Desconhecemos se há em
alguma parte uma lei relativa à prevenção contra os gatos perigosos e se não há,
deveria haver, apesar dos seus ataques serem pouco frequentes, o que não impede
que sejam bastante dolorosos e dolosos para pessoas e cães. Não há dois gatos
iguais e há raças que se comportam como autênticos “cães de guarda”, levando
nisso vantagem por se emboscarem e atacarem de surpresa. Algumas raças
orientais são levadas da breca e a sua agressividade é extensível a machos e
fêmeas, mesmo quando castrados, ainda que os de pelo comprido dificilmente
sejam agressivos.
O gato é um predador inato,
bastante territorial, capaz de agregar-se em grandes grupos, tanto no seu lugar
social como em excursões de caça, sendo capaz de sobreviver, quando abandonado,
com mais facilidade que o cão. Encurralado é extremamente perigoso e não
hesitará em atacar a cabeça de quem o cercar, não se intimidando com os golpes
que lhe vierem a ser infligidos e mostrando uma combatividade pouco vista
(morre a lutar).
Os gatos guardiões são
raros e costumam efectuar as suas guardas isoladamente, produzindo ataques ofensivos
a partir da sua ocultação, o que não impede que ataquem em conjunto quando
instalados e confinados no mesmo território diante dum intruso. Aqueles que se
encontram confinados num apartamento, normalmente castrados e privados de
caçar, são extremamente afectuosos e não produzem qualquer tipo de ataque, a
menos que se vejam privados do seu território ou se sintam ameaçados por quem
os visita.
Os gatos que costumam
saltar de telhado em telhado e de quintal em quintal, também acostumados a
caçar, consideram essas áreas seu território, não vendo com bons olhos a
presença doutro animal ou de gatos desconhecidos, tudo fazendo para os
escorraçar. Cada gato opta por um trajecto diferente até ao lugar social comum,
entendendo esse caminho como sua pertença (território de caça), mesmo que ele
seja concorrido por pessoas ou outros animais. Exemplo disso foi o ocorrido recentemente
em Victoria/British Columbia/Canadá, onde um gato atacou e feriu gravemente
sete Pitbulls que se encontravam a passear na rua com os seus donos, vindo um
deles a receber tratamento hospitalar junto com o seu cão, saindo o gato dali
ileso e os seus proprietários a pagar o prejuízo.
Assim como os cães
necessitam de ser sociabilizados com os gatos, o inverso também é verdade atendendo
à salvaguarda destas duas espécies domésticas, porque a mímica predadora de
ambas, ao ser perceptível por uns e outros, transforma-os automaticamente em
concorrentes. A maneira mais fácil de sociabilizar um cão com um gato ou
vice-versa é fazê-lo quando ambos são pequeninos, antes de atingirem a sua
maturidade sexual. E quando assim se procede, brincarão em conjunto, poderão
completar-se e até caçar juntos. Uma cadela adulta, dócil e não ciumenta poderá
adoptar sem maiores dificuldades um indefeso gatinho, a quem por norma tratará
como se fosse seu filho, chegando ao ponto de criar leite para o amamentar.
Evitar o ataque de um gato
que se sente ameaçado, que vê o seu território invadido ou que tem crias é
praticamente impossível, porque ataca de surpresa, é rápido a golpear e não
teme o número dos seus oponentes, pelo que importa evitar quintais abandonados,
casas degradadas e unidades fabris encerradas, locais que escolhe para abrigo
ou como lugar social. Um gato bem-sucedido no ataque aos cães sempre voltará a
repeti-lo, tornando-se extremamente perigoso para eles. O facto de alguns cães
se encontrarem sociabilizados com gatos não é razão suficiente para não virem a
ser atacados por um destes felinos. Num combate de igual para igual entre um cão inexperiente e um gato experimentado, dificilmente o cão vencerá e só por sorte não sairá da peleja mordido e cego. Caso o cão seja nisso experimentado e o gato inexperiente, a morte do felino prefigura-se como o desfecho mais provável. Cães e gatos têm direito à vida e ambos gostam de ver respeitados o seu território e prole. Cabe-nos a nós evitar esses confrontos de funesto resultado.
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