Quanto à desgraça toda a
gente sabe o que é (vimo-la no nosso dia-a-dia, alguns já a experimentaram e
outros ainda vivem nela), agora “filho do padeiro”, só os portugueses sabem a
que se refere esta expressão. Diz-se na gíria que um indivíduo é “filho do
padeiro” quando apresenta grandes diferenças físicas em relação aos seus
progenitores ou progenitor como se eventualmente fosse filho doutrem ou de
alguém desconhecido (as más línguas sempre lhe atribuem uma filiação conhecida
pelo tomar das parecenças). Não faltam pois “filhos do padeiro” na canicultura,
cães que não aparentam à vista qualquer parecença com os seus progenitores,
como se houvessem nascido de geração espontânea, facto que pode ficar a
dever-se a uma falsa filiação, o que não é tão raro acontecer por múltiplas
razões, ou porque afortunadamente só herdaram o melhor dos seus pais, o que
raramente acontece e que tem obrigado muitos criadores a optarem pela
consanguinidade. Infelizmente também podem herdar o pior dos dois e da restante
família, o que frequentemente acontece.
Na reprodução, diante do
entendimento que temos dos beneficiamentos, há que evitar o concurso dos “filhos
do padeiro” para que não venham a ser pais da desgraça, o que equivale a dizer
que o mais excelente dos cães não pode ser avaliado isoladamente sem o conhecimento
dos seus verdadeiros ascendentes, colaterais e descendentes, para que melhor se
possa aquilatar do peso da sua carga genética e aquilo que poderá transmitir,
já que não é raro cães excelentes gerarem cachorros medíocres ou reprováveis,
pois há que evitar a qualquer preço um tiro no escuro! Só assim se poderá
escolher o cão indicado para a minha cadela com menor margem de erro, já que
não basta pôr-lhe à disposição o mais formidável “Apolo” canino. Assim como é
importante conhecermos as mais-valias familiares de um animal (virtudes), é
também de suma importância termos conhecimento das suas menos valias (defeitos)
para que não venham a agravar aquilo que pretendemos desprezar ou eliminar,
cuidado que nos levará a descortinar o que não salta à vista para não sermos
apanhados de surpresa. Como o assunto “tem pano para mangas” e clientela
interessada retomá-lo-emos oportunamente.
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