Vamos
ao factos. Um Pastor Alemão chamado “Nero” (na foto acima), propriedade da
Polícia de Watford/ Hertfordshire/UK,
partiu o pescoço em dois lados na perseguição de dois suspeitos de agressão e
roubo, ao cair de uma altura de 3.5m. Os sujeitos fugiram a pé, o cão
encontra-se estável e a polícia aconselhou a população a não circular com
valores à vista. Felizmente roubos deste género são incomuns em Watford. O
incidente ocorreu às 02H30 da madrugada de anteontem. Ignora-se se o tratador policial
do CPA foi objecto de algum reparo, muito embora acreditemos que o ocorrido conste
dos relatórios de patrulha. Como tomámos conhecimento do incidente pelo jornal “Independent”
online, que pouco faz saber acerca das circunstâncias da queda, não sabemos se
o animal saltou deliberadamente ou foi surpreendido pela diferença de nível, o
que de imediato comprometeria ou isentaria de responsabilidades o seu condutor,
ainda que ambos os casos possam prestar-se à sua inocência, se o primeiro for
entendido como uma reacção instintiva e o segundo como um infeliz acidente.
Como
dificilmente alguém persegue suspeitos com o cão atrelado, por lhe faltar
pernas e desaproveitar os bons serviços do animal, importa ensinar os cães a
descer dos muros, para que não saltem do seu topo e aprendam a encurtar a
distância que os separa do solo, trabalho aturado que poderá salvar-lhes a vida.
Na foto seguinte podemos ver o CPA “Radar” a fazê-lo, encurtando a distância de
impacto ao solto de 2 metros para 1.
Esta
preparação é indispensável a todos os cães quer eles sejam civis, militares ou
policiais, particularmente quando soltos para brincar ou actuar, porque o
perigo espreita onde menos se espera e só o condicionamento poderá valer-lhes.
Na foto seguinte, que já tem alguns aninhos, podemos ver um CPA militar a sair
impropriamente dum muro, saltando directamente do seu topo para o chão, duma
altura a rondar os 2.5 metros, como se o obstáculo se tratasse de uma vulgar
barreira vertical de 80 cm.
Todos
sabemos que as pistas tácticas há décadas que entraram em desuso e que só agora
voltaram a ser usadas pelas companhias cinotécnicas de alguns exércitos nacionais,
apesar de outros nunca as terem desleixado. O muro sobrevivente e mais comum de
ser ver é o de 1 metro de altura, executado pela curvatura natural de salto de
um cão médio e que não exige cuidados especiais na sua saída, já que é feito no
prolongamento da passada (foto abaixo). Se o ensino dos muros se remeter
exclusivamente a este, os cães virão a saltar, em caso de necessidade e pela
experiência havida, outros maiores do mesmo modo, o que poderá lesioná-los e ser-lhes até fatal, como sucedeu
ao CPA de serviço em Watford.
Considerando
esta necessidade qualquer pista táctica deverá ter à disposição dos seus
binómios muros de 1m, 1.5m, 1.8m, 2m e 2.5 metros, podendo ter ainda outro de
3m, caso a sua necessidade se justifique (quem não tiver espaço ou
disponibilidade económica para isso, poderá valer-se da maior ou menor abertura
duma paliçada). Para que estas transposições não atentem contra o seu propósito
e venham a perigar a integridade dos animais, importa conhecer a seguinte
fórmula: SM = 2xDMEX + SV, que logo nos dirá
qual a altura do muro ao alcance dum cão (SM) que é igual ao
dobro da distância média entre os seus eixos/membros (DMEX) mais altura que salta limpo na vertical (SV). O convite para a transposição dos muros só deverá acontecer
depois dos cães se encontrarem aquecidos e terem vencido todos os obstáculos
que lhes são anteriores na pista. A evolução nos muros é gradual e os tempos de
recuperação dos cães deverão ser respeitados, o que obrigará à verificação da frequência
dos seus ritmos vitais. Os melhores atletas caninos, depois de experimentados
nestes obstáculos, poderão vir a ultrapassar muros 25% mais altos que o valor
indicado pela fórmula atrás (um CPA saudável virá a transpor muros de 2.4m e os
excepcionais atingirão muros de 3 e 3.6 metros de altura).
Como
se antevê, a saída dos muros não dispensa, na sua fase preparatória e nos mais
altos (acima dos 2 metros) uma rampa de impacto, acoplada ao corpo do obstáculo,
com uma inclinação de 30 e 45º e elevada do solo a 1/3 da altura do muro. Se ao
invés de uma rampa usarmos uma mesa, com maior dificuldade conseguiremos
ensinar os cães a sair dos muros correctamente, porque ao invés de agarrarem a
eles, saltarão de imediato para a superfície nivelada, que é exactamente aquilo
que se pretende evitar (na foto abaixo a rampa encontra-se por demais elevada,
quiçá porque o cão teima em saltar desamparado e importa contrariar a sua
tendência).
Depois
do que foi explicado, o que importa gravar é que os cães carecem de ser
ensinados nas saídas dos muros, para que na diferença de planos não comprometam
a sua saúde e salvaguarda, ao saltarem desamparados e para a frente, desaproveitando
o atrito possível que encurta tanto a altura como o seu impacto ao solo – eles devem
agarrar-se às paredes até onde lhes for possível.
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