Quando saio com o meu cão sou quase
sempre interpelado por alguém, porque ele chama à atenção de quem passa e
muitos não resistem a querer saber mais sobre o animal. Logo pela manhã ouço
alguém dizer: “Que lindo animal!” Quando levanto os olhos, cada vez ando mais
curvado, deparo-me com um sujeito alto, moreno, bem arreado e com sotaque
brasileiro, que me pergunta qual é raça do cão. Ao aproximar-se do animal disse-me
que já tinha tido um Pastor Canadense (1), um exemplar extraordinário que durou 16
anos. Perguntei-lhe de que cidade era do Brasil e ele respondeu-me que era do
Rio de Janeiro, cidade que em muitos aspectos se confunde com Lisboa (digo eu).
Como a conversa ia animada, perguntou-me há quantos anos não ia ao Brasil, eu
disse-lhe que a última vez que lá estive foi em 2011, ao que ele me respondeu ”estar
agora aquele grande país bem pior, o que a ninguém espanta porque tem como
presidente um ladrão.” “Vou-lhe dar um exemplo: há pouquinho tirei o ticket do
estacionamento e quando ia para o colocar dentro do carro, reparei que não
tinha as suas chaves comigo. Levantei as escovas limpa pára-brisas e prendi ali
mesmo o papelinho, já passou uma hora e ele continua lá! Se isto acontecesse no
Brasil, já alguém o teria tirado e colocado no seu carro!” E mais não disse,
entrando depois para uma residencial de luxo. Pela breve conversa deu para
perceber duas coisas: que malandros há-os por todo o lado e que o Brasil se
encontra politicamente bipolarizado.
(1)Pastor Canadense é o mesmo que Pastor Canadiano, um Pastor Alemão de pelagem branca de origem idêntica ao do Pastor Suíço.
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