Tive conhecimento deste FERNANDO MOURA (deve
haver por aí uns tantos com o mesmo nome) através de uma reportagem do FRANCE SOIR
on-line de hoje sob o título “CONTRE
LES INCENDIES, LES CHÈVRES “SAPEURS” AU SECOUR DES FORÊTS PORTUGAISES”.
Trata-se de um PASTOR
de 49 anos de idade, praticamente o último na Serra da Estrela, que 365 dias
por ano pastoreia o seu REBANHO
DE 370 CABRAS, animais que fazem parte de um projecto-piloto
lançado em Março pelo governo português, as ditas “CABRAS
SAPADORAS”, que ao comerem toda a sorte arbustos, mesmos nos pontos
mais íngremes, limpam as florestas e criam firewalls naturais, impedindo assim
que o fogo passe de uma área arborizada para outra em caso de incêndio. Nos
próximos cinco anos, as cabras deste pastor terão uma MISSÃO ESPECIAL: PERCORRER AS ENCOSTAS
DA SERRA DA ESTRELA PARA LIMPAR 50 HECTARES DE MATAGAIS E ARBUSTOS,
ganhando o seu proprietário 125€ por hectare no primeiro ano e depois 25€ nos
quatro anos seguintes, uma pequena mas importante renda extra para quem vive
apenas da carne, do queijo e do leite das suas cabras. O governo da “geringonça”
acabou assim por encontrar um método mais natural e económico de combater
incêndios. O ICNF (Instituto
da Conservação da Natureza e das Florestas) espera resultados visíveis
rapidamente, muito embora a eficácia do “PROJECTO
CABRA” só possa ser verdadeiramente avaliada passados 5
anos.
Fernando Moura, o feliz cabreiro,
disse à AGENCE FRANCE PRESSE
que no passado havia pela serra centenas de pastores como ele e que isso contribuía
para que houvesse menos fogos, também que o mato tomou conta das aldeias abandonadas,
hoje cobertas de vasta vegetação. O recrutamento de que foi alvo encheu de
contentamento o pastor, que está muito feliz ao ser incentivado a manter a sua
actividade, porque para além do seu importante “papel de vigilância”, está onde
sempre quis estar – junto às suas cabras! Uma vez até tentou ir trabalhar para
uma fábrica, mas não conseguiu, porque não podia desistir dos seus animais, do
rebanho que havia criado. Ao amanhecer, todos os dias do ano, este robusto pastor
estuda os cumes do PARQUE
NACIONAL DA SERRA DA ESTRELA e com passo seguro e
rápido, apesar do desnível, conduz o seu gado com gritos e assobios
aperfeiçoados ao longo da vida naquela montanha. Antes que a noite caia,
retorna com o rebanho saciado e guarda-o num cercado cravado no meio de rochas
imponentes. Quando a noite cai e com as ovelhas já guardadas, finalmente vai
dormir com os seus cães não muito distante delas. No dia seguinte retornará com
entusiasmo à sua tarefa cansativa, depois de ordenhar as cabras e entregar o
leite para a mulher fazer os queijos. Quem vir o seu vulto solitário ao
amanhecer e ao anoitecer naquela serra, julgá-lo-á um Yeti no meio do gelo e das
névoas. Na verdade trata-se de um lusitano intemporal, um daqueles de quem há
muito perdemos o rasto, um bombeiro pastoril sem viaturas de apoio e sem ajuda
de meios aéreos!
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