Os maiores inimigos da
vida animal e dos parques naturais em África são os caçadores furtivos, que procuram
abater um grande leque de espécies animais, particularmente elefantes e rinocerontes,
na procura do marfim e dos cornos daqueles paquidermes, troféus bastante
cobiçados nos mercados árabes e asiáticos, que sustentam esta actividade ilegal
e que têm contribuído de forma decisiva para a escassez e até para a extinção
de determinadas espécies.
A conservação destes
parques e a sua fiscalização é maioritariamente sustentada por ONG'S
internacionais com o aval dos governos locais. Devido à escassez, valor e
procura do marfim e dos cornos dos rinocerontes, grupos terroristas têm vindo a
treinar indivíduos para esta caça ilegal, no intuito de subsidiar as suas
actividades subversivas e criminosas, pelo que os métodos de caçar têm vindo a
sofrer alteração, transitando dos ancestrais métodos de caça para a caça
armada, de acções isoladas para organizadas, o que tem aumentado a chacina e o
colocado em sério risco a vida dos guardas que protegem as espécies selvagens.
Insatisfeitos com esta triste
realidade, apostados em fazer-lhe frente e vencê-la, as direcções dos distintos
parques naturais têm optado pelo recrutamento de cães do Ocidente (América e
Europa), tanto para detectar os acampamentos daqueles caçadores como para lhes
fazer frente e proceder à sua captura. Assim acontece já há alguns anos na
África do Sul, nomeadamente no Parque Kruger, onde vários cães auxiliam os
guardas na detenção e perseguição de caçadores furtivos.
O treino destes cães é
árduo e muito exigente, considerando a sua salvaguarda, o particular climático,
os meios de transporte utilizados, os ecossistemas a enfrentar e a natureza dos
seus inimigos (armados, organizados e razoavelmente preparados). Os cães têm
que se adaptar ao transporte de helicóptero, à descida em rapel, à perseguição
e captura dentro de água, à dissimulação e aos ataques lançados de surpresa, a
recusar engodos, a suportar a lama, o maior peso do seu corpo molhado e enlameado,
o mato espinhoso e os contra-ataques que virão a suportar.
Apesar de muito
desgastante, este trabalho é do agrado dos cães, uns verdadeiros “Wild Rangers”,
que decidida e prontamente abraçam as suas missões, tanto em terra como dentro
de água, sendo por isso céleres e competentes guardas anfíbios, predadores de
todo-o-terreno e companheiros de préstimo inestimável.
Não obstante, a sua
formação jamais aconteceria sem o sacrifício dos homens que os capacitam, que
vestindo a pele de outros, expõem a sua a toda a sorte de desventuras.
A existência de caçadores
furtivos, quando não organizados e preparados para esse fim, deve-se à miséria
vivida pelas populações africanas, que à falta de melhor e correndo sérios
riscos (cães assim preparados podem ser letais) deita a mão a qualquer esmola
que lhe seja estendida, combatendo os cães o efeito e não a causa, numa luta
sem tréguas entre predadores, legitimando existência de uns a presença dos outros,
ambos obrigados à peleja pela sobrevivência.
Combater a fome e estender
a educação resolverão a maioria dos problemas vividos pelos africanos e por
toda a humanidade em idênticas circunstâncias, muito embora seja também preciso
combater a maldade, que sempre se fará presente nas disputas humanas na procura
da vantagem e contra a desejável paridade.
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