segunda-feira, 8 de maio de 2023

TPC NOCTURNO: A RONDA DA NOITE

 

Se eu quero um cão para segurança de pessoas e bens tenho todas vantagens se o treinar durante a noite, mas se apenas procuro um cão de companhia ou outro que precisa de ser sociabilizado, nada melhor que treiná-lo à luz do dia, quando as pessoas circulam e se entregam aos seus múltiplos afazeres, não esquecendo que os grandes aglomerados humanos deverão também ser procurados para o mesmo efeito. Ontem a Maria enviou-me as fotos que ilustram este texto e que se reportam a um treino doméstico nocturno que efectuou com o seu CPA Dobby, cão de exagerada propensão protectora, que ao trabalhar àquelas horas e para todos os efeitos acabou por efectuar uma ronda nocturna, quando mais importava que aprendesse a respeitar os comuns transeuntes e a advertir aqueles que tentem abusar dele dele ou que desrespeitem a sua dona, escorraçando-os por modo próprio quando se constituírem em séria ameaça. Pondo de parte estes esclarecimentos técnicos, este treino nocturno serviu para uns tantos exercícios de ginástica, para reforço da liderança e para a instalação do “quieto” incondicional, mesmo com gatos na frente do nariz do cão. A foto abaixo reporta-se a um desses momentos, com um gato fugitivo escondido debaixo dos carros e o cão prontinho para lhe dar caça. Tudo acabou na santa paz porque o condicionamento prevaleceu sobre os instintos.

Por variadas razões operacionais e por outras ligadas à sobrevivência dos cães, assim como ao seu desencarceramento, ensinamos, treinamos e preparamos os nossos para alcançarem os mais variados equilíbrios, a não temer as passagens estreitas e oscilantes e a vencer através da experiência feliz os mais variados traumas e ansiedades, pelo que, quando devidamente preparados, são capazes de inverter comodamente a marcha em superfícies elevadas com apenas 10 cm de largura.

Se os cães fossem tanto ou mais inteligentes do que nós seriam eles a treinar-nos e não o inverso. Eles dificilmente conseguem diferenciar a ficção da realidade, particularmente quando lhe contamos histórias com cenários concretos e com finais já conhecidos. Assim, quando treinamos os cães nos múltiplos obstáculos elevadores, para além de os ginasticarmos e procedermos à superação dos seus medos, estamos a promovê-los socialmente em relação aos homens, a eliminar-lhes o receio do bípede que se ergue bem mais alto do que eles, a transmitir-lhes uma ideia de superioridade a partir dos locais altos onde se encontram – colocar sistematicamente um cão de guarda num lugar alto é aumentar-lhe os seus índices de prontidão e o ímpeto das suas arremetidas. Há cães que instintivamente saltam bem alto para cima dos seus donos, desafio que não deve ser consentido a todos devido ao perigo que representa, já que cão que se autopromove tende a subjugar o dono.

Resta agradecer à Maria o trabalho doméstico desenvolvido com o seu cão e incentivá-la a continuar, porque quem trabalha à noite acaba por resplandecer durante o dia, uma vez que as grandes vitórias assentam por vezes em pequenos nadas. Força Maria, não te esqueças de mandar cumprimentos meus à Zezinha.

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