Por vezes o desencanto com
as pessoas é tão e grande e a solidão tão gritante que alguns proprietários
caninos tudo consentem aos seus cães, insanidade corrente que pode pôr em risco
a saúde e até a vida dos animais, que deverão saber no que devem pegar ou não.
Deu entrada recentemente num hospital veterinário em Sidney/Australia, um Staffordshire
Bull Terrier com seis meses de idade, que segundo os seus donos apresentava
dores de barriga. Sujeito a uma bateria de exames, veio a revelar-se que havia
engolido a lâmina de uma faca de cozinha com 20 cm de comprimento (foto acima),
estando em risco de vida. Os seus donos ignoram como ela foi lá parar, a
extracção já foi feita, o cachorro sobreviveu, encontra-se agora em convalescença
e livre de perigo. Que sorte dos diabos!
Mostramos alguma
relutância em aceitar que os cães domésticos continuem a não ser alvo de
qualquer educação básica, considerando a sua condição animal, tendências
particulares e a enormidade dos perigos que os cercam. Educar um cão é algo que
está além dos truques que possamos ensinar-lhe, geralmente associados ao nosso
ego e prazer, ao invés, é adaptá-lo e adequá-lo convenientemente para a
coabitação que dele exigimos, num mundo estranho que não lhe provoca estranheza
ou receio pelo tanto que lhe queremos (connosco tudo podem). Logo a seguir ao
amor que não dispensa, emerge a disciplina que o sustenta e que pode salvar-lhe
a vida, já que o amor pelos cães não deverá ser inconsequente e ser baseado em
expectativas ao ponto de nos afastar da realidade. Uma coisa é certa: donos
impróprios resultam em cães disparatados.
Todos os cães que não são
objecto de algum ensino, por menor que seja, tendem a mandar ou a desrespeitar
os seus donos, a sujeitá-los à sua vontade e a incorrem num sem número de
perigos, despropósitos advindos de uma liderança precária que desconsiderou a
pedagogia necessária para a sua coabitação harmoniosa, bem-estar e longevidade.
Os cães precisam de saber o que lhes é permitido e aquilo que lhes é proibido,
porque doutro modo serão ou causarão vítimas de acordo com o seu rudimentar
parecer, no que lembram também as crianças e a sua maior ou menor
responsabilidade.
E se há coisas que desde
logo importa disciplinar, uma das mais importantes é o que devem abocanhar e
aquilo que não devem, que numa fase adiantada só levarão à boca o que lhes for
solicitado por quem de direito – os seus donos, o que evitará grande número de
disparates e poderá até salvar-lhes a vida.
E se há que abocanhar ou
transportar algo, que seja os seus brinquedos e aquilo que é necessário aos
seus donos, desde que esses acessórios, volumes ou pertences não ponham em risco
a sua integridade e sobrevivência. O ocorrido na Austrália acabou em bem mas
todos os dias, em qualquer parte do mundo, episódios idênticos acabam muito
mal. Se o amor que nutre pelos cães o impede de discipliná-los, não os adquira
e peça para fazer festas aos alheios, caso os seus donos nisso concordem.
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