Os
cientistas que conduzem o DOG
AGING PROJECT tentaram não fazer recomendações sobre o
envelhecimento saudável com base nos resultados das suas pesquisas. Mas depois
de analisar os dados de seu último estudo sobre os determinantes sociais da
longevidade, uma coisa se tornou óbvia demais para ser ignorada, a matilha é o
que mais importa, porque os cães com interacções sociais positivas vivem vidas
mais saudáveis, o que realça a necessidade canina de ter fortes conexões
sociais e companheiros sociais, conforme fez saber Brianah McCoy, Ph.D.
(na foto abaixo) candidata da Arizona State University (ASU), que é um dos
principais autores do estudo, que disse ainda: “No geral, é bom para o seu cão
ter apoio social por perto, na forma de outras pessoas e outros cães. Os cães
são animais sociais, assim como nós, então eles beneficiam-se por estar perto
de outras pessoas.” As novas descobertas foram publicadas online na semana
passada na revista EVOLUTION,
MEDICINE & PUBLIC HEALTH. Estes são os dados mais
recentes e baseiam-se no excepcional poder estatístico de 25.000 cães
envolvidos por via das parcerias a Escola de Medicina da Universidade de
Washington, a Escola de Medicina Veterinária Texas A&M e mais de uma dúzia
de instituições membros em todo o país. Os autores do estudo estão a analisar
dados e pesquisas de saúde sobre os cães para tirar conclusões únicas que
possam válidas para a saúde humana.
Muitas
das conclusões a que os cientistas chegaram faziam todo o sentido, outros
pareciam contra-intuitivas. “Este estudo ilustra o alcance incrivelmente amplo
do Dog Aging Project”, disse Daniel Promislow, co-director do projecto e
investigador principal. “Aqui, vemos como os cães podem ajudar-nos a entender
melhor como o ambiente à nossa volta influencia a saúde e as muitas maneiras
pelas quais os cães reflectem a experiência humana. Assim como acontece com as
pessoas, os cães em ambientes com poucos recursos são mais propensos a ter
problemas de saúde. Graças à riqueza dos dados, estudos de acompanhamento terão
o potencial de ajudar-nos a entender como e porquê os factores ambientais afectam
a saúde dos cães”. Factores de suporte social, como morar com outros cães,
foram associados a uma melhor saúde canina quando controlados por idade e peso.
Factores de adversidade financeira e familiar foram associados a problemas de
saúde e menor mobilidade. “As desigualdades sociais também atingem os nossos
animais de companhia”, disse Noah Snyder-Mackler, professor assistente da
Escola de Ciências da Vida da ASU, que supervisionou o artigo recente. “Acho
que é uma lição importante de como podemos desenvolver intervenções para lidar
com essas desigualdades.”
Embora
a importância da interacção social para os mamíferos não seja uma nova
descoberta, o profundo tesouro de dados permitiu ao grupo de pesquisa descobrir
que o efeito do apoio social era cinco vezes mais forte do que o dos
factores financeiros. Juntos, os pesquisadores sugerem que os resultados
demonstram a importância da renda, da estabilidade familiar e da idade do dono
nos resultados de saúde dos cães de companhia. As descobertas iluminam
modificadores comportamentais e ambientais que podem promover o envelhecimento
saudável entre as espécies – por exemplo, o companheirismo social é bom e o
isolamento é ruim. Estes resultados parecem simples, outros precisarão de
mais exames para ser descodificados. Por exemplo, cães que vivem em ambientes
mais ricos tendem a ter problemas de saúde mais documentados. A possível razão:
esses cães eram mais propensos a serem levados ao veterinário, portanto, havia uma
consciência mais profunda da importância da sua saúde. O resultado mais
inesperado teve a ver com as crianças: mais tempo com as crianças, ao que
parece, está ligado a uma pior saúde do cão. “Isso foi definitivamente uma
surpresa”, disse a co-autora Layla Brassington, do estado do Arizona. “Mas
achamos que isso ocorre porque quanto mais tempo os donos têm para se dedicar
aos filhos humanos, menos tempo eles têm para seus filhos peludos.”
O
presente estudo veio desacreditar métodos de adestrar cujos seguidores diziam
contribuir para a saúde e longevidade dos cães, assim como questionar certas
provas caninas sustentadas no isolamento dos animais, no stresse e na privação
do seu viver social. Assim, respeitando o que agora foi revelado, o fim último
do treino de um cão não deverá ser pô-lo a morder, mas integrá-lo numa matilha
onde possa interagir sem atropelos e num grupo de pessoas onde seja desejado e
acarinhado. A sua sociabilização e a riqueza do seu viver social serão factores
inibitórios da sua prestação como guardião? Não necessariamente, porque só se
perde quem já nasceu perdido e o apoio recebido por humanos e cães tende a fortalecê-los!
A sociabilização dos cães e o enriquecimento do seu viver social tornam-nos
mais confiantes e seguros, diminuindo praticamente a zero os acidentes que
possam causar. As aulas colectivas e os exercícios que integram vários cães ao
mesmo tempo, ao desenvolverem fortes vínculos afectivos, tornam possível a
desejável matilha escolar, espinhal dorsal para uma futura vida saudável. É
também importante que o seu cão faça amizade com os seus vizinhos e respectivos
cães, para que o seu território se estenda para além das quatro paredes que o
abrigam. Pelo mal que lhes fazemos (aos cães), ao furtar-lhes a sociabilização
e os seus benefícios, perdemos a autoridade de criticar fulano tal que tinha os
seus galgos maltratados!
A interacção com pessoas na rua de díspares apresentações é neste sentido também primordial para a integração e para o bem-estar dos cães, para além de ser também benéfica para a supressão de possíveis medos humanos. Exercícios de ginástica que convidam os cães a interagir com estranhos são também recomendáveis, para combater nos animais desconfianças, suspeitas e medos, assim como pretensas provocações. Eu posso ter o melhor cão do mundo, mas se não apostar na sua sociabilização, tê-lo-ei por menos tempo. Os cães que vivem num estado de constante alerta dentro de um recinto à espera de um possível intruso, estoiram-se precocemente, como se estoiram os que vão para a guerra e aqueles que apenas saem na iminência de conflitos, onde serão obrigados a varrer tudo o que tiverem pela frente. Para equilibrar estes animais, urge compensá-los paralelamente com actividades de cariz social que envolvam outros cães e demais gente, público inclusive, para que não se tornem intratáveis, acusem um desgaste exagerado, venham a ser precocemente imprestáveis e assolados pela demência. Para terminar lembro que os códigos inseridos nos cães devem ser revelados pelo menos a duas pessoas, para que a morte dos donos não implique na morte dos animais.
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