PRÓLOGO: Este artigo,
requerido por vários leitores amiudadas vezes, dá seguimento ao outro já
editado em 15/06/2011: “PASTOR ALEMÃO X MALINOIS: VANTAGENS E DESVANTAGENS”.
O Pastor Alemão está a
evoluir para a indiferenciação quando comparado com o Pastor Belga Malinois,
apesar de nada lucrar com a similaridade e acabar encoberto por quem deseja
imitar. Tempos houve em que as diferenças morfológica, psicológica e cognitiva
entre as duas raças eram por demais evidentes, bastando para isso ver os
registos fotográficos das décadas de 20 e 30 do século passado, altura em que o
quase esquecido Stephanitz ainda pertencia ao mundo dos vivos e insistia na
aprovação laboral como critério selectivo para a propagação do cão que
idealizou e criou e, ler os relatos das façanhas de uma e de outra raça até aos
anos 60.
O Pastor Alemão e o
Malinois, apesar da sua raiz comum, são cães diametralmente opostos pelos
critérios selectivos que erigiram cada uma das raças e só a bastardia entre
ambos poderá transmitir reciprocamente os méritos de uns para os outros, crime
que se pratica há anos nas traseiras das companhias cinotécnicas profissionais,
às escondidas e à boca calada como se quem comanda jamais tivesse conhecimento
desses actos. Mais do que exemplares sublimes, ao invés de receberem o melhor
dos seus diferentes progenitores, estes híbridos acabam por espelhar
comportamentos mais próximos da impropriedade que da soma das virtudes procuradas,
quando produto de 1ª geração.
Como se já não bastasse o
experimentalismo, o logro e a fraude perpetrados por alguns cinotécnicos menos
escrupulosos e desesperados, que os há por toda a parte e de quem dificilmente nos
livraremos, seguem-se-lhes agora os criadores de cães de conformação, também apostados
em criar CPA’s voluntária ou involuntariamente mais próximos do Pastor Belga,
surripiando-lhes carácter, equilíbrio, concentração, disponibilidade e
valentia, assim como rusticidade, resistência, altura, peso e envergadura, a
excelência de aprumos, a convexidade necessária, a correcta distribuição do
peso, a prontidão de arranque e a sua força de impacto, o que tudo somado dá um
cão imprestável, de biomecânica sofrível, doente e com pouca esperança de vida,
por demais nervoso, ruidoso e inseguro como tem vindo a ser denunciado
internacionalmente e universalmente reconhecido, uma sombra do que foi, um
pastor virtual ou um nanopastor, quiçá próprio para caçar pigmeus e impróprio
para enfrentar e vencer meliantes, infractores e invasores saudáveis entre os
70 e 90 kg.
Os Pastores Alemães
provenientes destas linhas, exceptuando o indesejável abatimento de metacarpos,
o tremendo desequilíbrio para a garupa, a excessiva angulação dos membros
posteriores, o jarrete de vaca, o tipo de manto e a sua cor, lembram parcialmente
os “alsacianos” dos finais da década de 50, também eles leves e mal vestidos de
carnes, contudo operacionais por não se verem a braços com os exageros
morfológicos que vitimam agora os seus sucessores. Nas autoproclamadas linhas
de trabalho a semelhança com os “alsacianos” ainda é maior, muito embora seja
mais na apresentação que no conteúdo, porque os cães antigos estudavam os seus
inimigos e os actuais partem à desfilada, os primeiros eram silenciosos e os de
hoje fazem muito alarde do pouco que fazem, sendo por isso mais de alarme que
de guarda, até porque a sua força de mordedura não é nada por aí além, tendem
ao golpe único, ao ataque denunciado e falta-lhes tenacidade quando enfrentam
forte oposição, apesar de poderem ficar suspensos por algum tempo em nós de
corda, churros e mangas, o que “é bom para inglês ver” mas que na prática
poderá vitimá-los.
Um Pastor Alemão adulto
com apenas 30 kg é uma biruta (manga de vento) quando comparado com um
Malinois, porque nos ataques, em particular nos lançados, ao ser mais lento e
necessitar de se arrumar (travar) para efectuar a captura, tende a sofrer mais
dolo do que aquele que provoca (benditas simulações!). Temos por experiência
própria, comprovada ao longo de várias décadas, considerando a menor velocidade
do CPA em relação a outros e a necessidade de uma maior força de impacto, que
nenhum macho adulto deverá pesar menos de 33.3 kg (1.8), que o ideal é que
tenha um coeficiente de envergadura de 1.7, valor que se encontra pela divisão
da sua altura pelo peso com o animal musculado e não gordo, pelo que um Pastor
de 65 cm de altura deverá pesar 38.2 kg para o efeito e não 32.5 ou 34.2 kg
como tantas vezes temos visto (menos mal se tiver 36.1 kg).
É por demais evidente que
não podemos carregar de músculos um cão que se apresenta desequilibrado para a
traseira, parcialmente côncavo, com o peito estreito ou invertido, com as mãos
atiradas para fora e abatimento de metacarpos (por vezes com os dedos abertos),
costelas planas, descodilhado e com jarrete de vaca, muito menos consentir que
engorde, por que em ambos os casos e mais depressa no último acabará lesionado
ou virá a ostentar bolsas de líquido sinovial nas articulações. Não restando
outra hipótese aos aficionados do actual Pastor Alemão, acabarão por optar no
trabalho por exemplares mais leves considerando o menor risco de lesão. E
quando alguns exemplares saem grandes, não há como hesitar: há que dar-lhes
fome! E quando assim é, sob que parâmetros os avaliaremos? Obviamente pelos do
Malinois! Porque terá o cão de padecer por lhe haverem transmitido uma
estrutura morfológica que o condena, será justo, fará algum sentido? Os criadores
dos actuais CPA’S, considerando o que têm para oferecer, lembram aqueles que
sem amor próprio não conseguem pôr-se em forma, ficando eternamente à espera que
sejam amados pelos outros, carentes, insatisfeitos e revoltados.
Em síntese, o Pastor
Alemão precisa de voltar à qualidade original, de se libertar de décadas de
involução e ser igual ao que sempre foi: um excelente cão de utilidade e
trabalho, o que implicará na reforma e eliminação de critérios selectivos que lhe são estranhos e que até hoje mais o condenam. Ele não
precisa de ser igual aos outros mas igual a si próprio, já que nasceu e veio
para estabelecer a diferença!
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