terça-feira, 24 de maio de 2016

VIVEMOS A ENCHER O EGO E FAZEMOS DOS CÃES CEGOS!

Não há gato-sapato que não se diga defensor do bem-estar animal, quando na verdade poucos compreendam o que isso significa e a sua abrangência, lembrando o que acontece com a “Declaração Universal dos Direitos Humanos” que nenhum governo nacional respeita integralmente. Infelizmente não temos como valer ao Mundo mas podemos valer aos cães ao nosso encargo, respeitá-los enquanto espécie diferente e ir ao seu encontro, ao invés de os sobrecarregarmos com truques e habilidades, manifestações hedonistas que não se coadunam com a cinofilia que deverá sustentar todas as actividades relativas aos cães, que hoje mais do que nunca são amplamente explorados, na procura do proveito e em detrimento do seu particular biológico.
E se o vulgo assim procede por ignorância, também os adestradores atentam contra o bem-estar canino, quando varrem dos seus currículos de ensino a pistagem e todas as actividades que não dispensam o farejar. Se perguntassem aos cães e eles soubessem responder qual das disciplinas escolares é a do seu maior agrado, a esmagadora maioria responderia ser a pistagem, a procura de objectos, doutros animais e de pessoas, porque o olfacto é primeiro sentido que desenvolvem e é para eles o mais importante. E neste sentido felizes são os cães entregues ao ofício cinegético.
Enquanto os humanos identificam o mundo ao seu redor usando primeiro a visão, depois o tacto, em seguida o ouvido e finalmente o olfacto, os cães fazem-no primeiro pelo olfacto, depois pela visão, em seguida pelo ouvido e finalmente pelo tacto. Diante disto, privar os cães de usarem o nariz é cegá-los deliberadamente, um crime que cometemos contra a sua natureza e bem-estar, muitas vezes até sem darmos conta. Os cães vivem, reproduzem-se e sobrevivem pela experiência e esta não dispensa a identificação olfactiva prà sua compreensão.
Mais do que petiscos, cliques e afagos, usados de modo interesseiro e que provocam avidez e ansiedade, importa convidarmos rotineiramente os nossos cães para o uso do seu nariz, havendo alguns que têm mais de 220 milhões de receptores olfactivos, 44 vezes mais que os presentes nos humanos. Escola canina que se preze, atendendo ao bem-estar dos cães e também aos benefícios que a pistagem oferece para as restantes disciplinas cinotécnicas, pelo reforço da parceria e da cumplicidade, deveria atribuir à pistagem 60% do tempo destinado às classes. Dir-nos-ão que tal é utópico e impossível de levar a cabo, que os donos não se agradariam e resistiriam a tal ideia. Mas afinal estamos ou não estamos preocupados com o bem-estar animal? Se explicarem para os donos, eles bem depressa compreenderão, pois só querem o melhor para os seus cães. Cego é aquele que não quer ver!

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