segunda-feira, 15 de maio de 2023

PODE NÃO SABER ONDE FICA ROSSDORF, MAS O SEU INFERNO PODE CHEGAR ATÉ SI

 

Para começo de conversa, Roßdorf é um município alemão pertencente ao distrito de Schmalkalden-Meiningen, no estado de Hessen, terra com uma rica história e também terra de vinho. Lá, um jovem de 27 anos, quando passeava o seu cão, encontrou várias almôndegas num relvado. De acordo coma polícia, as tais almôndegas serão provavelmente iscas venenosas. Por prevenção, porque não se sabia se o cão tinha comido alguma delas, o animal foi levado a um veterinário. Depois de observado, comprovou-se que o cão não tinha sofrido qualquer dano ou ferida. A polícia garantiu tratar-se uma isca envenenada, abriu uma investigação à luz da Lei do Bem-estar Animal e espera recolher informações através de uma linha telefónica que disponibilizou para o efeito.

Mal o chilrear dos pássaros começa a anunciar a primavera, começam também a surgir as iscas envenenadas para os cães nos locais que eles dividem com as pessoas, o que não só os coloca em risco como também as crianças. O hábito de envenenar animais é anterior às grandes civilizações da antiguidade, está ligado a formas arcaicas de caça e pode ter surgido com maior incidência no momento em que o homem se sedentarizou e era imperativo defender as suas colheitas. Na nossa era e num passado bem recente, envenenar cães era um prática constante de alguns caçadores e dos seus opositores, os caçadores porque não queriam que a sua passagem fosse denunciada pelos cães de vigia e os outros porque não queriam ver caçadores aos tiros dentro das suas propriedades e cães a danificar as suas culturas. A maldade saltou do campo para a cidade e há muito que se envenenam cães por cá (todos os anos morrem alguns e não são assim tão poucos!).

Para quem sai de casa com o seu cão ao amanhecer e à noitinha, os riscos de envenenamento são maiores, porque os engodadores precisam de desenvolver a criminosa actividade a coberto da noite e quando há menos gente a circular. Para evitar que alcancem os seus intentos, se você tem um cão que padece de surdez selectiva, é de boa boca e come tudo o que encontra, não tendo como treiná-lo para a recusa de engodos, o melhor que tem a fazer é estar sempre atento e sair com ele à rua açaimado, evitando assim que ele abocanhe o que não deve.

Lembro aqui que o açaime carece de habituação e que se esta for bem conseguida, com o animal a associar o acessório à alegria do passeio, depressa o cão se acostumará ao açaime e até é possível que o vá buscar! Se porventura se deparar com uma isca venenosa ou lesiva para os animais, dê conhecimento imediato às autoridades e avise o maior número possível de proprietários caninos da sua existência. Afinal o inferno de Roßdorf pode bater-lhe à porta – queira Deus que não!

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