quinta-feira, 25 de maio de 2023

NÓS POR CÁ: A HISTÓRIA DO TICKET

 

Quando saio com o meu cão sou quase sempre interpelado por alguém, porque ele chama à atenção de quem passa e muitos não resistem a querer saber mais sobre o animal. Logo pela manhã ouço alguém dizer: “Que lindo animal!” Quando levanto os olhos, cada vez ando mais curvado, deparo-me com um sujeito alto, moreno, bem arreado e com sotaque brasileiro, que me pergunta qual é raça do cão. Ao aproximar-se do animal disse-me que já tinha tido um Pastor Canadense (1), um exemplar extraordinário que durou 16 anos. Perguntei-lhe de que cidade era do Brasil e ele respondeu-me que era do Rio de Janeiro, cidade que em muitos aspectos se confunde com Lisboa (digo eu). Como a conversa ia animada, perguntou-me há quantos anos não ia ao Brasil, eu disse-lhe que a última vez que lá estive foi em 2011, ao que ele me respondeu ”estar agora aquele grande país bem pior, o que a ninguém espanta porque tem como presidente um ladrão.” “Vou-lhe dar um exemplo: há pouquinho tirei o ticket do estacionamento e quando ia para o colocar dentro do carro, reparei que não tinha as suas chaves comigo. Levantei as escovas limpa pára-brisas e prendi ali mesmo o papelinho, já passou uma hora e ele continua lá! Se isto acontecesse no Brasil, já alguém o teria tirado e colocado no seu carro!” E mais não disse, entrando depois para uma residencial de luxo. Pela breve conversa deu para perceber duas coisas: que malandros há-os por todo o lado e que o Brasil se encontra politicamente bipolarizado.

(1)Pastor Canadense é o mesmo que Pastor Canadiano, um Pastor Alemão de pelagem branca de origem idêntica ao do Pastor Suíço.

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