Os australianos, também
conhecidos como os “Cowboys da Oceania”, são gente notoriamente prática, pouca
dada a pruridos, pouco afectada por dilemas e dada a soluções radicais, como se
houvessem nascido de geração espontânea e não tivessem que dar contas a
ninguém. O Dr. Benjamin Allen, ecologista, bolseiro de investigação do Instituto
de Agricultura e Meio Ambiente da University of Southern Queensland/Australia,
homem de grande experiência com Dingos e outros cães selvagens, tem sido
notícia nos media de língua inglesa ao defender que os cães selvagens
australianos (dingos e outros), deveriam ser reunidos, processados em carne e
enviados para a China, parecer que causou grande alvoroço e revolta nos seus
compatriotas defensores dos animais, que de imediato puseram a circular na
Internet um abaixo-assinado contra tal ideia e negócio, como meio para impedir
a matança e a exportação daqueles cães selvagens para Ásia (desconhecemos qual
o parecer dos criadores de cães chineses que os criam para o mesmo efeito).
Apesar de muito
proliferarem por aquelas paragens, proliferação que alguns consideram epidemia,
a vida não está fácil para os cães selvagens, que continuam a ser abatidos a
tiro (aéreo e terrestre) e por atropelamento, recebendo os seus executores
entre 10 e 15 000 dólares australianos por cabeça, prémio que lhes é
adiantado pelos governos locais mediante a apresentação do escalpe (cabeça ou
pele), muito embora estes animais habitem maioritariamente no interior
desértico da Austrália, terrenos que pouco a pouco vão sendo conquistados e que
são cobiçados pelos fazendeiros e pecuaristas, que não vêem com bons olhos a
intromissão dum predador de topo como o Dingo na sua expansão. Quanto ao nosso
Dr. Allen, que a si mesmo se chama de ecologista prático mas que suspeitamos
ser mais um pecuarista da vida selvagem, irá dar uma conferência em Brisbane,
de 30 de Agosto a 1 de Setembro, onde irá divulgar o seu trabalho “Creating
dingo meat products for Southeast Asia: potential market opportunities and
cultural dilemas” (Criando produtos de carne de dingo para o Sudeste da Ásia: potenciais
oportunidades de mercado e dilemas culturais), título mais próximo de um
economista que dum ecologista. Certamente haverá outros meios, provavelmente mais
dispendiosos e menos lucrativos, para controlar as populações de cães selvagens
que dispensem a sua matança sistemática.
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