quarta-feira, 31 de outubro de 2018

CHINESICES?

Na cidade de JINAN, localizada no Leste da CHINA, desde o ano passado, as autoridades municipais atribuíram uma licença por pontos aos proprietários caninos locais, algo semelhante ao que sucede com a nossa Carta de Condução. Cada proprietário canino tem um capital inicial de 12 pontos e sujeita-se a uma legislação estrita que estipula a posse do animal. De acordo com esse regulamento, é proibido entrar com o cão em edifícios públicos, parques, restaurantes e transportes, para além de obrigar cada condutor à recolha das fezes do seu animal na rua. As regras não se esgotam aqui, porque o citado regulamento obriga os donos a trazer permanentemente os seus cães presos à trela, trela que não deverá exceder os 150cm. Os donos dos cães, sempre que saem à rua com eles, são obrigados à apresentação da referida licença a qualquer momento.
No caso de violação das regras, os proprietários caninos incorrem em multas e na perca de pontos na licença em questão. Passear com um cão solto pode custar 3 pontos, 6 em caso de reincidência e uma multa de 200 a 500 yuans (de 25 a 63€). Quando o saldo dos pontos cai para zero, o proprietário sujeita-se ao confisco do seu cão e para recuperá-lo terá que passar num teste de recuperação de pontos. Em Jinan também se aplica a “política de um só cão”, que proíbe as famílias de ter mais do que um animal de estimação. Esta cidade deixou a sua marca de crueldade em 2015, quando disse que os cães extras seriam espancados até à morte. Outras grandes cidades chinesas, como é o caso de Xangai, Pequim ou Chengdu também aplicam a “política de um só cão”, muito embora com um pouco mais de moderação.

FINALMENTE O ZEUS APRENDEU O “DEITA”

O dia acordou hoje cinzento, desagradável e com chuva miudinha, daquela que se diz ser “molha tolos” e que acaba por molhar todos, tolos e não tolos, da cabeça até aos pés. Apesar do aparente contratempo, a Svetlana juntou-se à Carla para mais uma sessão de treino canino, porque importava ensinar o “deita” ao Zeus, afinar o tri-comando básico à Bull Terrier Maggie e aos CPA’s Capo e Prada. Quando temos em mãos cachorros que se destinam a guardar pessoas e bens, nunca ensinamos o “deita” antes dos 6 meses de idade, temendo que a sobrecarga na disciplina da obediência acabe por neutralizar os instintos e os impulsos herdados a potenciar. Assim sucedeu também com o Doberman Zeus, agora com 8 meses de idade, que só foi convidado para o “deita” depois de aprovado nas distintas induções.
Maduro sexualmente, atleta e competitivo, o Doberman não se agradou de imediato da figura, resistindo a fazê-la por se sentir menos cómodo, demasiado travado e vulnerável. Depois de muita insistência e de igual número de tentativas, o cachorro terminou a aula a fazer o “deita” irrepreensivelmente, o que não o dispensa automaticamente da recapitulação doméstica. Para facilitar a vida à sua condutora, na obtenção deste comando de travamento, valemo-nos de uma mesa com 50cm de altura e de 1m2 de área. A Svetlana necessita de melhorar a sua técnica de condução, de se agarrar aos automatismos funcionais e aos procedimentos que os tornam possíveis, porque só assim conseguirá alcançar a sincronia entre os comandos verbais e os gestuais (convém não esquecer que o adestramento canino é também uma arte.
Dos três cães ao seu encargo para ensinar, a Carla optou por dedicar mais tempo à CPA cinzenta Prada, até há pouco tempo a convalescer dum tratamento por via de um descuido. A Prada é uma atleta de nomeada, não pára quieta nem dia nem de noite e é extremamente zelosa de tudo o que lhe pertence e não pertence, ao ponto de não deixar comer os restantes cães da casa, não hesitando em fazer guarda cerrada a comedouros e bebedouros. Convidada para o “Espelho de Solo”, executou os três comandos básicos de imobilização sem maiores dificuldades. A sua condutora tem melhorado significativamente a sua técnica, apesar de desatenta, de apresentar dificuldades entre o querer e o fazer e de manifestar uma disponibilidade física ainda insuficiente para as metas que pretende alcançar. Contudo, está a evidenciar maior aplicação e afinco, literalmente a trabalhar mais e melhor.
A Prada é descendente do famoso CPA negro Kyrios-Schwartz da Quinta do ABC e herdou dele características únicas que a tornam vigilante e por vezes demasiado sagaz. Por detrás daqueles olhos claros, típicos dos cães azuis que tendem a amedrontar os estranhos, esconde-se um animal ao mesmo tempo rústico, pouco visto e sempre atento. Na foto seguinte, com a Carla a mandá-la sentar, podemos aquilatar do magnetismo do seu olhar lupino, que nada indicia e tudo vê, que estando presente parece ausente.
Nas mãos do adestrador, que entende como chefe da matilha (macho-alfa), faz tudo depressa e bem, sem se distrair com os outros cães, sem fintar quem a conduz e sem fazer uso da manha, estratégica a que recorre para chantagear psicologicamente a sua dona, que não raramente acaba exausta e sedenta de um café e de um cigarro. Conduzir cães inteligentes que aproveitam os erros dos seus condutores para os ludibriar, jamais será uma tarefa fácil para condutores inexperientes, inconstantes e pouco aplicados.
Foi isto o que fizemos debaixo de telha, no último dia do mês de Outubro, véspera da Festum Omnium Sanctorum (Festa de Todos-os-Santos), que alguns por antecipação transformam no Dia dos Fiéis Defuntos (Dia de Finados ou Dia dos Mortos), rumando aos cemitérios e adornando-os com flores, num País de tradição católica onde o número de ateus é cada vez maior. Antigamente ainda se ia às igrejas por ocasião de baptizados, casamentos e funerais. Agora, com a baixa taxa de natalidade que temos, raros são os baptismos e os casamentos estão fora de moda. Sobram os funerais, cerimónias que não deixam saudades a ninguém e às quais se vai por obrigação. E por falar em mortos, a seguir ao “deita” vem o "morto”, figura importante para reforçar o sentido policial dos cães, que lhes permitirá descansar com um olho aberto e outro fechado, sempre prontos para passar da inacção à acção ao mais rápido possível. 

GOOD NEWS FROM MILTON KEYNES

Do Centro do MEDICAL DETECTION DOGS em MILTON KEYNES sempre nos chegam boas notícias. Depois de ter treinado com sucesso cães para detectarem várias doenças, incluindo o cancro da mama e da próstata, surge-nos agora com cães capazes de farejar pessoas infectadas com malária, segundo uma pesquisa levada a cabo pela Universidade de Durham e liderada por STEVE LINDSAY .
Os cães foram capazes de detectar correctamente a malária em amostras de meias usadas por crianças infectadas em 70% dos casos, mesmo antes de alguns dos sintomas serem visíveis, indicando também não haver malária em 9 dos 10 casos onde não existia. No total foram usadas nos testes e para treino 175 meias durante a noite, provenientes de crianças da Gâmbia/África, estando 30 crianças infectadas e 145 não infectadas. Diante destes resultados, Lindsay disse que estas descobertas podem levar ao primeiro teste rápido e indolor da malária.
Do ponto de vista prático, cães assim treinados, poderão ser instalados nos portos do Reino Unido para detectar pessoas infectadas com malária como parte de um programa de triagem (resta saber o que fariam os britânicos às pessoas infectadas, se as tratariam nas suas Ilhas ou as mandariam de volta às suas terras para ali padecerem). Mas Lindsay vai mais longe ao dizer que estes cães poderiam ser enviados para os países flagelados pela doença, o que isso seria um passo realmente positivo, uma vez que tal acção contribuiria para a diminuição do número de pessoas infectadas.
O treino canino demora de 4 a 6 meses e é baseado no reforço positivo. A malária é uma doença que pode ser fatal, causada por parasitas transmitidos às pessoas pelas picadas de mosquitos Anopheles fêmeas infectados. Em 2016, havia cerca de 216 milhões de casos de malária em 91 países de vários continentes, de acordo com dados fornecidos pela Organização Mundial de Saúde.
CLAIRE GUEST, co-autora do estudo e directora executiva do Medical Detection Dogs, não pára de surpreender-nos de há 10 anos para cá. Oxalá assim continue para socorrer quem precisa. Treinar cães assim é mais do que gratificante, é trabalhar para valer aos outros.

UM PROGRAMA RADIOFÓNICO PRÀ BICHARADA

No próximo Sábado, dia 03 de Novembro, entre as 19 e 21 horas, o apresentador da CLASSIC FM, BILL TURNBULL, em colaboração com a BATTERSEA DOGS & CATS HOME, vai pôr no ar um programa radiofónico dedicado aos animais de estimação com base numa selecção de música clássica, no intuito de manter os pets calmos e relaxados durante a noite, que será bastante sacudida por fogos-de-artifício.
O programa segue um estudo recente da SCOTTISH SPCA e da UNIVERSIDADE DE GLASGOW, que revelou que “a música tem um efeito calmante sobre os cães e que seus níveis de stresse diminuem significativamente depois de ouvi-la”. Apesar dos fogos-de-artifício agradarem a milhões de pessoas, eles podem ser angustiantes e aterrorizantes para os animais de estimação. O apresentador atrás citado, Bill Turnbull, disse a propósito: “O programa foi criado especificamente para animais de estimação - cães, gatos, hamsters e gerbos - que podem ficar assustados ou nervosos na Noite de Fogos de Artifício e precisar de algo para acalmá-los. Este será o seu refúgio radiofónico”.
“A música que tocamos no Classic FM é sempre relaxante, mas o que temos em mãos é ainda mais do que o habitual … Senti-me muito feliz em apresentá-la aos humanos nos últimos dois anos e meio, abraçar este show será um prazer e possivelmente um passo em frente!” – disse ainda. As peças escolhidas para os animais de estimação da Classic FM incluirão música de Mozart e Saint-Saëns , assim como a "Mina" de Elgar, o último trabalho do compositor que ele baptizou em homenagem ao seu Cairn Terrier. O show também contará com dedicatórias enviadas aos animais de estimação pelos ouvintes, além de conselhos da equipe Battersea para quaisquer proprietários preocupados em tranquilizar os seus animais.
NATHALIE INGHAM, responsável pelo comportamento e treino canino do Battersea, disse sobre a iniciativa pioneira a levar a cabo: “Existe muita pesquisa sobre os efeitos positivos que a música clássica pode ter nas emoções e sentimentos. Temos tocado música clássica para os cães e gatos em Battersea ao longo dos anos, já que pode produzir-lhes um efeito calmante e relaxante, para além de reduzir o impacto dos altos sons produzidos pelos fogos-de-artifício. Somos ouvintes regulares do Classic FM, é um dos nossos programas favoritos”.
Espero não estar errado ao dizer que tudo o que actualmente existe para crianças, existirá também amanhã para os animais de estimação, pois esta é uma tendência que parece ter vindo para ficar e que se agiganta a cada dia que passa.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

ACONTECEU LÁ PRÀS TERRAS DE COMPADRE LAMPIÃO

Da boca de um amigo recente, marido de uma aluna minha e homem experimentado nos negócios, nomeadamente no que diz respeito a cristais sob uma forma alotrópica de carbono, ouvi uma história verídica que a princípio me fez rir e que depois me encheu de tristeza. Há alguns anos atrás, por razões ligadas ao seu ofício, o dito cavalheiro comprou uma fazenda e foi viver para o nordeste brasileiro, tendo também adquirido uma casa não muito longe da praia. Depois de demarcar a sua propriedade e farto de a ver invadida por estranhos, decidiu colocar uma tabuleta onde fosse vista por todos, escrevendo nela os seguintes dizeres: “PROIBIDA A PASSAGEM A PESSOAS ESTRANHAS”. O aviso não surtiu qualquer efeito e os locais continuaram a passar por lá como dantes. Quando se encontrava já desalentado, eis que surge um graduado da polícia militar que lhe diz: “Comandante, o senhor não sabe como são as coisas aqui, se no lugar das palavras tivesse desenhado uma carabina toda a gente entenderia, porque a grande maioria do povão é analfabeta!” Depois de efectuada a alteração, tal como sugeriu o policial, a propriedade deixou de ser uma serventia alheia para sempre.

SE GOSTA DO SEU CÃO EMENDE-SE!

Nunca houve tantos cães a sofrer do TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO como agora. Grande parte dos animais afectados fica a dever esse transtorno ao comportamento dos seus donos na hora de deixá-los e reencontrá-los em casa, agravando assim os malefícios do seu isolamento forçado. O entrar e sair de casa dos donos deverá constituir-se num acto natural a assimilar pelos cães, uma rotina do seu quotidiano que não lhes cause transtorno e nunca num drama chorado e insolucionável, como tantas e tantas vezes acontece. Nestas situações, exige-se equilíbrio emocional por parte dos donos para evitar o desequilíbrio dos animais, que uma vez instalado fará com que ladrem desalmadamente e enveredem por um sem número de disparates, causando graves prejuízos domésticos e sérios incómodos para os vizinhos, enquanto os seus donos estão fora.
Para que tal não suceda, importa não exaltar ou destacar os momentos de entrada e saída dos donos, mas banalizá-los através de repetição e por períodos de tempo cada vez maiores, treino infalível para evitar a ocorrência do problema e também para o combater. Gente que se despede ordinariamente dos seus cães como se fosse para terras distantes e não tivesse a certeza de voltar ou que ao entrar em casa abraça-os com tal efusão como se houvesse passado da morte para a vida e já os julgasse irremediavelmente perdidos, sempre acabará por desnortear os animais e causar-lhes ansiedade, condições mais do que suficientes para a eclosão deste problema comportamental. Sair de casa deverá ser um “até já!” e entrar nela um “já estou de volta!”. Para facilitar as coisas, porque a esmagadora maioria dos cães assim transtornados sai pouco à rua e não foi objecto de algum treino em particular, a saída dos donos poderá associar-se inicialmente a algum tipo de recompensa capaz de a fazer esquecer, ao ponto de chegar a ser desejada. A coabitação com cães, visando o seu bem-estar, não dispensa o uso da razão e a consequente temperança dos donos.

domingo, 28 de outubro de 2018

CORREIO DOS LEITORES: CÁ VAMOS INDO DO JEITO QUE DÁ!

Um ex-aluno e amigo desde essa data, pessoa actualizada e o preocupada com o destino de todos nós, enviou-nos um email, que provavelmente recebeu de outrem e que completou com os seguintes dizeres: “Desculpem o termo um tanto ou quanto grosseiro, sem colocar em causa a competência/lábia de cada um/uma, isto não passa de uma carneirada!!!!!!”. O texto do email reenviado trazia a foto acima acompanhada do seguinte texto: “DUAS MULHERES. A DA ESQUERDA, SOFIA MELO, DE 35 ANOS, DOUTORA/INVESTIGADORA/CIENTISTA ACABOU DE DESCOBRIR UMA PROTEÍNA QUE PERMITE A DETECÇÃO PRECOCE DO CANCRO… A DA DIREITA, CRISTINA FERREIRA, 41 ANOS, ACABA DE FIRMAR UM CONTRATO PARA APRESENTAR UM REALITY SHOW NA SIC. A UMA PAGAM 2.500 EUROS/MÊS… A OUTRA COBRA 80.000 EUROS/MÊS… AGORA EXPLIQUEM AOS VOSSOS FILHOS E ALUNOS…”. Se o assunto não fosse tão grave, bem que poderia incluir-se na rubrica PIADA DA SEMANA! Será que o que é bom para a humanidade é mau para o mundo e vice-versa? Cá vamos andando do jeito que dá!

MOVIMENTO CUMPLICIDADE E EVASÃO

Com o duplo objectivo de reforçar a liderança e proceder ao controlo dos cães, convidámos os binómios presentes este Sábado para uma brincadeira que tinha tanto de gincana como de agility, tendo como metas a cumplicidade binomial e a criação de momentos de evasão. Na foto cimeira deste texto podemos ver o binómio Paulo/Bohr a saltar uma pequena sebe natural, com o cão perfeitamente à vontade e o seu condutor bastante atrapalhado. Apesar não ser visível na foto seguinte, onde o binómio Svetlana/Zeus aparece a vencer o pequeno obstáculo com relativa facilidade, a condutora, por tardar em travar o seu companheiro de quatro patas, acabou estatelada no chão com grande e injustificado alarido.
Quando não se consegue controlar a velocidade de um cão com ele atrelado, como será possível refreá-lo quando se encontrar a correr solto? Apostados em alertar e treinar os condutores para essa incumbência, convidámo-los a passar em corrida por debaixo dum outdoor conjuntamente com os seus cães. A atrapalhação do Paulo é visível e é-o por duas razões: porque não consegue travar o cão atempadamente e encontra-se duro de rins, lembrando o “SAPO COCAS” a esquivar-se da “MISS PIG”.
A Svetlana não apresentou dificuldades com o Zeus na passagem do outdoor, o que muito nos alegrou, porque não estávamos apostados que ali batesse com a cabeça, apesar de se ouvir dizer que “não há duas sem três”. A nosso ver e para alguma tristeza nossa, que damos tudo quanto temos, estes dois binómios ainda não podem ser considerados operacionalmente aptos, porque os seus condutores tardam em absorver os automatismos, são lerdos nos raciocínios e apresentam uma sofrível disponibilidade física, insuficiências que poderão ser vencidas facilmente com uma maior aplicação. Quanto aos cães não há reparos a fazer.
No final, para reforço do carácter dos cães e como preparação para os obstáculos de projecção negativa, convidámos os cães para saltar as tábuas de dois baloiços com eles imobilizados. Somente o Bohr conseguiu vencer o desafio, não fazendo mais do que a sua obrigação atendendo à carga horária de que tem sido alvo. O Zeus não o ultrapassou por erros técnicos anteriores e pelo peso da novidade.
Participaram nos trabalhos os binómios Paulo/Bohr e Svetlana/Zeus. A Carla pôs os cães em “banho-maria” enquanto fazia compras e recebia familiares em casa. Participaram nos trabalhos os 3 Mendonças do costume: o Afonso, o João e o Tomás. O benjamim dos Mendonças, o Pedro, não esteve presente e sentimos a sua falta.
O treino foi realizado de tarde e debaixo de nortada, com ventos gélidos e desagradáveis, próprios da frente polar que está a atingir o nosso território continental. Para a semana não sabemos que tempo teremos pela frente, o que para o caso pouco  importa, porque os desafios agradam-nos. Desejamos um resto de fim-de-semana agradável para leitores e alunos.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

RANKING SEMANAL DOS TEXTOS MAIS LIDOS

O Ranking semanal dos textos mais lidos ficou assim ordenado:
1º _ OS FALSOS PASTORES ALEMÃES, editado em 24/02/2015  
2º _ O PESO DOS 4 MESES NO CÃO DO AMANHÃ, editado em 28/10/2010
3º _ HÍBRIDO DE CHOW-CHOW/PASTOR ALEMÃO: MÁQUINA OU DESASTRE?, editado em 12/05/2016
4º _ DOBERMANN: O CÃO QUE É MENOS DO QUE SE SUPÕE E MAIS DO QUE SE IMAGINA, editado em 06/03/2016
5º _ CURVA DE CRESCIMENTO DAS DIVERSAS LINHAS DO PASTOR ALEMÃO, editado em 29/08/2013
6º _ UM SÁBADO ATAREFADO, editado em 23/10/2018
7º _ WHITE POWER, editado em 23/10/2018
8º _ CANE CORSO: O CÃO QUE NÃO BRINCA EM SERVIÇO, editado em 30/01/2017
9º _ CONVERSAS SOBRE PASTORES ALEMÃES À MESA DO CAFÉ, editado em 09/08/2014
10º _  OLHO DE VIDRO E CARA DE MAU: O CATAHOULA LEOPARD DOG, editado em 07/01/2015

TOP 10 SEMANAL DE LEITORES POR PAÍS

O TOP 10 semanal de leitores por país obedeceu à seguinte ordem:
1º Portugal, 2º Brasil, 3º Estados Unidos, 4º Região Desconhecida, 5º Reino Unido, 6º Alemanha, 7º Angola, 8º Austrália, 9º Espanha e 10º Índia.

PÔ-LA NA RUA PORQUE SÓ FAZIA DISPARATES!

Relembro aqui a primeira estrofe do poema “PEDRA FILOSOFAL” da autoria de MANUEL FREIRE que diz assim: “Eles não sabem que o sonho/ É uma constante da vida/ Tão concreta e definida/ Como outra coisa qualquer”, como introdução à ignorância dos donos que atenta contra a natureza, bem-estar e aproveitamento dos cães. Determinada senhora, amante de cães mas não da trabalheira que eles dão, depois de adquirir uma cachorra e perante os disparates que ela fazia dentro de casa, decidiu recambiá-la durante o dia para o quintal e de noite para um anexo, numa idade em que o animal não estava capacitado para o efeito, não sabia defender-se nem tinha maturidade para isso. Não sei se aforismo que ouvi na minha aldeia natal, “Ao menino e ao borracho, mete Deus a mão por baixo”, se aplica também a cães, o que é certo é que a cachorra, afortunadamente, não ficou traumatizada, tornando-se autónoma muito cedo e apenas disponível para aquilo que lhe agradava, conforme o expectável.
Havendo essa possibilidade, quando poderei transitar o meu cão de casa para o jardim? Machos e fêmeas merecem cuidados diferentes? Quem nos irá dizer quando mudar o cão de um lado para o outro é o próprio animal, quando começa a abandonar a companhia dos donos e a permanecer/dormir atrás da porta de entrada da casa, reagindo a sons inesperados e ladrando a desconhecidos. Também quando ele resiste a vir para casa e insiste em ficar no quintal. Esta decisão canina não acontece ao mesmo tempo em todos os indivíduos, porque todos têm perfis psicológicos diversos e diferentes curvas de crescimento, havendo em simultâneo valentes e medrosos, precoces e tardios, o que implica em dizer que alguns irão necessitar de mais tempo que os outros, de maior apoio e carinho da família adoptiva, para que o isolamento forçado não venha a “acabar com o resto”, tornando-os assustadiços e de pouco ou nenhum préstimo.
Gostava de chamar à atenção para três pormenores sobre esta temática: os cães que dormem junto dos donos tendem a defendê-los mais cedo, que sempre será mais fácil defender um pequeno espaço conhecido do que um grande e desconhecido e que os cães na companhia dos donos têm o dobro da força. A opção de ter uma cadela num quintal para guarda não é talvez a melhor, porque as cadelas tendem a fixar-se num lugar e são por isso pouco afoitas e menos excursionistas. Todavia, são excelentes guardiãs de lares. Quando eu tenho um casal de cães e nenhum deles apresenta entraves de carácter, pensando na segurança de pessoas e bens, a cadela deverá ficar dentro de casa e o cão no quintal. Devido ao seu género, as cadelas quando jogadas em quintas desde tenra idade ou forçadas ao isolamento, tendem a assilvestrar-se, a encontrar tocas e a parir em lugares menos visíveis e pouco prováveis.
Como deveria ter procedido e o que ganharia a senhora da nossa história se houvesse agido de modo contrário? Importa dizer em primeiro lugar que os cães mais curiosos são os que fazem mais “disparates” e que a curiosidade está ligada ao impulso ao conhecimento, pelo que os ditos disparates deverão ser entendidos como tropelias de quem se quer ambientar e conhecer o mundo que o rodeia. Ter um cão curioso é um privilégio que convém aproveitar, porque o animal aprenderá fácil e prontamente tudo aquilo que lhe vierem a ensinar, mostrando uma disponibilidade superior, o que é deveras importante para a coabitação e cumplicidade que possibilitam o seu uso consentâneo. Em face disto, a dona teria regrado com facilidade a cachorra e teria com ela uma cumplicidade única e útil. A coabitação da cachorra, para além de torná-la mais apta e solícita, pronta para agradar e satisfazer os pedidos da sua mestra, faria com que obedecesse mais prontamente ao que lhe viesse a ser ordenado, mercê da submissão obtida, possibilitando assim o seu controlo sem maiores delongas.
Os cachorros entre os 4 e os 6 meses de idade encontram-se na “idade da cópia”, período da sua vida em assimilam a hierarquia, quando desprezamos este curto e importante estágio que se estende até à maturidade sexual, para além de desaproveitarmos e desvalorizarmos os seus impulsos herdados, estamos gradualmente a afastar-nos dos cachorros e dar-lhes uma autonomia tangente à que teriam caso não tivessem dono. Convém dizer como acréscimo, que a plasticidade anatómica acompanha a intelectual e quem todos os estágios dos cães há metas e objectivos a atingir, porque doutro modo viveremos de acordo com as suas regras ou teremos que subjugá-los por meios mais persuasivos e até coercivos, o que toda a gente abomina e não deseja.

OS LABRADORES CHOCOLATES VIVEM MENOS

Numa recente pesquisa conduzida pela UNIVERSIDADE DE SYDNEY concluiu-se que a ESPERANÇA DE VIDA DOS LABRADORES DE COR CHOCOLATE É SIGNIFICATIVAMENTE MENOR DO QUE A ENCONTRADA NOS SEUS PARES DE OUTRAS CORES (amarelos e pretos). Este estudo, que considerou mais de 33.000 labradores de todas as cores baseados no Reino Unido, mostrou que os labradores chocolate têm uma maior incidência de infecções do ouvido e doenças de pele.
Os resultados desta pesquisa foram publicados na revista de livre acesso CANINE GENETICS AND EPIDEMIOLOGY. Como parte do programa VETCOMPASS da universidade, que colecta e analisa dados electrónicos de pacientes caninos, a pesquisa está ser replicada na Austrália, onde os labradores são a raça mais popular de cães.
No Reino Unido, a longevidade média dos labradores não-chocolate é de 12,1 ANOS, 10% MAIS LONGA mais longa do que a encontrada nos chocolate. A prevalência de inflamação no ouvido (otite externa) foi duas vezes maior nos labradores de chocolate, que foram quatro vezes mais propensos a sofrer de dermatite piotraumática. O principal autor do estudo, PROFESSOR PAUL McGREEVY (na foto a seguir), da Faculdade de Ciências da Universidade de Sydney, disse que A RELAÇÃO ENTRE A CÔR DO PELO E A DOENÇA foi uma surpresa para os pesquisadores e que as descobertas no Reino Unido podem não ser válidas para os labradores australianos, por carecerem de maior investigação local.
O mesmo pesquisador adiantou ainda: “As relações entre a cor da pelagem e as doenças podem reflectir uma consequência inadvertida na criação de certas pigmentações" e "Como a cor chocolate é recessiva em cães, o gene para essa cor tem que estar presente em ambos os pais para que os seus cachorrinhos sejam de côr chocolate. Criadores direccionados na procura desta cor podem, portanto, ter uma maior probabilidade de criar apenas Labradores carregando o gene do manto chocolate. O REDUZIDO POOL DE GENES RESULTANTE INCLUIU UMA PROPORÇÃO MAIOR DE GENES CONDUCENTES A CONDIÇÕES DE OUVIDO E PELE”.
“Em toda a população de Labrador, as condições de saúde mais comuns encontradas foram obesidade, infecções de ouvido e condições articulares”. "Descobrimos que 8,8 por cento dos labradores do Reino Unido estão com sobrepeso ou obesidade, um dos maiores percentuais entre raças de cães no banco de dados VetCompass", disse o professor McGreevy (A PREVALÊNCIA FOI MAIOR ENTRE OS MACHOS QUE FORAM  CASTRADOS).
Será que depois destas conclusões alguém deverá pedir um certificado de pigmentação e reduzir a biodiversidade cromática existente numa raça? Eu sempre disse que não pelo empirismo, outros continuam a dizer que sim por ignorância e à revelia da ciência. Será ignorância ou maldade? Não há como dar o benefício da dúvida!

MAIS UM ENTRE CENTENAS DE MILHARES

Centenas de milhares de cães são envenenados na China e a história de JULIE, um cão-guia de 8 anos de idade pertencente a LEEWEN ZHANG, veio engrossar esse número, segundo notícia o EXPRESS on-line. A história é simples, a jovem Leewen Zhang viajou com a sua cadela da Califórnia para a CHONGQING (China) e pensava dali viajar para a Europa depois do Ano Novo Chinês. Em YUBEI, enquanto esperava que o animal recuperasse de um problema cardíaco, deparou-se com a sua agonia e morte – TINHAM ENVENENADO A JULIE COM RATICIDA ESCONDIDO EM FRANGO e bastou uma só bocada! Zhang decidiu publicar nas redes sociais esta história comovente, editando inclusive uma foto sua com a cadela assassinada a seu lado.
Segundo fez saber, o crime foi premeditado, uma vez que alguns moradores daquela cidade chinesa avisaram-na 4 vezes das suas nefastas intenções. Até à presente data, matar cães na China não criminaliza ninguém, não existindo ali leis que considerem o bem-estar e a protecção dos animais. Decididamente a China não é um bom lugar para turistas que se fazem acompanhar pelos seus cães, que tanto podem ser envenenados como roubados e acabar na panela, o que a ninguém espanta, porque na Ásia continua a comer-se de tudo, num cardápio variado que vai dos insectos aos répteis e das larvas à mioleira de macaco (as iguarias asiáticas são tantas quantas a natureza pode oferecer), muito embora existam países nesse Continente que há muito saíram do Paleolítico Superior e que são mais refinados à mesa.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

CÂMERAS K9

Os cães das polícias dos Estados Unidos, que sempre ajudaram os seus homólogos humanos através dos seus sentidos, estão agora a receber o seu próprio backup, a transportar câmeras de vídeo ao vivo, dispositivos que carregam num colete e que transmitem imagens para a tela de um manipulador, possivelmente colocada no seu pulso ou ao redor do pescoço, avanço tecnológico que permite aos agentes policiais uma melhor avaliação das situações antes de entrarem em acção. Estas chamadas “Câmeras K9” começaram a ganhar força nos diversos departamentos policiais há 10 anos atrás, depois do seu sucesso nas forças armadas norte-americanas. Shawn Gore, polícia K-9 em Portland, Oregon, aludindo às vantagens desta nova tecnologia e estratégia, descreve uma delas: “Se tivermos um encontro muito próximo com pessoas armadas, isso não será bom para ninguém. Se podermos ganhar distância, isso dar-nos-á muitas opções para negociar e reduzir a escalada”.
David Ferland, director executivo da Canine Association, um programa de adestramento para cães policiais, disse que os departamentos usam geralmente as câmeras quando os cães saem na procura de suspeitos, pessoas desaparecidas ou explosivos, para a segurança do cão e recolha de informações. Ferland não tem estatísticas, mas suspeita que menos de 5% das forças policiais usam estas câmeras, atribuindo isso ao facto de serem muito caras, já que o seu preço oscila entre os 6.000 e os 20.000 dólares, segundo adiantou. De acordo com a mesma fonte, algumas academias K-9 já estão a treinar cães com coletes e câmeras para que os animais se acostumem com elas.
As forças da lei adquirem geralmente estas câmeras através de doações ou do confisco do dinheiro resultante da apreensão de drogas, que é exactamente o que sucede em Portland, onde o Departamento de Polícia já usa 10 “Câmeras K9” desde 2012 e está em vias de obter mais, custando-lhe cada uma cerca de 20.000 dólares. A Tactical Electronics, que começou a fabricar câmeras K-9 em 2006, já vendeu entre 5.000 e 6.000 para as forças policiais e militares em todo o mundo,  segundo adiantou Addie Ventris, director de marketing da empresa. Em Wisconsin, o Departamento de Polícia de Muskego comprou recentemente a sua primeira câmera para o seu cão Sirius, segundo fez saber o agente K-9 Shawn Diedrich, que disse ainda: “Ser capaz de obter um layout de uma área, seja na floresta, numa casa ou onde for, possibilitará aos polícias entrar nesses ambientes com maior segurança”. Acontece na América, não deixará de acontecer por cá.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

O CERTO E O ERRADO

Na composição fotográfica acima podemos ver o certo e o errado no que concerne às ajudas a dar a um cão atrelado na transposição de um salto vertical. Na transposição da esquerda é visível o adiantamento do condutor em relação ao cão, adiantamento que facilitará o esforço do animal, ao indicar-lhe a convexidade, a extensão e a saída em segurança daquele obstáculo. Para além disto, o adiantamento do condutor transmite ânimo ao cão e leva-o a aceitar com naturalidade o exercício, o que é de extrema importância quando queremos que um cão médio salte verticais de 120 cm de altura e uma extensão de 375cm planos. Na transposição da direita o condutor encontra-se paralelo ao cão, como se tivesse sido surpreendido pelo arranque do animal ou “não tivesse pernas para o acompanhar”. Quando assim se procede, na saída do obstáculo, o cão tende a bater-lhe com os pés por culpa do atraso do seu condutor, que o obrigará a um salto desequilibrado e demasiado esforçado (pendurado) sobre as mãos, o que a seu tempo será responsável por várias lesões, uma vez que o animal “salta com o dono às costas” e este indevidamente funciona como uma âncora.
Na foto acima podemos ver a Svetlana a cometer um erro bastante usual na ginástica cinotécnica, aquele que leva o condutor a erguer demasiado os braços para garantir o salto em extensão do cão, ao invés de se adiantar para lhe facilitar a transposição, o que normalmente leva os animais a empoleirar-se sobre os obstáculos, ou a fazer desconchavados saltos verticais. Incorrem naturalmente neste erro as pessoas em má forma física e as carentes de arranque rápido. No intuito de proteger a integridade física dos cães, quando nas mãos de condutores com estas insuficiências, melhor será deixar um cão na posição de “quieto”, enquanto o dono se adianta no comprimento total da trela, partindo depois ambos em simultâneo e sem causar atropelos ao desempenho do animal. De qualquer modo, o dono sempre será obrigado a correr.
A prática da ginástica cinotécnica, quando respeitados os seus princípios técnicos, tende a dotar os binómios de maior disponibilidade física e psicológica, poder de arranque e resistência, factores que somados levam à melhoria dos seus ritmos vitais. E quando assim é, adeus fones, odor do suor alheio, chiar dos ténis e paredes dos ginásios. Viva a vida e saia para o ar livre, leve o seu cão consigo e faça exercício com ele, verá que vale a pena!

CÃES CAÇADORES DE DINHEIRO

No Val-d’Oise, departamento francês localizado na região da Ile-de-France que recebeu o nome do Rio Oise, um importante afluente do Sena que atravessa a região vindo da Bélgica, cães policiais descobriram na semana passada 1,6 milhões de euros em dinheiro numa busca realizada às instalações e casas de uma família de atacadistas de alimentos, gente suspeita de evasão fiscal e de esconder as suas receitas em dinheiro pelo mesmo motivo. Trata-se de uma família de três irmãos com idades a rondar os 30 anos, a quem foram também apreendidos 800.000 € em contas bancárias.
Estes indivíduos, que já se encontravam presos aquando da referida busca, acabaram também indiciados por abuso de bem social, lavagem de dinheiro e trabalho oculto, suspeitando-se que tenham massiva e sistematicamente ocultado as suas receitas às autoridades fiscais. A busca foi realizada por 40 polícias que se fizeram acompanhar por cães especializados em encontrar passagens ocultas, que rapidamente cheiraram o dinheiro escondido nas instalações revistadas, todas localizadas em Garges-lès-Gonesse. Após esta descoberta, a Polícia Judiciária de Cergy não tem dúvidas sobre a prática daqueles irmãos, achando inclusive que organizaram a falência de uma fábrica para escapar de uma dívida fiscal de 7,4 milhões de euros, criando depois novas empresas para continuarem os seus negócios, manobra típica de lavagem de dinheiro.
Resta-nos felicitar a polícia francesa pelos bons cães que tem ao seu serviço, o que implica em dizer que os seus treinadores estão também de parabéns, enquanto instrutores, líderes e cúmplices. Apraz-nos ainda dizer que os cães nunca foram tão utilizados para tanto, que conseguem farejar e detectar um sem número de coisas distintas.
PS: Esta notícia foi extraída do France Bleu on-line.