Hoje
falar de cães é falar praticamente de tudo, porque eles nunca estiveram tão associados
a nós e em tão grande número, fazendo hoje parte indissociável das famílias e
da nossa cultura, o que certamente irá obrigar os envolvidos no seu panorama a
uma constante actualização e a um maior saber, porque o comboio da informação
passa depressa e não se detém em apeadeiros. Como é do conhecimento geral, as
igrejas históricas na Europa estão cada vez mais vazias, porque são poucos os
que mandam baptizar os filhos (baptizariam mais depressa os seus cães), os
casamentos saíram de moda e a maioria dos funerais dispensa os bons ofícios de um
sacerdote – o povo não vai à igreja!
Alarmados
com esta situação, alguns responsáveis pelas igrejas entenderam reevangelizar a
Europa a partir dos imigrantes vindos doutras partes mundo, estratégia em que
podemos englobar as católicas JORNADAS
MUNDIAIS DA JUVENTUDE, que desta feita se realizarão este ano em
Lisboa, entre os dias 1 e 6 de agosto. Não obstante, a igreja católica,
conhecedora da profunda afeição que liga os homens aos seus cães, tem deitado
mão de outra estratégia missionária ao encher as suas igrejas de cães, na
esperança de cativar os donos e de voltar a encher os seus bancos, a pretexto
de protectoras benzeduras. Debaixo deste mesmo objectivo e seguindo o princípio
corânico que diz “se a montanha não vai a Maomé, vai Maomé à montanha”, vários
padres e frades têm vindo a associar-se com algum tacto às celebrações do DIA DO ANIMAL,
dando-lhe um cunho religioso que elas não tinham.
Em termos práticos, tudo o que a igreja católica aceita é igualmente aceite pela anglicana e o que é válido para uma é igualmente válido para outra, porque são duas faces da mesma moeda e não foram razões doutrinárias que determinaram a sua separação. As catedrais de Lincoln, Durham e Wells já aceitam cães e a de Chichester foi a última a recebê-los. Curiosamente, a construção desta catedral remonta ao ano de 1075 (270 anos antes da Catedral de Notre-Dame de Paris), foi chamada de Catedral da Santíssima Trindade e é hoje sede do bispo anglicano de Chichester.
Escusado
será dizer que os cães terão à sua espera água à discrição e alguns petiscos do
seu agrado, para que se agradem daquele espaço e queiram lá voltar. Por seu lado,
os seus donos sentir-se-ão em dívida perante tal acolhimento, o que os poderá
fazer retornar àquele local de culto. Mas como para tudo são precisas regras, a
Catedral de Chichester exige aos visitantes com cães que circulem com eles à
trela, que devem apanhar os seus dejectos e que os animais sejam bem
comportados para não incomodar os outros visitantes.
Não
se sabe ao certo qual o retorno que estas igrejas têm tido destas acções para
além do apreço popular, o que não impede que continuem perseverantes no seu
esforço missionário, lembrando o que disse São Paulo na sua primeira carta aos
Coríntios, no capítulo 9, versículo 22: “Fiz-me como fraco para os fracos, para
ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a
salvar alguns.”
Não me cabe a mim julgar da justeza de tais acções, apesar de discordar dos seus pressupostos dogmáticos. Agrada-me de sobremaneira, para isso Deus cá me mantém, que mais pessoas conheçam a Sua palavra e qual o Seu propósito para as suas vidas. Só espero que no meio de tanta agitação e confusão não comecem a encomendar cães para o céu, a substituir no presépio a vaca e o burro por um cão e um gato ou por um casal de cães!
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