segunda-feira, 9 de maio de 2016

E AGORA “ANDA A NOVE” PELO JARDIM!

“Andar ou ir a nove” é uma expressão portuguesa que surgiu na mesma altura que os carros eléctricos em Lisboa (bondes no Brasil), no início do Século passado. Quando alguém “anda” ou “vai a nove”, significa que anda ou parte rapidamente a toda a velocidade, exactamente como os velhos eléctricos cujo manípulo de condução, ao girar em torno dum eixo no sentido dos ponteiros do relógio, indicava como velocidade máxima o ponto nove.
Mas não é dos eléctricos, do seu romantismo e fascínio para as turistas que vamos falar (visitar Lisboa e não andar de eléctrico é como ir a Roma e não ver o Papa) mas duma proprietária canina que diariamente é rebocada pela sua cadela de 7 meses num jardim perto de casa, como se fosse atrelada a um eléctrico, despropósito hilariante a que assisto da minha janela, apesar de temer pela integridade física e psicológica daquela simpática senhora, uma morena dos seus 30 anos, agradável de aspecto, simpática, desenvolta no falar, bancária, casada e mãe de dois filhos.
Exactamente como eu temia, anteontem caiu violentamente no chão e demorou a levantar-se, tanto que me deu tempo para sair de casa e correr para a ajudar a endireitar-se, auxiliando-a depois na procura e captura da cachorra, uma Golden Retriever a puxar para o branco, de bem com a vida e bonacheirona. Depois de recomposta e já com a cachorra na mão, perguntei-lhe qual a causa ou causas do comportamento explosivo do animal, cuja raça é por norma concordata e pouco dada a explosões, mormente as fêmeas. Disse-me que tal se deve ao facto de desde muito nova a ter deixado correr para os outros cães, procurando sociabilizá-la como a veterinária lhe recomendou. “Agora, sempre que vê um cão, ensurdece-se, corre desalmadamente para ele, leva-me a reboque e lá vou eu a nove!”
É verdade que todos os cães necessitam de ser sociabilizados, como também é verdade que fazê-lo sem o mínimo controlo sobre o animal é um tremendo disparate. Primeiro deve-se ensinar o cão a andar à trela sem puxar e descontraidamente – alcançar o seu domínio, e só depois proceder à sua sociabilização, caso contrário o animal procurará os seus pares e mandar-nos-á bugiar. Se tal não acontecer antes dos sete meses de idade, ocasião em que a maioria dos cães atinge a maturidade sexual, o despropósito poderá ter e na maior parte dos casos tem consequências mais graves. Acabei por pôr a cadela a andar à trela correctamente, na esperança que a dona não ultrapasse o seu limite de velocidade e acabe despistada - estatelada no chão.   

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