Ontem
tivemos neste blogue um raro leitor da ILHA
DE MAN, ilha de que muitos raramente ouviram falar e que
desconhecem por isso a sua exacta localização geográfica, apesar dos seus
habitantes e respectiva cultura estarem de certa forma ligados aos portugueses
em geral e particularmente às gentes do Minho e de Trá-os-Montes pela comum
herança celta. Antes de outras dissertações, quero chamar este leitor de
bem-vindo, agradecer-lhe o contacto, desejar-lhe as maiores felicidades e que
continue a procurar-nos. A Ilha de Man faz parte do conjunto geográfico do
arquipélago das Ilhas Britânicas, situando-se a meio do Mar da Irlanda,
sensivelmente equidistante do oeste da Inglaterra, do sul da Escócia e do leste
da Irlanda do Norte, com 48 km de comprimento e entre 13 e 24 km de largura,
num total de 572 km², sendo constituída por duas áreas montanhosas e por um
vale central. O ponto mais alto da Ilha é o Snaefell com 621 m de altura e que
se situa na zona norte da ilha, sendo o extremo norte desta excepcionalmente
plano. Possui um clima temperado marítimo, caracterizado por Verões moderadamente
quentes e secos e Invernos suaves e mais húmidos. De acordo com o censo interno
de 2006, a sua população ultrapassa ligeiramente os 80.000 habitantes e apenas
47% destes são naturais da ilha.
Tal
como sucede com as ilhas de Jersey e Guernsey, a Ilha de Man não faz
formalmente parte do Reino Unido e também não integra a União Europeia, pelo
que em nenhuma delas tem qualquer assento parlamentar, apesar de ser
directamente dependente da Coroa Britânica e ter como chefe do Estado o rei
Carlos III do Reino Unido, que detém o título de LORD
OF MANN (Senhor de Mann). Compreende-se assim que tanto a
defesa como as relações externas desta ilha sejam da responsabilidade do
governo do Reino Unido. O representante da coroa britânica na ilha é o LIEUTTENANT GOVERNOR, o
que não impede que a Ilha de Man tenha um governo próprio e um parlamento
autónomo - o Tynwald – fundado no ano de 979 e considerado o mais antigo
parlamento a funcionar ininterruptamente no mundo. A cena política da Ilha é
dominada por dois partidos: o MANX
LABOUR PARTY e a ALLIANCE
FOR PROGRESSIVE GOVERNMENT, no que lembram os partidos CONSERVADOR e
TRABALHISTA ingleses.
Contudo, existe uma organização extraparlamentar – o MEC VANNIN (“Filhos
de Mann”) – que luta pela alteração do estatuto da Ilha e que deseja a instalação
de uma república soberana e independente.
A
Ilha de Man foi um assentamento viking desde o Séc. VII, fez parte do Reino
Nórdico de Man e das Ilhas Hébridas criado por Godred Crovan, em 1079, veio
depois a ser um domínio norueguês e em 1266, pelo Tratado de Perth, o rei Magno
VI da Noruega cedeu-a à Escócia. Só no Séc. XVIII, mais precisamente em 1765, é
que passou para a alçada da Coroa Britânica. A cultura desta Ilha é de
inegáveis raízes celtas e nórdicas, tem uma língua própria – o MANX
ou MANÊS –
que junto com o inglês é uma das suas línguas oficiais. A religião oficial deste
pequeno país insular é o anglicanismo, doutrina resultante de dogmas católicos
e calvinistas. A ilha de Man é hoje uma das modernas nações celtas e
encontra-se por isso mesmo integrada na CELTIC
LEAGUE, organização pan-celta fundada em 1961 que visa
promover a identidade e a cultura celta moderna na Irlanda, País de Gales,
Bretanha, Cornualha e também na Ilha de Mann, nações há muito reconhecidas como
celtas e que esta organização aposta na promoção das suas línguas ancestrais.
Curiosamente, esta liga rejeitou a Galiza como membro, apesar de reconhecer a
sua herança celta. Que crime lesa-majestade teriam cometido os celtas na
Península? Terem-se misturado com os Iberos? Será que ao aceitar a Galiza como
membro recearam dar entrada a outros, nomeadamente aos turcos, que também têm
sangue celta na sua construção? Esta organização de “pan” tem pouco, tresanda a
snobismo e lembra em tudo um “british social club”, contrariando o milenar
viver celta por essa Europa afora.
Resta dizer que qualquer cidadão pode viajar com o seu cão para a Ilha de Man desde que preencha as condições legais exigidas, que algumas das suas praias se encontram vedadas aos cães durante a época balnear e que os seus ovinicultores se queixam dos ataques caninos sobre as ovelhas. Mesmo assim, estamos perante uma Ilha "dog or pet-friendly".
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