Há
vizinhos que cheios de boa vontade, porque adoram cães, aceitam ficar com os
cães uns dos outros, poupando reciprocamente alguns gastos com hotéis caninos,
ignorando na sua inocência o que daí poderá advir, mesmo que os cães residentes
sejam conhecidos e amigos dos que vierem a ser hospedados, acostumados até a
brincar com eles. Na sociedade em que vivemos é mais fácil albergar um cão por
uns dias do que oferecer-se para cuidar de uma criança por algumas horas, pelo
que dificilmente alguém dirá não a um cachorrinho fofinho e de olhos meigos –
um amor – mesmo correndo riscos desnecessários. Para proteger as famílias e prevenir brigas violentas
que podem ferir gravemente ou levar à morte de um ou mais cães, vou de imediato
adiantar alguns casos em que não deveremos albergar os cães dos amigos e
vizinhos na nossa casa, já que alguns proprietários caninos, quase sem dar por
isso, mercê do entendimento que têm com os seus próprios animais, tendem a
julgar o todo pela parte e acabam por enfrentar situações inesperadas. Nesta
matéria como em muitas outras, a presunção não é a melhor das conselheiras e o “esperar
para ver” tampouco.
1
_ Se você não tem qualquer tipo de autoridade sobre o seu cão, muito menos terá
sobre o alheio, que tendencialmente resistirá a aceitá-la, pelo que não deverá
albergar outro animal dentro da sua casa; 2 _ Também não deverá albergar cães
braquicéfalos, que depressa atingem a exaustão e que ao correr com o seu
poderão acabar extenuados ou pior do que isso; 3 _ Se nem o seu cão e nem o que
pretende hospedar se encontram verdadeiramente sociabilizados não poderá, em
abono do bem-estar e da saúde dos animais, hospedá-los debaixo do mesmo tecto;
4 _ Se tem dificuldades em conduzir o seu cão à trela ou se o vindouro as tem,
desista da ideia porque vai ser muito árduo e difícil trazê-los à rua em simultâneo;
5 _ Se é muito distraído ou anda por demais atarefado não aceite cães a
necessitar de serem tratados a tempo e horas; 6 _ Por prevenção, não aceite
qualquer cão com um problema de pele ainda por identificar; 7 _ Se o cão a
hospedar não estiver acostumado a ir fazer as necessidades à rua, não o aceite,
porque para além da trabalheira que lhe daria, ainda poderia induzir o seu a
fazer o mesmo; 8 _ Para evitar maiores problemas, não hospede um cão bem maior
do que o seu e vice-versa; 9 _ Para evitar futuras zaragatas, caso não tenha
como separar os comedouros e bebedores dos cães, não aceite mais um; 10 – Sob pretexto
nenhum aceite a custódia de um cão alheio se tem crianças de tenra idade dentro
de mesma habitação, porque os descuidos não pedem para acontecer e os acidentes
não se anunciam – evitam-se;
11 _ Se o cão a hospedar é de tendências fugitivas, o melhor que tem a fazer para se livrar de problemas e indesejáveis responsabilidades é negar-lhe o acesso à sua casa; 12 _ Se o seu cão é por demais possessivo e ligado a si, não o provoque ao aceitar outro para dividir o seu espaço e atenção, porque assim começam muitas brigas; 13 _ Caso a sua cadela vai entrar em cio, certifique-se que a estadia do cão hospedado não irá coincidir com ele. Se porventura acontecer, livre-se de hospedar o cão alheio; 14 _ Na eventualidade de ter outros animais domésticos em casa como gatos, coelhos, diferentes roedores, aves e répteis, certifique-se primeiro se o cão do vizinho ou amigo se encontra sociabilizado com essas espécies. Se ele não estiver, por maior boa vontade que tenha em recebê-lo, não o aceite, porque tendencialmente dar-lhes-á caça e instigará o seu a fazer o mesmo; 15 _ Não aceite guardar o cão de alguém que seja por demais medroso e submisso, desequilíbrios que tendem a agravar-se com a exclusão do seu território e com a ausência dos donos, porque provavelmente deixará de comer e será frequentemente subjugado pelo seu; 16 _ Havendo um histórico de inimizade entre os cães, será uma perfeita loucura juntá-los no mesmo espaço, porque ao fazê-lo está incentivá-los à confrontação; 17 _ A entrada de um cão alheio na nossa casa irá obrigar à alteração de comportamento e das rotinas do agregado familiar. Se não estão todos verdadeiramente dispostos para isso, vete a entrada ao animal;
18 _ Se não se sente totalmente à
vontade com os cães, teme algumas raças em particular ou aquele que lhe pedem
para abrigar, não o faça! 19 _ De igual modo, se tem crianças e adultos em casa
que têm medo de cães, não aceite outro que eles desconhecem, o que sou irá
aumentar a sua desconfiança e medo, indutores mais do que suficientes para que
venham a ser ameaçados e até agredidos; 20 _ Se porventura o seu cão for
avançado na idade ou sofra de alguma insuficiência não deverá importuná-lo e
azedar-lhe a vida com a chegada de um cão mais novo, pois os cães quanto mais
velhos são mais temem a rejeição. Alvitrei aqui 20 razões válidas para não
aceitar juntar o seu cão ao de um seu amigo ou vizinho, poderia até encontrar o
triplo, mas guardei para o final a mais importante para um tipo particular de
cães – os destinados à segurança – cuja divisão de território poderá ser
entendida pelos cães residentes como uma desautorização e/ou despromoção,
levá-los à abstracção, a algumas susceptibilidades, à troca de alvos e por
conseguinte a uma menor operacionalidade, porque momentânea e abusivamente um
cão desconhecido foi colocado entre eles e os seus mestres.
PS: Quando um vizinho nos pede que tratemos do seu cão na sua ausência e nós anuímos, o melhor que há a fazer é deixar o animal no seu território, onde se sente cómodo e respeitar os protocolos referentes aos horários da sua alimentação e saídas ao exterior, cuidados que causarão menor impacto e estranheza ao animal.
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