segunda-feira, 16 de maio de 2016

THE INCREDIBLE !NDIA

A Índia é realmente incrível porque é simultaneamente longínqua e próxima, fácil de compreender e misteriosa, onde a riqueza, a miséria, o ascetismo e a porcaria vivem lado a lado. Terra de homens santos e antro de facínoras, de pompas inigualáveis e de desgraças infindáveis: um retrato do mundo, do que temos e daquele que gostaríamos de alcançar. Apesar de ser um pais que não pára de nos espantar, destaca-se ali a relação harmoniosa entre as gentes e os diferentes animais, tão próxima que por vezes parecem todos “farinha do mesmo” saco, numa desordem ordenada que sendo de gritante paridade, choca os pruridos de muitos ocidentais, quiçá por provir doutros valores culturais e religiosos, doutra visão cósmica, normalmente apelativa à curiosidade e às expectativas juvenis dos que nascem do outro lado do mundo. E já agora, a talhe de foice, falar inglês nalguns recantos daquele subcontinente é atrair sobre si a dita ira presente no “quinto dos infernos” (vá-se lá saber porquê!). Inglês por inglês, mais vale passar-se por ser quem é ou então por norte-americano.
Certa vez alguém me disse, referindo-se à empatia que mantenho com os animais, que se lhe dissessem que me tinham visto montado num hipopótamo acreditaria, o que não deixa de ser um exagero. Já na Índia e entre os indianos tudo é possível devido à coabitação milenar entre humanos e não-humanos, não sendo de estranhar ver gente, civil e militar, montada em toda a sorte de animais (avestruzes, búfalos, vacas, camelos e elefantes), habilidade e conhecimento que nos deixam boquiabertos pela simbiose atemporal que há muito perdemos, que empresta à Índia e aos seus habitantes um colorido único e fascinante a tudo o que fazem, apesar da outrora “Crown Jewel” ser também uma nação de cheiros, de bons e de maus.
Trabalhar no Sul da Índia debaixo dum calor insuportável não é tarefa fácil para ninguém, muito menos para os cães farejadores da Polícia do Estado de Karnataka (Estado que confina a Noroeste com Goa), nomeadamente no Verão e em Bellary, lugar onde as temperaturas são mais elevadas e o calor mais intenso. Sabendo disso, o Departamento de Polícia daquela região dotou os canis de ar condicionado, já que alguns cães sentem-se desconfortáveis e diminuem a sua eficiência em temperaturas iguais ou superiores a 35 graus celsius. Atendendo à mesma razão, também a alimentação destes animais merece cuidados especiais, sendo a sua dieta regular reforçada com alimentos de maior teor nutricional, com glicose e vitamina D, para além doutros aditivos. Sempre têm à sua disposição água fria, os seus repastos são mais líquidos e três vezes ao dia é-lhes distribuído coco para combater a mais que possível desidratação. Como se depreende, as actividades ao ar livre dos cães estão restringidas ao início da manhã e à noite, porque forçá-los a trabalhar noutras horas do dia poder-lhes-ia ser fatal.
É evidente que a maioria dos indianos não usufrui nem usufruirá para breve destas condições (talvez nem os tratadores destes cães as tenham dentro dos seus lares). Com o Verão à porta, agora que a chuva parece ter-se-ido embora de vez, aconselhamos os nossos leitores a manterem grandes quantidades de água fresca à disposição dos seus cães, a alojá-los em locais arejados e afastados do Sol intenso, particularmente os mais débeis, os obesos, os idosos, os de pêlo lanoso ou duplo, os de cores melânicas e os braquicéfalos, animais que na época estival sofrem em demasia com o calor e que mais facilmente entram em colapso. As nossas actividades escolares no Verão sempre privilegiaram os horários matinais e nocturnos, procurando também treinar em matas de maior altitude. Adiantamos para os nossos leitores brasileiros, caso queiram visitar Portugal no Verão, a prepararem-se para o calor, pois aqui ele é mais agressivo e menos húmido que o verificado nos Estados do Centro-Sul brasileiros (chega a ser sufocante). E sobre os cães da índia por agora é tudo.         

Sem comentários:

Enviar um comentário