quinta-feira, 18 de maio de 2023

NÃO SEJA PRESUMIDO E DIGA NÃO

 

Há vizinhos que cheios de boa vontade, porque adoram cães, aceitam ficar com os cães uns dos outros, poupando reciprocamente alguns gastos com hotéis caninos, ignorando na sua inocência o que daí poderá advir, mesmo que os cães residentes sejam conhecidos e amigos dos que vierem a ser hospedados, acostumados até a brincar com eles. Na sociedade em que vivemos é mais fácil albergar um cão por uns dias do que oferecer-se para cuidar de uma criança por algumas horas, pelo que dificilmente alguém dirá não a um cachorrinho fofinho e de olhos meigos – um amor – mesmo correndo riscos desnecessários. Para proteger as famílias e prevenir brigas violentas que podem ferir gravemente ou levar à morte de um ou mais cães, vou de imediato adiantar alguns casos em que não deveremos albergar os cães dos amigos e vizinhos na nossa casa, já que alguns proprietários caninos, quase sem dar por isso, mercê do entendimento que têm com os seus próprios animais, tendem a julgar o todo pela parte e acabam por enfrentar situações inesperadas. Nesta matéria como em muitas outras, a presunção não é a melhor das conselheiras e o “esperar para ver” tampouco.

1 _ Se você não tem qualquer tipo de autoridade sobre o seu cão, muito menos terá sobre o alheio, que tendencialmente resistirá a aceitá-la, pelo que não deverá albergar outro animal dentro da sua casa; 2 _ Também não deverá albergar cães braquicéfalos, que depressa atingem a exaustão e que ao correr com o seu poderão acabar extenuados ou pior do que isso; 3 _ Se nem o seu cão e nem o que pretende hospedar se encontram verdadeiramente sociabilizados não poderá, em abono do bem-estar e da saúde dos animais, hospedá-los debaixo do mesmo tecto; 4 _ Se tem dificuldades em conduzir o seu cão à trela ou se o vindouro as tem, desista da ideia porque vai ser muito árduo e difícil trazê-los à rua em simultâneo; 5 _ Se é muito distraído ou anda por demais atarefado não aceite cães a necessitar de serem tratados a tempo e horas; 6 _ Por prevenção, não aceite qualquer cão com um problema de pele ainda por identificar; 7 _ Se o cão a hospedar não estiver acostumado a ir fazer as necessidades à rua, não o aceite, porque para além da trabalheira que lhe daria, ainda poderia induzir o seu a fazer o mesmo; 8 _ Para evitar maiores problemas, não hospede um cão bem maior do que o seu e vice-versa; 9 _ Para evitar futuras zaragatas, caso não tenha como separar os comedouros e bebedores dos cães, não aceite mais um; 10 – Sob pretexto nenhum aceite a custódia de um cão alheio se tem crianças de tenra idade dentro de mesma habitação, porque os descuidos não pedem para acontecer e os acidentes não se anunciam – evitam-se;

11 _ Se o cão a hospedar é de tendências fugitivas, o melhor que tem a fazer para se livrar de problemas e indesejáveis responsabilidades é negar-lhe o acesso à sua casa; 12 _ Se o seu cão é por demais possessivo e ligado a si, não o provoque ao aceitar outro para dividir o seu espaço e atenção, porque assim começam muitas brigas; 13 _ Caso a sua cadela vai entrar em cio, certifique-se que a estadia do cão hospedado não irá coincidir com ele. Se porventura acontecer, livre-se de hospedar o cão alheio; 14 _ Na eventualidade de ter outros animais domésticos em casa como gatos, coelhos, diferentes roedores, aves e répteis, certifique-se primeiro se o cão do vizinho ou amigo se encontra sociabilizado com essas espécies. Se ele não estiver, por maior boa vontade que tenha em recebê-lo, não o aceite, porque tendencialmente dar-lhes-á caça e instigará o seu a fazer o mesmo; 15 _ Não aceite guardar o cão de alguém que seja por demais medroso e submisso, desequilíbrios que tendem a agravar-se com a exclusão do seu território e com a ausência dos donos, porque provavelmente deixará de comer e será frequentemente subjugado pelo seu; 16 _ Havendo um histórico de inimizade entre os cães, será uma perfeita loucura juntá-los no mesmo espaço, porque ao fazê-lo está incentivá-los à confrontação; 17 _ A entrada de um cão alheio na nossa casa irá obrigar à alteração de comportamento e das rotinas do agregado familiar. Se não estão todos verdadeiramente dispostos para isso, vete a entrada ao animal;

18 _ Se não se sente totalmente à vontade com os cães, teme algumas raças em particular ou aquele que lhe pedem para abrigar, não o faça! 19 _ De igual modo, se tem crianças e adultos em casa que têm medo de cães, não aceite outro que eles desconhecem, o que sou irá aumentar a sua desconfiança e medo, indutores mais do que suficientes para que venham a ser ameaçados e até agredidos; 20 _ Se porventura o seu cão for avançado na idade ou sofra de alguma insuficiência não deverá importuná-lo e azedar-lhe a vida com a chegada de um cão mais novo, pois os cães quanto mais velhos são mais temem a rejeição. Alvitrei aqui 20 razões válidas para não aceitar juntar o seu cão ao de um seu amigo ou vizinho, poderia até encontrar o triplo, mas guardei para o final a mais importante para um tipo particular de cães – os destinados à segurança – cuja divisão de território poderá ser entendida pelos cães residentes como uma desautorização e/ou despromoção, levá-los à abstracção, a algumas susceptibilidades, à troca de alvos e por conseguinte a uma menor operacionalidade, porque momentânea e abusivamente um cão desconhecido foi colocado entre eles e os seus mestres.

PS: Quando um vizinho nos pede que tratemos do seu cão na sua ausência e nós anuímos, o melhor que há a fazer é deixar o animal no seu território, onde se sente cómodo e respeitar os protocolos referentes aos horários da sua alimentação e saídas ao exterior, cuidados que causarão menor impacto e estranheza ao animal. 

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