sábado, 27 de agosto de 2016

WILD RANGERS

Os maiores inimigos da vida animal e dos parques naturais em África são os caçadores furtivos, que procuram abater um grande leque de espécies animais, particularmente elefantes e rinocerontes, na procura do marfim e dos cornos daqueles paquidermes, troféus bastante cobiçados nos mercados árabes e asiáticos, que sustentam esta actividade ilegal e que têm contribuído de forma decisiva para a escassez e até para a extinção de determinadas espécies.
A conservação destes parques e a sua fiscalização é maioritariamente sustentada por ONG'S internacionais com o aval dos governos locais. Devido à escassez, valor e procura do marfim e dos cornos dos rinocerontes, grupos terroristas têm vindo a treinar indivíduos para esta caça ilegal, no intuito de subsidiar as suas actividades subversivas e criminosas, pelo que os métodos de caçar têm vindo a sofrer alteração, transitando dos ancestrais métodos de caça para a caça armada, de acções isoladas para organizadas, o que tem aumentado a chacina e o colocado em sério risco a vida dos guardas que protegem as espécies selvagens.
Insatisfeitos com esta triste realidade, apostados em fazer-lhe frente e vencê-la, as direcções dos distintos parques naturais têm optado pelo recrutamento de cães do Ocidente (América e Europa), tanto para detectar os acampamentos daqueles caçadores como para lhes fazer frente e proceder à sua captura. Assim acontece já há alguns anos na África do Sul, nomeadamente no Parque Kruger, onde vários cães auxiliam os guardas na detenção e perseguição de caçadores furtivos.
O treino destes cães é árduo e muito exigente, considerando a sua salvaguarda, o particular climático, os meios de transporte utilizados, os ecossistemas a enfrentar e a natureza dos seus inimigos (armados, organizados e razoavelmente preparados). Os cães têm que se adaptar ao transporte de helicóptero, à descida em rapel, à perseguição e captura dentro de água, à dissimulação e aos ataques lançados de surpresa, a recusar engodos, a suportar a lama, o maior peso do seu corpo molhado e enlameado, o mato espinhoso e os contra-ataques que virão a suportar.
Apesar de muito desgastante, este trabalho é do agrado dos cães, uns verdadeiros “Wild Rangers”, que decidida e prontamente abraçam as suas missões, tanto em terra como dentro de água, sendo por isso céleres e competentes guardas anfíbios, predadores de todo-o-terreno e companheiros de préstimo inestimável.
Não obstante, a sua formação jamais aconteceria sem o sacrifício dos homens que os capacitam, que vestindo a pele de outros, expõem a sua a toda a sorte de desventuras.
A existência de caçadores furtivos, quando não organizados e preparados para esse fim, deve-se à miséria vivida pelas populações africanas, que à falta de melhor e correndo sérios riscos (cães assim preparados podem ser letais) deita a mão a qualquer esmola que lhe seja estendida, combatendo os cães o efeito e não a causa, numa luta sem tréguas entre predadores, legitimando existência de uns a presença dos outros, ambos obrigados à peleja pela sobrevivência.
Combater a fome e estender a educação resolverão a maioria dos problemas vividos pelos africanos e por toda a humanidade em idênticas circunstâncias, muito embora seja também preciso combater a maldade, que sempre se fará presente nas disputas humanas na procura da vantagem e contra a desejável paridade. 

Sem comentários:

Enviar um comentário