O título que introduz este
texto é uma lição da selecção natural que parece ter sido esquecida pelos canicultores
modernos e quem tem resultado na produção de cães mais fracos e doentes, mais
carentes do auxílio humano e com menor capacidade de adaptação. Como não
estamos a tratar de animais selvagens mas de domésticos e dependentes, sabemos
que as raças caninas do futuro serão as mais saudáveis, melhor adaptadas e mais
aptas. Em vão têm-se produzido cães esteticamente perfeitos mas de precário
suporte psicológico, como se mais interessasse o embrulho que o conteúdo e a
saúde dos animais fosse um item desprezível. Em paralelo continuam a ser
produzidos cães que rasam a aberração, imprestáveis e com a morte à porta
(anunciada).
É evidente que o propósito
inicial dos criadores das raças de trabalho não era esse, mas os seus
seguidores, ao desprezarem o seu parecer e ao optarem por outros critérios,
onde a estética se tornou rainha, acabaram por condenar as raças que lhe foram
confiadas. Cite-se como exemplo o Cão de Pastor Alemão, hoje uma ténue imagem
do que foi e que finalmente está a ser objecto de algum reparo, reparação
tardia que lembra a triste política de “casa roubada, trancas à porta”.
E como falar de cães é também
falar dos homens que os acompanham e tendo como consideração que só os mais
fortes sobrevivem, todos os países sujeitos aos horrores das guerras
económicas, como é o caso do nosso, caso não se livrem da austeridade, acabarão
por desaparecer, porque ver-se-ão condenados a uma baixa taxa de natalidade e a
longo prazo ao genocídio. Que grande responsabilidade têm os homens do presente
quanto ao futuro! Os homens sujeitaram os cães ao mesmo calvário e ambos
parecem votados à mesma sorte, pois não há dignidade na morte quando a vida é o
melhor dos bens. Assim como esperamos dos políticos solução, não destes mas
doutros que virão, os cães esperam que os seus criadores consigam transportá-los
para o futuro, tarefa hercúlea que terão de abraçar, obrigados a retroceder
para poderem avançar.
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