terça-feira, 9 de outubro de 2018

OUTONO QUENTE E PICADAS DE ABELHAS

Com a onda de calor que se faz sentir neste Outono, também devido aos fogos que deflagraram por todo o País, assiste-se por cá a um recrudescimento de picadas de himenópteros (abelhas e vespas). É sabido que as abelhas quando submetidas a grande privação ou stresse tendem a abandonar as suas colmeias e a procurar a sua sorte noutro lugar, sendo o calor excessivo uma das causas mais comuns para esse abandono, para além do ataque das formigas.
Vespas e abelhas não atacam deliberadamente as pessoas, mesmo quando enxameadas, já o mesmo não acontece com a vespa asiática que chegou à Europa em 2004 e que foi detectada em Portugal em 2011, que tende a atacar quem se aproximar dos seus ninhos voluntária ou involuntariamente. As abelhas que cá temos não se podem considerar perigosas ou mortíferas, como acontece noutros continentes, onde certas espécies são altamente perigosas e letais para pessoas e animais (neste momento a Guiana Francesa está a viver um problema sério).
Contudo, há cães que têm o mau-hábito de caçar os insectos que lhes atanazam a cabeça ou que estão ao seu alcance. Felizmente nem todos são alérgicos às picadas dos insectos, mas muitos acabam por desenvolver uma reacção alérgica grave em poucos segundos ou minutos, entrando em choque anafiláctico, também conhecido por anafilaxia, cujos sintomas são inchaço ao redor da picada, dificuldade em respirar, aumento da frequência cardíaca, feber, tremores, vómitos, diarreia e extremidades frias. Perante este quadro, porque se encontra em risco de morte, leve imediatamente o seu cão ao veterinário.
Mas como nem sempre temos um veterinário à mão e os acidentes acontecem quando menos se espera, se o seu cão for picado por uma abelha (nas comissuras labiais, na boca ou na língua), a primeira coisa a fazer é tentar extrair-lhe o ferrão, não com uma pinça, porque ao seu apertado poderá desprender-se e libertar mais veneno (o que mais agravaria a situação do animal), mas raspando-o com uma folha de cartolina, com o cartão de crédito ou com algo similar a uma espátula, lavando depois a zona afectada com sabão neutro. Para diminuir o inchaço e acalmar a dor, poderá aplicar gelo enrolado numa toalha ou ir aplicando compressas frias. Poderá também utilizar uma mistura de água com bicarbonato de sódio se a picada for de abelha ou vinagre diluído em água se a picada for de vespa. Como estes primeiros socorros não substituem os serviços do veterinário e podem não ser totalmente eficazes, nada como procurar um clínico.
Que medidas preventivas devemos tomar para evitar que os nossos cães sejam mordidos por himenópteros? A primeira coisa a fazer é aplicar-lhes um coleira repelente de insectos, um spray próprio ou usar um stick para o mesmo fim nas zonas onde o pêlo é mais curto ou quase inexistente. Não deixe o seu cão ao ar livre nas horas de maior calor, porque nessas ocasiões a proliferação de insectos é maior. Evite trajectos ao exterior rodeados de farta vegetação e de diferentes fontes de água, porque são lugares muito procurados por abelhas e vespas.
E como valer aos cães passa por educar os seus donos, quando sair à rua com o seu cão debaixo deste Outono ardente, evite sair perfumado e utilize um desodorizante sem aroma, porque os himenópteros sentem-se especialmente atraídos por odores doces, como também podem ser atraídos por bebidas com açúcar (refrigerantes e sumos) e por alguns alimentos. Assim, quando sair com o seu cão, mantenha garrafas e alimentos fechados, porque doutro modo, mesmo que o seu cão não seja picado, você está a pôr-se a jeito. E finalmente, desacostume o seu cão de caçar moscas, porque ele não é um entomologista e como tal, não sabe diferenciar uma mosca de uma abelha ou de uma vespa.
Mantenha-se atento, proteja o seu cão e deliciem-se neste Outono atípico e de breve duração, pois a chuva e o frio parecem não tardar de acordo com o que dizem os meteorologistas.
PS: Evite manter o seu cão acorrentado nos dias quentes para que possa pôr-se em fuga diante de um possível ataque de abelhas. Mantê-lo acorrentado é impedir-lhe a defesa e contribuir decisivamente para a sua eliminação.

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