quinta-feira, 30 de abril de 2020

O CORREDOR DE SUDBURY TEVE MUITA SORTE!

Em Sudbury, cidade inglesa no Condado de Suffolk, na Shelley Avenue, no passado dia 23, um tal de Mark Nixon, enquanto fazia a sua corria matinal, passou por duas senhoras que passeavam os seus cães separadamente. De repente ouviu um grito de “gelar o sangue”, ao olhar para trás, viu uma das senhoras caída e o cão dela a ser mordido por outro por outro maior. De acordo com as declarações do corredor, a dona do cachorro agredido tentou colocar-se entre os cães, mas o cão maior não lho permitiu, por ser demasiado grande, forte e demasiado agressivo. “Eu voltei para trás e tentei separar o cão, mas ele estava trancado no outro” – disse o corredor, que ainda acrescentou: “A senhora que ajudei ficou extremamente abalada e teve um grave lesão no ombro.” Mark Nixon (o corredor) acabou por ser mordido quando interveio, apesar da dentada não lhe ter causado qualquer lesão. A dona do cão agressor foi identificada e advertida pela polícia.
Em situações destas, quem não sabe o que fazer deve ficar quieto e não se meter no meio da briga, para que não venha também a ser vítima do cão agressor, o que acontece com alguma frequência acidental ou deliberadamente. Separar cães é algo que não está ao alcance de todos, carece de sangue-frio, conhecimento e experiência, considerando o particular do cão agressor, a integridade do cão agredido e a salvaguarda de quem se propõe separá-los, isto se tivermos em conta o bem-estar dos animais. Dito isto, o corredor de Sudbury teve muita sorte porque podia ter saído daquele incidente bastante mal tratado.

STUTTGART E OS LOBOS

Na Alemanha, o Estado de Baden-Württemberg, do qual Stuttgart é capital, aprovou até à presente data 259 projectos de protecção de rebanhos para proteger ovelhas, cabras, gado e cavalos dos lobos, num valor total de 682.000 euros, destinado a cercas eléctricas, cães protectores de rebanhos e indemnizações por animais abatidos, segundo anunciou hoje Markus Rösler, porta-voz da política de conservação da natureza do grupo parlamentar dos Verdes, que disse ainda que 238 candidatos já receberam tal ajuda.
Desde 2018 que há mais lobos nos distritos de Freudenstadt e Calw, porque lobos vindos da Baixa Saxônia estabeleceram-se ali a partir do Outono de 2017. Na região dos lobos ao norte da Floresta Negra, os pastores com cães de proteção de rebanho recebem de manutenção cerca de 1950 euros – segundo disse Rösler. Segundo a mesma fonte, em 14 casos, os criadores de animais foram compensados com um valor superior a 11.000 euros quando um lobo rasgou um dos seus animais. É bom saber que há lugares onde os lobos continuam a ser lobos e não um coro desesperado e dolente de eunucos pertencente a uma alcateia com os dias contados.

NUM RAIO DE 100 METROS

Não é fácil adequar uma aula de ginástica canina num raio de 100 metros a partir da minha porta de casa, com os cães atrelados e com a diversidade de obstáculos que exige, mas com criatividade e sentido prático tudo é possível, graças à experiência que tende a suprir as necessidades. Na foto acima, como introdução aos “obstáculos de projecção negativa”, valemo-nos dum comum banco de jardim e convidámos os cães a saltá-lo das costas para o assento. Na foto anterior vemos a Patrícia com a Keila a saltá-lo no seu 3º momento. A menina parou para olhar para a cadela, causando-lhe assim impacto visual (travamento) quando deveria continuar a correr, uma vez que a cadela ainda se encontrava em suspensão. Na foto seguinte vemos o Pedro no mesmo momento do salto com a Nala e a incorrer no mesmo erro. Contudo, os dois irmãos parecem já ter compreendido quais as ajudas a dar aos seus cães nas transposições.
Num estilizado banco de uma praça, alusivo a um motivo que ainda não descobri, aproveitámos para treinar comodamente o “quieto” a partir da rotação dos lugares de donos e cães, com eles sentados e não ditados para que se sentissem mais à vontade e dali saíssem facilmente caso se sentissem ameaçados (as cadelas levam 15 dias de treino).
Para que tudo aconteça sem atropelos e o afastamento dos donos seja melhor tolerado, valemo-nos de dois marcos do correio, colocando os donos por detrás deles e os cães soltos na sua frente (as trelas jogadas no chão disso dão testemunho).
O Adestrador, como sempre, para matar saudades e não perder faculdades precocemente, agarrou no CPA Bohr e levou-o a saltar um caracol de prisão para bicicletas urbanas, exemplo que foi imediatamente seguido pelos restantes condutores.
A foto que se segue, referente ao mesmo exercício, mostra o Pedro a conduzir a Nala acertadamente. Acertadamente porquê? Porque é visível a sincronia entre a ajuda de mão do condutor e a acção do animal - a cachorra ainda está a subir e a mão do condutor auxilia o seu movimento (o rapaz está a começar a acertar. Qual é o título da canção mais famosa do falecido Leonard Cohen?).
Aproveitámos uma velha roda de tirar água para as populações de tempos idos e colocámos lá os três cães como se fizessem parte daquele histórico engenho. Conforme a foto elucida através das expressões mímicas dos cães nela retratados, os animais estiveram perfeitamente à vontade, cómodos e com os olhos nos donos, como convém.
Todos sabemos que os cães melhoram substancialmente as suas tarefas com o tempo e o treino. Os nossos estão cada vez a saltar mais alto, melhoria que os capacita a lidar melhor com as alturas por já terem aprendido a sair delas. Por outro lado, a subida à caixa eléctrica visou também o robustecimento do carácter dos animais.
Num muito para além do que nos é permitido ir, encontrámos umas escadas e convidámos os binómios a descê-las, isentando os cães de fazê-las atrás dos donos como seria de esperar. E Isto porquê? Para não subjugar em demasia as cadelas e não concorrer para o seu demérito, porque uma é pouco segura e a cachorra deverá crescer na perspectiva que tudo está ao seu alcance. Mais tarde, quando estiver liberta de medos, não deixaremos de refrear-lhe os ímpetos e de proceder ao seu controlo absoluto.
Já na subida das escadas procedemos de maneira inversa ao mandar os cães “à frente”, o que de certa maneira facilitou a vida aos seus condutores (foram rebocados), porque queremos que os cães se acostumem a circular na frente dos seus mestres debaixo de ordem, vindo mais tarde e dessa forma a protegê-los em ruas mal iluminadas ou em caminhos pouco seguros, utilidade para a qual a subida de degraus concorre decisivamente.
Procuramos sempre que possível actividades ou exercícios em que donos e cães sejam obrigados a fazê-lo lado-a-lado, não só por causa dos alinhamentos ou das progressões alinhadas, mas também e particularmente para aumentar a cumplicidade entre donos e cães, revestindo-os assim de superior unidade de propósitos. Na foto seguinte vemos o Pedro e a Nala a ultrapassar correctamente uma cerca de jardim.
Sobre um “jogo da macaca”, agora interdito às crianças neste tempo de pandemia, colocámos os binómios para lembrar-lhes que podemos treinar sobre aquele jogo e debaixo das suas regras o “alto”, o “senta”, o “de pé” e o “em frente”, quando importa que estes comandos sejam executados com precisão.
Para terminar, convidámos os binómios presentes a sentar-se num miradouro virado para o rio, com as cadelas comodamente sentadas a seu lado, imagem clara da coabitação entre humanos e cães que se deseja profícua e harmoniosa (pelo semblante da Patrícia, ela parece já ter ido rio abaixo, para muito longe).
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Paulo/Bohr, Patrícia/Keila e Pedro/Nala. O Afonso foi para a mãe e o Paulo Jorge encarregou-se das fotografias como é seu hábito. Entretanto soubemos que o Tomás foi devolver o cão à criadora, o que se compreende diante das suas actuais responsabilidades familiares.

MAIS VALE UM PÁSSARO MÃO DO QUE DOIS A VOAR

Independente do seu número, nação, raça ou credo, todos os nossos visitantes são bem-vindos. Por vezes dedicamos especial atenção aos mais raros, que por razões várias têm mais dificuldade em contactar-nos. Ontem, o que não acontecia há vários anos, tivemos uma visita da Nigéria, país africano conhecido como "O Gigante da África", devido à sua grande população e economia. Com cerca de 174 milhões de habitantes, é o país mais densamente habitado daquele continente e o sétimo país mais povoado do mundo. Esta nação africana é habitada por mais de 500 grupos étnicos, cujos três maiores são os hauçás, os igbos e os iorubas. No que concerne aos credos religiosos, o país é dividido ao meio entre cristãos, que na sua maioria vivem no sul e nas regiões centrais, e muçulmanos, concentrados principalmente no norte. Uma minoria da população pratica religiões tradicionais e locais, tais como as religiões igbo e ioruba. Para além do petróleo, a Nigéria tem uma riqueza cultural e etnográfica pouco vistas.
Como diz o povo, que por vezes se engana, “mais vale um pássaro na mão de que dois a voar”, é com muita alegria que estendemos o nosso caloroso bem-vindo a este leitor ou leitora que ontem nos visitou, que gostaria que não fosse o único, mas o primeiro de muitos nigerianos a visitar-nos. Quanto à Nigéria, cujo lema é “Unidade e Fé, Paz e Progresso”, não podemos desejar-lhe mais do que unidade para levar o país para diante, confiança no trabalho a desenvolver, paz para haver mais justiça social e progresso para alcançar maior riqueza. Que venham mais da Nigéria, pois estamos preparados para recebê-los com muita alegria.

NENHUM É MELHOR DO QUE OUTRO

Recebemos anteontem um email de um leitor que indevidamente confundiu-nos com a polícia, com um centro de treino canino que nos é alheio e com pressupostos de ensino que abominamos. Para que fique bem claro: ESTA PLATAFORMA SOCIAL NÃO APOIA OU RECOMENDA OUTRA ESCOLA PARA ALÉM DAQUELA QUE REPRESENTA – A ACENDURA BRAVA. A determinado momento do email, o seu autor faz saber que o responsável da tal escola “critica quem resgata cães abandonados, como aconteceu com uma aluna sua que resgatou um cão e foi chamada de "estúpida" e ainda o ouviu dizer que quando se encontra um cão na rua, deixa-se o animal onde estava.” Custa-nos a acreditar que alguém com responsabilidades no adestramento possa dizer tamanha barbaridade nos tempos que correm, onde os direitos dos animais são ponto assente e letra de lei.
Mesmo assim, como estamos cá para esclarecer, adiantamos desde já que nenhum cão é melhor do que outro só por ter pedigree e que todos têm ou manifestam habilidades diferentes. Mais, é obrigação do adestramento descobrir essas habilidades individuais e cabe aos adestradores saber usá-las, porquanto estão cá para servir e valorizar todos os cães sem excepção - nunca para impor ou institucionalizar a sua vontade pessoal (celebrámos à pouco a Liberdade e a Democracia). Nesta matéria, todo o “encantador de cães” que não conseguir ver para além dos velhos e caducos pressupostos selectivos caninos iniciados no final do Séc.XIX, que tanto mal fizeram aos cães em termos de saúde e esperança de vida, para além de evidenciar notória incapacidade e ausência de visão, corre no risco de vir a ser sepultado com eles (o mundo não pára!).
É evidente que os cães seleccionados pela endogamia e pela consanguinidade, na sua origem e/ou continuadamente, são animais com habilidades específicas para fins determinados, manifestando nessas aptidões menor margem de erro do que outros, o que não significa que sejam todos aptos e excelentes no desempenho que presidiu à sua criação. Por outro lado e em paralelo, a artificial potenciação de instintos, impulsos e sentidos, perpetrada pela ingerência humana na selecção dos cães, exagero que ultrapassou a sua evolução natural, trouxe consigo um conjunto de incapacidades físicas e psicológicas que a selecção natural canina há muito tem vindo a resolver, sendo os “rafeiros” um claro exemplo disso, o que nos leva a declarar que quanto mais rafeiro for um cão, mais saudável será.
Aqueles que circulam pelo mundo do adestramento há algum tempo sabem que a maioria dos desacatos entre cães e donos, alguns com graves consequências, acontecem com animais padronizados e que estes não são próprios para as “mãos” de toda gente, exigindo como pré-requisitos donos experientes ou com características próprias para conduzi-los, condições que a esmagadora maioria dos rafeiros, quer sejam castrados ou não, raramente exige e que a maioria dos donos não reúne. Se porventura alguém duvidar disto, basta-lhe consultar qualquer lista nacional de ataques caninos, que logo verá quem atacou, mordeu e matou mais, se os “puros” ou os rafeiros (SRD). Apesar de subsistirem excelentes raças caninas próprias para acompanhar crianças como companheiras de brincadeiras e diabruras, não tenho pejo nenhum em dizer e não estou a fugir à verdade, que cachorro por cachorro, sempre optaria por entregar a uma criança pequena um cachorrinho de raça indefinida a pensar no seu bem-estar e integridade.
Mais do que na raça, há que considerar os indivíduos e em todos eles há uma multivariedade de mais-valias. Cães oriundos de abrigos e sem raça específica têm dado excelentes animais de companhia, terapia, detecção, salva-vidas, resgate, salvamento, policiais e até de guerra, ao reunirem as condições exigíveis para esses serviços, muito embora não haja dois iguais, sendo por norma indivíduos de controlo mais fácil ao operarem prontamente tanto a acção como a inacção, o cumprimento das ordens e a sua cessação, o que não deixa de ser uma vantagem considerável no desempenho binomial. Os métodos de treino canino carecem de ser universais, aptos para adestrar qualquer cão, independentemente da sua genealogia ou procedência, porque o que está em causa é o seu bem-estar e sem ele o rendimento dos cães, ao ser menor e nalguns casos até sofrível, acaba por espelhar o desaproveitamento do seu potencial individual e interactivo - é isto que entendemos, fazemos e aconselhamos, tendo consciência que o ensino dos donos é a tarefa mais difícil no adestramento.                                                             

terça-feira, 28 de abril de 2020

ANOITECER A TREINAR

Hoje realizámos mais uma curta sessão de treino dentro do tempo que nos é permitido e mantendo a distância social exigida entre os condutores neste período de pandemia. Os trabalhos incidiram sobre as disciplinas de obediência e guarda, havendo ainda lugar para a indispensável ginástica cinotécnica. Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Afonso/Nasha; Patrícia/Keila, Paulo/Bohr e Pedro/Nala.

SINGAPURA: NOS CONDOMÍNIOS NÃO!

Em Singapura, uma das maiores e mais prósperas cidades do mundo, tanto o exercício físico humano como passear cães não são permitidos nas áreas comuns dos condomínios, como parte das medidas de contenção contra o Covid-19. Foi isso que fez saber hoje a Autoridade da Construção Civil (BCA) ao dizer, mas não nas áreas comuns dos condomínios. “ que os moradores da cidade podem exercitar-se e passear os seus cães nas áreas públicas de acesso livre. “Essas áreas públicas podem ser qualquer caminho público, um espaço verde ou aberto que seja gerido ou mantido pelo governo ou por um órgão público e seja acessível ao público em geral sem pagamento de qualquer taxa", afirmou a agência atrás citada. Entretanto, moradores de 4 condomínios já foram multados por violar os regulamentos estabelecidos para mitigar a propagação da pandemia, gente que utilizou academias e piscinas.
A mesma (BCA) disse que apesar de existirem muitos condomínios privados e fechados com áreas comuns como jardins, playgrounds, piscinas, outros espaços e caminhos abertos, estes não podem ficar lotados e impedir o distanciamento social necessário e obrigatório. “Portanto, todas as instalações desportivas ou recreativas nos empreendimentos com essas divisões deverão ser encerradas neste período e os seus residentes estão impedidos nessas e noutras áreas comuns.” Este regulamento entrou em vigor no dia 08 deste mês e faz parte das medidas temporárias relativa aos Regulamentos Covid-19 (Ordem de Controlo 2020). Neste momento, Singapura está a passar por um período de medidas restritivas para evitar a disseminação do coronavírus, o que levou entre outras coisas ao encerramento das escolas e à maioria dos locais de trabalho. Os seus habitantes foram instados para ficarem em casa o máximo possível, muito embora possam sair para actividades e exercícios essenciais. Para nós, que nos encontramos na mesma situação, esta lei cingalesa não nos causa qualquer admiração.

KÖLN: UM EXEMPLO A SEGUIR

Em Köln (Colónia) na Alemanha os donos dos cães podem agora registar oficialmente os seus cães on-line na cidade, o que veio facilitar um processo até agora complexo, que obrigava a deslocação dos donos a dois escritórios: ao tributário e ao da ordem pública (parece que na Alemanha também se paga a licença canina duas vezes como querem fazer por cá). Como as autoridades da cidade anunciaram, o registo on-line não facilita só os procedimentos como diminui também o tempo de processamento, uma vez que transferência de dados é agora mais célere.
As taxas também podem ser pagas directamente através do sistema de pagamento online Paypal. De acordo com as autoridades da cidade, 37.000 estão registados em Köln, cerca de 450 novos registos são adicionados à administração fiscal e 100 à administração pública. Todos os cães carecem de ser registados na Administração Fiscal da cidade por causa do imposto e os cães particularmente grandes, pesados ou de determinada raça necessitam ainda de ser registados no escritório de Ordem Pública. A isto chama-se desburocratizar e facilitar, coisa que administração alemã, por ser prática, é há muito versada. Nesta área, o exemplo de Köln ultrapassará com grande facilidade as fronteiras da Alemanha.

A SICS DIZ-SE PRONTA

Os cães salva-vidas da Escola Italiana de Cães de Resgate (SICS) nunca abandonaram os seus exercícios de treino, graças ao uso dos canais digitais dos seus donos, encontrando-se agora prontos para retornar às praias e bancos na fase de reiniciação que se avizinha, não apenas como ajuda aos resgatadores, mas também como apoio "emocional" para aqueles que retornam ao mar, lagos e rios com todas as precauções necessárias para o Covid-19 - 2ª fase. “As nossas unidades caninas - Diz Ferruccio Pilenga, Presidente Nacional da Sics - representam uma pequena força-tarefa especial, que pode ser usada para auxiliar e apoiar os sistemas tradicionais de segurança à beira-mar. É por isso que o Sics agora estará mais disponível do que nunca para instituições com mais de 350 unidades operacionais para cães". Os cães desta escola de salvamento dentro de água são na sua maioria Terras-Nova, Labradores e Goldens Retrievers. O facto dos cães não infectarem os humanos com o coronavírus, torna-os ainda mais valiosos e seguros nas operações de resgate.
Apesar do distanciamento social obrigatório ter interrompido os cursos semanais nos locais usuais, a Escola Italiana de Cães de Resgate recorreu a métodos alternativos, dando durante dois meses aulas em plataformas de participação na Web ou até mesmo tutoriais através de vídeos interactivos partilhados via chat. Assim, os instrutores conseguiram acompanhar os processos de aprendizagem dos alunos de quatro patas em tempo real, para mostrar a sequência a ser realizada e entregar a "lição de casa" estritamente em casa. Os alunos têm gravado os vídeos dos treinos, pedido conselhos, enviado fotos e todos os fins-de-semana partilham o resultado final, demonstrando em simultâneo grande criatividade e uma tenacidade incrível para encontrar de espaços disponíveis até agora inimagináveis, como o jardim da casa (só para os mais afortunados), varandas, salas de estar corredores, cozinhas e garagens. Pelo menos, uma vez que alemães e franceses falharam na ajuda aos italianos na 1ª fase do Covid-19, os transalpinos podem contar com os seus cães salva-vidas na 2ª fase da pandemia em Itália.
OBS: Este texto teve como base o artigo “In attesa della Fase 2 i cani da salvataggio si allenano sul web” da autoria de Guido Minciotti, editado hoje no Argumenti.ilsole24ore.com.

INGLESICES

Nos momentos de crise que assolam as nações e é preciso levantar o moral do povo, dar-lhe esperança para seguir o caminho já percorrido, há sempre alguém que se agiganta com o seu exemplo, tornando-se automaticamente num herói a seguir. E nisto de brados, de gritos de esperança, de nunca desistir, há que tirar o chapéu aos ingleses, porque duma forma ou de outra, acabarão por mostrar-se indomáveis, independentemente do sacrifício a que se vejam sujeitos, teimosia histórica digna de admiração. Durante a presente pandemia, que “mata velhos que nem tordos”, um homem que vai fazer 100 anos de idade depois de amanhã, Thomas Moore, conhecido como Capitão Tom, um ex-oficial do Exército Britânico, que serviu na Índia e na Campanha da Birmânia durante a II Guerra Mundial, um intrépido e solidário sobrevivente, “ressuscitou” nos britânicos a histórica confiança que sempre conduziu a “Velha Albion” às vitórias.
Mas que actos ou façanhas relevantes empreendeu o velho, gasto e curvado Tom? No passado dia 06 deste mês, aos 99 anos de idade, começou a passear ao redor seu jardim com a ajuda de um andarilho, com objectivo de arranjar mil libras no seu centésimo aniversário para doá-las à “NHS Charities Together”, uma federação com mais de 250 organizações de caridade que apoiam o Serviço Nacional de Saúde (NHS), as suas equipas, voluntários e pacientes no Reino Unido. O velho soldado só pretendia uma coisa – combater o coronavírus salvando vidas! Anteontem, dia 26, ele já tinha angariado mais de 29 milhões de libras! Logo no início da sua caminhada, apareceu numa versão cover da canção “You'll Never Walk Alone” (Nunca Andarás Sozinho) com Michael Ball, single que chegou ao 1º lugar do ranking britânico. Para ouvi-lo basta clicar em https://www.youtube.com/watch?v=LcouA_oWsnU.
É sabido, seja lá onde for, que a esmagadora maioria dos cidadãos não morre de amores pela polícia e pelos polícias, só a procurando em último caso – quando precisam dela. A polícia britânica também está ciente disso e consecutivamente intenta melhorar a sua imagem junto do público, empreendendo várias campanhas neste sentido, valendo-se inclusive do patriotismo ferrenho presente nos ingleses, particularmente nos mais velhos. Agora aparece a polícia de West Midlands a apanhar boleia nas caminhadas do Capitão Tom Moore, dizendo que o seu nome encabeça a lista de nomes a atribuir aos seus cachorros. Mais, que um deles, um Pastor Holandês com 2 meses de idade, levará o nome de Capitão Tom, devido ao seu pai ser um cão-polícia em Hampshire e Thames Valley… e ter raízes em Yorkshire, como o futuro centenário. Um porta-voz desta polícia disse ainda que “o cachorro será carinhosamente conhecido como Tommy e espera-se que também faça uma grande diferença na ajuda a outros no futuro.”
Este Pastor Holandês, cuja raça é cada vez mais constituída por Malinois, guardando da original pouco mais que o tigrado, certamente não foi seleccionado para detectar a presença de vírus, mas para ser um cão auxiliar de patrulhas e para dar caça a criminosos, valendo dessa forma à sociedade. O altruísmo do velho soldado e a sua campanha serviram perfeitamente os objectivos da polícia, numa simbiose tão perfeita que podemos considerá-la como “ouro sobre azul”. Oxalá o Tommy consiga levar de vencida o programa policial de formação (renomado mundialmente) e venha a ser um excelente operacional no próximo ano, porque, quanto ao nome, não poderia ter outro mais auspicioso.
É possível que em alguns lugares mais frívolos do planeta, o Capitão Thomas Moore fosse aconselhado a resguardar-se, a pôr-se na cama ou acabasse internado “por não estar bem da cabeça”, até porque a diferença que separa o heroísmo da loucura é por vezes muito ténue. Se por cá aparecesse, antes do surgimento do Capitão Tom, um velhinho semelhante, com a mesma ideia e a cirandar no quintal sem máscara, bem depressa seria trancado pela polícia dentro de casa e entendido como um doente mental. Mas depois do sucesso do veterano inglês, ainda é possível desencantarmos um, exactamente como inventámos o “heróico” Martim Moniz, aquando da Conquista de Lisboa, que já se provou nunca ter existido. Apesar de podermos chamar os mortos de heróis para animar os vivos ou para diminuir a dor da sua separação, os verdadeiros heróis são aqueles que sobrevivem, que prestam homenagem ao sacrifício dos mortos e que tomam nas suas mãos as rédeas do futuro.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

MAIS VALIA TEREM FICADO EM CASA

Ontem de manhã, um casal de austríacos lembrou-se de ir brincar com os seus dois cães para o leito do rio Ridnauner, perto da aldeia de Mareit, Município de Bach, no Estado do Tirol. Na sequência das brincadeiras, os animais acabaram por ser levados pela corrente, apesar do esforço inglório dos seus donos em resgatá-los, que estiveram também prestes a ir pela água abaixo, não fora o auxílio pronto de alguns transeuntes. Quando se soube que havia duas pessoas em risco dentro de água e não se sabia exactamente qual a sua localização, foram mobilizados para aquela área cerca de 20 bombeiros que em vão bateram os dois bancos do rio.
Também o helicóptero de resgate Pelikan 2 voou para Mareit, cuja equipa de emergência acabou por atender o casal encharcado e em estado de choque, contudo ileso. Os cães viriam a ser encontrados mortos pelos bombeiros e pelos seus camaradas do serviço de resgate nas montanhas, não muito longe de Mareit, no Ridnauner Bach, junto a uns açudes ali existentes. Bem sei que na Áustria tudo é pago, mas um disparate destes podia ser evitado e a vida dos animais poupada. Estes donos deveriam ter ficado em casa, porque devido aos seu disparate, acabaram por obrigar à mobilização de meios e pessoas que poderiam fazer mais falta noutro lado. Depois da sua irresponsabilidade, será que este casal poderá ainda vir a ter mais cães? Se sim, até para ser cão é preciso ter sorte e nalguns casos muita!

A TUKA JÁ CHEGOU A CASA

A cachorra CPA negra “TUKA”, agora com 3 meses de idade e 16 kg de peso, retida na criadora para além do desejável devido à presente pandemia, chegou finalmente à sua nova casa e à família que a aguardava com expectativa. A Tuka irá crescer junto das duas crianças da família, das quais será companheira de brincadeiras e protectora. A viagem para a sua nova casa foi um pouco acidentada, porque nunca tinha andado de carro e acabou por vomitar. Estranha a princípio, pouco a pouco foi-se ambientando, vindo a empoleirar-se na sua dona - a Rita, que se estreou no adestramento com a Salsa – a Cão de Gado Transmontano do nosso encantamento.
Desejamos que o relacionamento entre a cachorra CPA e a sua nova família atinja a excelência e que animal dê mostra das qualidades que geneticamente transporta, capazes de fazer dela um excelente cão de família e uma óptima guardiã, já que tem tudo o que precisa para tal. No meio disto, a criadora da Tuka despediu-se da cachorra com uma lágrima ao canto do olho, o que se compreende pelo tempo que passou com ela (descansa Carla que a cadela foi parar a boas mãos). Fazemos votos que a Tuka cresça forte e sadia como até aqui, porque para o próximo mês iniciaremos o seu treino e esperamos que exceda as nossas expectativas mais optimistas. Parabéns à família pela sua aquisição!

QUANDO NOS LIVRAREMOS DESTAS SITUAÇÕES?

Estamos fartos de avisar que os cães são predadores, que só devem ser soltos onde lhes for permitido e na certeza de obedecerem prontamente aos seus donos, porque doutro modo poderão causar avultados prejuízos, graves acidentes, ferir e abater outros animais, atacar pessoas, tirar-lhes as vidas e colocar a deles também em risco. Assim aconteceu mais uma vez em Olching, Município alemão que integra o Distrito de Fürstenfeldbruck, na Alta Baviera, onde um veado com 1 ano de idade foi encontrado morto dentro de uma cerca, na passada Quinta-feira.
O veado foi encontrado de cabeça esticada sobre margaridas e dentes-de-leão, deitado de lado e com uma ferida vermelho-escura sob a cabeça, sinal inconfundível de que foi mordido por um cão até à morte. O incidente causou profunda consternação entre os caçadores da região, que adiantam ser o cão envolvido um reincidente, porque os cães quando caçam pela primeira vez mordem as pernas da presa nalgum lugar ou arrancam-lhe um pedaço de carne, mas este já sabia ao que ia, atacou a garganta da presa para sufocá-la e só a largou depois de morta.
Quando nos livraremos de situações destas? Provavelmente quando os menos esclarecidos, os impensados, os tontos, os irresponsáveis e os malvados forem inibidos de ter cães. Até lá, para mal de várias espécie animais, estas situações continuarão a repetir-se e a chocar quem tudo faz para preservar a vida animal e a de todos nós. Caso o dono do cão venha ser identificado, que pena merecerá? Um ano de prisão efectiva? Parece-me pouco!

MAIOR NÚMERO DE ARGENTINOS

O maior grupo de leitores que temos da América Latina vem do Brasil, que logo a seguir a Portugal, é o país que mais visitas nos dá, o que se compreende face à nossa edição em língua portuguesa. Ao longo da nossa história, sempre temos diariamente 2 ou 3 leitores latino-americanos e pouco mais. Chile, Costa Rica, Equador, México, Peru, Uruguai, Venezuela e Argentina estão neste caso, mas ontem, excepcionalmente, tivemos 14 leitores só da Argentina, o que muito nos alegrou, porque os países do “Sol de Maio” (1) (Argentina e Uruguai) são-nos gratos e temos com eles laços históricos, sanguíneos e culturais.
A minha ligação pessoal com o Brasil, Uruguai e Argentina tem a ver com os gaúchos, lendários, duros e valentes cowboys da América do Sul, ao lado de quem orgulhosamente cavalguei, apesar de me encontrar ligado ao Brasil e às suas colónias alemãs por outras razões.
Resta-nos estender o nosso bem-vindo aos argentinos que só agora nos conheceram, na esperança que continuem a visitar-nos e que convidem outros a fazê-lo, gente da grande família ibero-americana cuja comunhão de sentimentos ultrapassa a distância que nos separa. Longa vida para a Argentina e para os argentinos, nação irmã, gente também nossa!
(1) O Sol de Maio é um dos emblemas nacionais da Argentina e do Uruguai, presente nas suas bandeiras e escudos. É uma representação do deus do sol Inca, Apu Inti.   

domingo, 26 de abril de 2020

UMA NINHADA QUE FICA PARA A HISTÓRIA

O cemitério parisiense Père Lachaise, um dos mais famosos e importantes cemitérios do mundo, cuja origem remonta ao Séc. XII, na altura repleto de vinhas pertencentes à Igreja, foi comprado em 1430 por um comerciante que ali construiu uma pomposa residência, vindo depois a propriedade a cair nas mãos dos jesuítas no Séc. XVII. O nome do cemitério é uma homenagem a François d'Aix, senhor de La Chaise (Saint-Martin-la-Sauveté, 25 de Agosto de 1624 — Paris, 20 de Janeiro de 1709), dito Père La Chaise, sacerdote católico, confessor de Luis XIV, sobre quem exerceu influência contra o Jansenismo. Após a expulsão dos jesuítas, o terreno foi entregue à cidade por Napoleão Bonaparte, construindo-se ali um cemitério inspirado nos jardins ingleses (hoje muito mal cuidado).
Mas não é de história que queremos falar, mas sim de uma ninhada de raposas nascida dentro dos terrenos deste cemitério, que foi fotografada pelo seu curador. As fotos foram postadas no Twitter por Pénélope Komitès, Vice-Prefeita de Paris encarregada dos espaços verdes, da natureza, da biodiversidade e dos assuntos funerários. De acordo com um funcionário desta necrópole, as raposas já se encontram ali desde o passado mês de Fevereiro, chegada que coincidiu com a cessação do uso de pesticidas neste mítico cemitério, mítico também pelos vultos que alberga.
Com os homens maioritariamente confinados em casa, com as ruas e os espaços públicos desertos, os animais selvagens avançam para tudo quanto é lado, como se estivessem a reclamar um território que já foi seu. Em França, em Portugal, por todo o mundo, o momento actual tem sido uma época de redenção para a vida selvagem, que avança sem temores até à soleira das nossas portas, como se já não existíssemos ou delas nunca mais voltássemos a sair.

HERE COMES THE SUN!

Talvez por sentir a alta dele, há quem julgue que o sol, ao trazer consigo o calor, irá acabar com o coronavírus, esperança infundada face à origem da pandemia que aconteceu bem perto da linha do equador. O sol não aniquilará o Covid-19, mas dar-nos-á ânimo para resistir-lhe, esperança em melhores dias vindouros, particularmente a nós portugueses, há quase mil anos temperados pelo astro-rei. Ontem o sol voltou a brilhar intensamente e ao fazê-lo realçou a primavera fecunda que invade os campos, o que nos transportou para célebre canção dos Beatles “Here Comes The Sun”, que aproveitámos como título para os nossos trabalhos de ontem. Na foto anterior, tendo como cenário uma sebe aparada e multicolor, vemos os cães em classe debaixo do comando de “quieto” e, na seguinte, um plano de pormenor onde constam a Keila, a Nasha e o Soneca.
Nos jardins que nos rodeiam, como se fizesse parte da paisagem, porque sempre a vemos a saltitar, destaca-se a nossa “borboleta sem asas” – a Nasha - uma Fila de S. Miguel treinada e apta para saltar continuamente tudo o que encontrar pela frente, fazendo-o com alegria, rara beleza e praticamente sem grande esforço.
Cão que é-nos muito querido, o Soneca voltou ao nosso convívio e às aulas, maroto como sempre e pleno de alegria, um duende de 4 patas na verdadeiras acessão da palavra. Na foto abaixo vemo-lo a executar o comando de “Para trás” (recuar). Assim como os cavalos, que só não recuam se não souberem ensiná-los, também com os cães se passa o mesmo. Pôr um cão a recuar não é difícil e há muitas maneiras de fazê-lo. Contudo, o movimento perde o seu sentido e fulgor se os animais não o executarem alegremente (o pormenor da cauda sempre desnuda se o comando está ser feito com alegria ou não).
Os Labradores, por razões relativas à sua selecção e uso, que legitimaram uma morfologia e biomecânica próprias, não demonstram a mesma disponibilidade atlética visível nos lupinos, vulpinos e lebréis. Por outro lado, como cães de grande fidelidade e interacção, acusam em demasia a repreensão e vivem para ser recompensados, pormenores do foro psicológico que deverão ser considerados na hora de treiná-los, para que não amuem ou ganhem aversão ao treino. Por causa disto, quantos mais Labradores treinar, melhor adestrador serei. Na foto abaixo vemos o Soneca a executar um salto sobre a perna do dono, onde o tão adorado churro se faz presente.
Em poucos dias, porque o Pedro é exigente consigo mesmo e a cachorra tem demonstrado uma extraordinária capacidade de aprendizagem, a pequena CPA já assimilou (vale a pena relembrar que tem apenas 5 meses de idade) 6 comandos direccionais, 4 de imobilização e 1 inibitório. Na foto seguinte vemos o binómio a executar o comando de “deita”.
Entretanto, não muito distante dali, infatigável e de ânimo inquebrantável, o Soneca continuava a saltar à volta do dono, a executar saltos sensivelmente a 100 cm do solo, o que para um Labrador não é muito comum, mas que o nosso faz como se nada fosse com ele.
Com uma estátua pela frente, própria para uma moldura, acrescentámos-lhe dois cães para completar o quadro: a Nasha e o Soneca. Se olharmos para as expressões mímicas do Labrador, percebemos automaticamente que se encontra desconfortável debaixo daquela cadeira de bronze, quiçá por precisar de correr e saltar mais amiúde, o que por enquanto é impossível e remete-o somente para o “passeio higiénico” (a pandemia também anda a tresloucar os cães).
Para alegrar quem passava, fizemos um túnel humano e pedimos ao CPA Bohr que o atravessasse, trabalho que executou com grande à vontade. A execução do túnel, já que os condutores tinham os cães ao seu lado, prestou-se também à sua sociabilização e ao reforço do comando de “quieto”.
Com os restaurantes fechados, os seus proprietários tiveram, para não agravar mais a sua situação económica, que enveredar pelo “Take Way”, política de sobrevivência que não poderá perdurar por muito mais tempo. Postados à porta e sem encomendas, patrão e empregadas observavam a nossa passagem. Para trazer-lhes alegria e quebrar a monotonia, passámos o CPA Bohr para a mão das meninas, enviando-lhes posteriormente as fotos para mais tarde recordarem.
Como a cadeira de bronze estava ainda no nosso trajecto, optámos por mandar o Soneca subi-la e colocar debaixo dela a Keila, porque esta cadela tem estado a responder muito bem ao comando de “quieto”. Contudo, isso não aconteceu nesta ocasião, dando a Keila a entender que se tinha enamorado do Labrador. Por detrás dos cães, lamentavelmente, pode ver-se um anúncio a dizer “liquidação total”, o que indica mais um loja encerrada e pronta a declarar insolvência.
O “Afilhado do Chefe”, apesar da sua tenra idade (parece que está mais alto), já executa com a Nasha exercícios e transposições com alto índice de dificuldade, próprios para binómios especialistas. Na foto seguinte vemos o binómio numa dessas acções, com a Nasha a saltar para um pé de candeeiro público com apenas 40 cm de abertura, 40 cm de largura e elevado a 90 cm do solo. A Fila fez aquilo “com um pé às costas” e o garoto mostrou-se simultaneamente garboso e desafiador.
Como foto de família, também para aprimorar o “quieto” dos cães, particularmente da Nala, cachorra que tem dois amores, o seu dono e Patrícia, sentámos os animais ao lado uns dos outros, para que os mais velhos ajudassem a cachorra a permanecer na figura e os restantes condutores servissem de reforço à ordem dado pelo seu dono.
No caminho de volta a casa, o Afonso ainda pediu à Nasha que saltasse um arbusto elevado a 120 cm e cuja copa tinha um diâmetro de 80 cm. A disponibilidade e à concentração da Fila são a todos os títulos louváveis. Quanto ao garoto, “faltou-lhe as pernas” e está por isso atrasado em relação à sua companheira, apesar de não ser fácil acompanhá-la, porque chega a atingir 45km/h de velocidade instantânea, o que obriga o seu condutor a adiantar-se na hora da partida para os saltos.
Com a Patrícia constantemente a esquecer-se das ajudas de mão para valer à Keila nos diferentes exercícios, não sobrou outro remédio ao Adestrador do que ajudar a cadela a fazer a chamada certa para entrar ao salto, apesar da Keila pouco ter colaborado.
Vindas na nossa direcção, mãe e filha observavam-nos com rara interesse. Viemos a saber que adoravam cães e que estavam encantadas com o comportamento dos nossos. Inesperadamente, a filha foi convidada para conduzir o Soneca. O cão portou-se bem e a menina mostrou-se encantada com a experiência.
Tão encantada que conseguiu convencer a mãe a juntar-se-lhe num obstáculo humano a ser ultrapassado pela Nasha. Apesar de ser a primeira vez que a Fila executou um salto destes em liberdade, tudo correu segundo o esperado e nenhuma das senhoras saiu dali com as costas arranhadas.
Como quadro primaveril e como testemunho da beleza que nos cerca, colocámos frente-a-frente a Nasha e o Soneca, tendo como pano de fundo um canteiro de crisântemos roxo e brancos, frontais ao café-esplanada de um amigo que não vê a hora de reabri-lo.
No finalzinho da nossa pequena ronda, exactamente no mesmo local, mas num plano diferente, convidámos a Patrícia a posar com o CPA Bohr, para que este melhor se adapte a ser conduzido por uma segunda pessoa quando tal se justificar (situações de socorro e de emergência).
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Afonso/Nasha; Jorge/Soneca; Paulo/Bohr; Patrícia/Keila e Pedro/Nala. As fotos estiveram ao encargo do Paulo Jorge, o cronograma das actividades foi respeitado, as metas foram alcançadas e os objectivos cumpridos. O sol esteve connosco e a primavera seduziu-nos como nunca, mas para mitigar a transmissão do coronavírus, tivemos que retornar a casa “em passo de corrida”.