Não
vim a este mundo para atrelar cães, mas depressa tive que aprender a fazê-lo se
não queria causar dolo a terceiros e pretendia ter um cão por mais tempo.
Apesar de ilegal, não faltam por aí cães soltos e donos sabichões, dizendo-se versados
em comportamento animal e entendidos em cinotecnia, não sabendo nem uma coisa
nem outra, ignorância que os leva a não educar os seus cães e que encaminha
fatalmente os animais para toda a sorte de acidentes. No entanto, tal força
inquisitorial, sempre perscrutam maus-tratos por tudo quanto é lado,
equivocando-se felizmente na maior parte das vezes. Ontem no GIRO DE ITÁLIA,
renomada prova do calendário profissional de ciclismo, na sua 5ª etapa, o
ciclista flamengo RENCO
EVENEPOEL, campeão mundial da modalidade e vencedor do
contra-relógio inicial desta prova transalpina, com o piso molhado, teve uma queda
aparatosa em virtude de um cão se ter atravessado na sua frente, acidente que
lembra outro igual ocorrido a 30 de abril de 1984 com o ciclista português JOAQUIM AGOSTINHO, quando
liderava X VOLTA AO
ALGARVE, também na 5ª etapa, quando a 300 metros da linha da
meta, em Quarteira, um cão se atravessou no seu caminho e o fez cair,
provocando-lhe um traumatismo craniano. Em consequência disso, AGOSTINHO
viria a falecer.
Felizmente que o actual campeão mundial, REMCO EVENEPOEL, também vencedor da etapa Liège-Bastogne-Liège e da Volta à Espanha em 2022 não se aleijou e pôde continuar a prova, no que foi incentivado e ajudado pelos seus companheiros de equipa, ele que é considerado o favorito absoluto à vitória daquela importante prova ciclística e que vestia a camisola amarela desde a 3ª etapa. O acidente que envolveu este ciclista belga de Schepdaal, na Flandres e o ocorrido com Agostinho, provam que o mais inofensivo e minúsculo cão, quando no sítio errado, pode causar graves acidentes, sério dolo e até a morte de alguém. Não serão estas razões mais do que suficientes para cumprir a lei e conduzir os cães à trela nas suas deambulações pelos espaços públicos? Lamentavelmente, grande número de “entendidos” continuará a vaguear com os seus cães soltos sem pensar nas consequências que isso possa vir a ter, dos perigos que os seus cães correm e dos acidentes que poderão provocar. Estranhamente em Portugal, não está escrito em lado nenhum que só pode ter um cão quem goze do seu perfeito juízo, até mesmo no que concerne aos proprietários de cães perigosos, a quem somente é exigido um registo criminal limpo, um seguro de responsabilidade civil e a esterilização dos animais perigosos que não tenham LOP (Livro de Origens Português). Há quem diga por aí que os cães estão a ser supervalorizados em relação aos humanos, o que eu sinceramente não acho, muito embora haja casos pontuais onde isso pareça acontecer, até porque exageros sempre os houve!
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