quinta-feira, 11 de outubro de 2018

FERNANDO MOURA: O “YETI” DA SERRA DA ESTRELA

Tive conhecimento deste FERNANDO MOURA (deve haver por aí uns tantos com o mesmo nome) através de uma reportagem do FRANCE SOIR on-line de hoje sob o título “CONTRE LES INCENDIES, LES CHÈVRES “SAPEURS” AU SECOUR DES FORÊTS PORTUGAISES”. Trata-se de um PASTOR de 49 anos de idade, praticamente o último na Serra da Estrela, que 365 dias por ano pastoreia o seu REBANHO DE 370 CABRAS, animais que fazem parte de um projecto-piloto lançado em Março pelo governo português, as ditas “CABRAS SAPADORAS”, que ao comerem toda a sorte arbustos, mesmos nos pontos mais íngremes, limpam as florestas e criam firewalls naturais, impedindo assim que o fogo passe de uma área arborizada para outra em caso de incêndio. Nos próximos cinco anos, as cabras deste pastor terão uma MISSÃO ESPECIAL: PERCORRER AS ENCOSTAS DA SERRA DA ESTRELA PARA LIMPAR 50 HECTARES DE MATAGAIS E ARBUSTOS, ganhando o seu proprietário 125€ por hectare no primeiro ano e depois 25€ nos quatro anos seguintes, uma pequena mas importante renda extra para quem vive apenas da carne, do queijo e do leite das suas cabras. O governo da “geringonça” acabou assim por encontrar um método mais natural e económico de combater incêndios. O ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) espera resultados visíveis rapidamente, muito embora a eficácia do “PROJECTO CABRA” só possa ser verdadeiramente avaliada passados 5 anos.
Fernando Moura, o feliz cabreiro, disse à AGENCE FRANCE PRESSE que no passado havia pela serra centenas de pastores como ele e que isso contribuía para que houvesse menos fogos, também que o mato tomou conta das aldeias abandonadas, hoje cobertas de vasta vegetação. O recrutamento de que foi alvo encheu de contentamento o pastor, que está muito feliz ao ser incentivado a manter a sua actividade, porque para além do seu importante “papel de vigilância”, está onde sempre quis estar – junto às suas cabras! Uma vez até tentou ir trabalhar para uma fábrica, mas não conseguiu, porque não podia desistir dos seus animais, do rebanho que havia criado. Ao amanhecer, todos os dias do ano, este robusto pastor estuda os cumes do PARQUE NACIONAL DA SERRA DA ESTRELA e com passo seguro e rápido, apesar do desnível, conduz o seu gado com gritos e assobios aperfeiçoados ao longo da vida naquela montanha. Antes que a noite caia, retorna com o rebanho saciado e guarda-o num cercado cravado no meio de rochas imponentes. Quando a noite cai e com as ovelhas já guardadas, finalmente vai dormir com os seus cães não muito distante delas. No dia seguinte retornará com entusiasmo à sua tarefa cansativa, depois de ordenhar as cabras e entregar o leite para a mulher fazer os queijos. Quem vir o seu vulto solitário ao amanhecer e ao anoitecer naquela serra, julgá-lo-á um Yeti no meio do gelo e das névoas. Na verdade trata-se de um lusitano intemporal, um daqueles de quem há muito perdemos o rasto, um bombeiro pastoril sem viaturas de apoio e sem ajuda de meios aéreos!

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