O Dr. Attila
Andics, etólogo e investigador da Universidade de Eötvös Loránd/Budapeste/Hungria,
comprovou mediante observações feitas num scanner de ressonância magnética, que
os cães entendem o que dizemos e como o dizemos - as diferentes entoações que
damos às mesmas palavras; que eles usam o hemisfério esquerdo de seu cérebro
para processar o significado das palavras e seu lado direito para trabalhar a
entoação, exactamente da mesma forma que os humanos processam a linguagem. Tais
conclusões reforçam o papel das entoações que damos às palavras que lhes
dirigimos. Quando elogiamos um cão e o tom usado é de louvor, o centro de
recompensa do seu cérebro é activado e dispara, mas se dissermos o mesmo num
tom apático, o cão vai perceber que não está a ser verdadeiramente elogiado. Do
mesmo modo, um cão não deixará de nos lamber se o repreendermos debaixo de riso.
Há muito que
havíamos constatado isto no adestramento, experiência que transmitimos através
dos nossos manuais escolares nos textos “IMPACTO
VISUAL, RESPIRAÇÃO E ENTOAÇÃO DE COMANDOS” e “CARÁCTER
DA ENTOAÇÃO DOS COMANDOS”, normalmente distribuídos aos nossos candidatos a
monitores. Conhecedores da importância dos comandos verbais e da sua entoação,
sempre solicitámos aos nossos alunos que os proferissem através de uma voz
clara e modelada, porque adestrar é também equipar os donos. Em simultâneo,
sempre instámos com os nossos instruendos para que usassem a entoação adequada nos
comandos solicitados, já que dissonância entre o tom e a ordem tende à
desobediência dos animais. Conhecedores da importância da voz humana no
adestramento, requisito técnico que muito contribui para o condicionamento
procurado, quando usado a preceito, bem depressa reconhecemos ser ela válida
por si mesma como recompensa, quando reforçada pela mímica que a acompanha, o
que teve como resultado a fixação exclusiva na pessoa dos donos e a formação de
cães impolutos e incorruptíveis. O “Reforço Positivo” não se limita à
distribuição de guloseimas ou ao uso de brinquedos, vai ainda para além disso,
estruturando-se também na linguagem e entoação utilizadas, que ao serem
perceptíveis, tornam os cães solícitos pela gratidão que nutrem pelos donos.
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