sem
papas na língua e que com elegância “atacou o mal pela raiz”, ao denunciar uma
crendice parola, francamente mais próxima da idolatria que do Evangelho e que
bem serve o clericalismo, que aqui é histórico, pretende ser eterno e que
mantém muitos imperturbáveis de barriga cheia, mesmo que à conta dum sincretismo
islamo-cristão que remonta à Idade Média.
O “Papa dos Afectos” não
foi de modas e questionou qual Maria seguir: “a bendita por ter acreditado sempre e em todas as circunstâncias nas
palavras divinas, ou então uma “santinha” a quem se recorre para obter favores
a baixo preço?”. Insistindo no mesmo questionamento, lançou nova questão
referente a qual Virgem Maria confiar: “se a
Virgem Maria do Evangelho venerada pela igreja orante, ou uma esboçada por
sensibilidades subjectivas que a vêem segurando o braço justiceiro de Deus
pronto a castigar: uma Maria melhor do que Cristo, visto como juiz impiedoso;
mais misericordiosa que o Cordeiro Imolado por nós”. E para que não
restassem dúvidas, Jorge Mario Bergoglio, que aqui veio como peregrino,
adiantou: “grande injustiça fazemos a
Deus e à sua graça, quando se afirma em primeiro lugar que os pecados são
punidos pelo seu julgamento, sem antepor – como mostra o Evangelho – que são
perdoados pela sua misericórdia”. “Devemos antepor a misericórdia ao julgamento
e, em todo o caso, o julgamento de Deus será sempre feito à luz da sua
misericórdia. Naturalmente a misericórdia de Deus não nega a justiça, porque
Jesus tomou sobre Si as consequências do nosso pecado juntamente com a justa
pena”.
Parece-me a mim, que sou
parco de entendimento e completamente cego no que se refere à teologia, que o
Papa veio aqui dar um terno puxão de orelhas e dizer aos católicos portugueses
que a sua salvação e a do mundo residem na justificação alcançada por Cristo e
não nas intercessões da sua mãe, que a essência do cristianismo é um Deus que
morre por nós e não um que nos manda matar por Ele. Também pelo que disse,
deixou claro qual é a Fé verdadeira: aquela que nos liga a Cristo e que é
dom divino! Será que daqui a 100 anos ainda assistiremos a práticas de escravatura
religiosa em Fátima? Quem lucra com tamanha sandice e sacrifício? Nesta Igreja
(a de Roma), que evita a Reforma e que se vai aproximando dela pela
continuidade, de quantos anos precisarão os seus crentes para se libertarem das
práticas que os afastam do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo? Deus lá
saberá, eu não!
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