Provavelmente os nossos
leitores nunca ouviram falar de THOMAS
BLOCK, um ilustre jornalista berlinense para mim também desconhecido,
que me chamou à atenção num editorial que escreveu e que foi publicado
anteontem no jornal diário alemão SÜDWEST
PRESSE, intitulado “HUND
AUF DEM SOCKEL” (CÃO
NO PEDESTAL), onde avalia a relação dos alemães com os
seus cães, editorial que vale a pena ler em https://www.swp.de/hund-auf-dem-sockel-26856358.html,
porque a realidade alemã nesta matéria não difere muito da nossa e a análise
feita por Block é acutilante, reveladora, induz-nos à reflexão e à razão.
Como indicámos acima onde
ler o editorial em questão, vamos apenas sintetizá-lo e destacar as partes que
nos pareceram mais importantes. A introdução do editorial é magistral ao
contrapor a correcção, a ordem e a objectividade teutónicas com o
relacionamento (quase irracional) que os alemães têm com os sus animais de
estimação, porquanto “o animal de estimação está (para os alemães) nalgum lugar
entre o homem e o santo”. Na denúncia da mesma irracionalidade e estranheza, Block
adianta que em breve “haverá mais clubes de abrigos de gatos do que abrigos
para os sem-tecto”.
O exagerado cuidado com o
bem-estar dos animais, tem tomado conta das pessoas, levando-as ao
individualismo, à alteração de hábitos que desvaloriza a família e que leva ao
vazio provocado pela falta de relacionamento interpessoal. Block termina
dizendo que “Não há nada contra o facto de que um alemão correto, ordenado e
factual tenha uma saída emocional - desde que não prejudique nem os seres
humanos nem os animais”, num claro apelo à objectividade. Lá como cá, não
faltam radicais que aperfilham a máxima: “quanto mais conheço as pessoas, mais
gosto dos animais!”. Gostar de animais deverá servir para unir os homens e
torná-los solidários, não para endeusar animais e aumentar a indiferença pela
humanidade.
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