Sinto um nó na
garganta e um aperto no coração quando vejo pelo que passam e sofrem os
emigrantes ilegais mexicanos que intentam atravessar a fronteira dos Estados
Unidos, bandos de maltrapilhos a quem se dá caça como a coiotes e que trazem
espelhado nos rostos e nos corpos a miséria que os acompanha. O México é farto em
assimetrias, corrupção, narcotraficantes, crimes e injustiça social, um País
que sendo rico tresanda a pobreza, um verdadeiro paraíso para os turistas e um
atroz flagelo para as classes sociais mais desfavorecidas, onde a população
índia continua a ser marginalizada e a ascendência europeia de outros muito
respeitada, sobressaindo ainda uma profunda diferença entre o fausto das
grandes cidades e o carácter funesto das zonas rurais.
Não obstante,
porque existem na Cidade do México cerca de 1.200 000 cães e 300 000 gatos,
foi inaugurado recentemente um Hospital Veterinário Público em Iztapalapa, para
atender aos pets das famílias mais carenciadas, onde as consultas, vacinações e
medicamentos são gratuitos e os custos com intervenções cirúrgicas e outros
tratamentos bastante reduzidos. Louva-se a ideia pioneira, a sua execução e
funcionamento, que parecem decorrer duma promessa feita em campanha eleitoral pelo
actual Chefe do Distrito Federal: o advogado Miguel Angel Mancera. Como não
existem no mundo muitos hospitais com estas características e destinatários,
está a Cidade do México de parabéns. Oxalá o projecto seja viável, outros se
levantem, não morra à nascença e não contribua para a redução do orçamento
destinado à saúde, bem-estar e educação do povo mexicano.
Em Portugal há
várias associações que trabalham em moldes semelhantes, cite-se como exemplo a
União Zoófila, onde os preços praticados aos seus associados são
substancialmente inferiores aos praticados nas clínicas privadas. Também em
Lisboa, no Hospital Escolar da Faculdade de Medicina Veterinária os preços são
mais acessíveis. Temos ainda conhecimento de alguns veterinários que cobram
preços mais baixos que outros e doutros que abusam do apego que os donos nutrem
pelos seus animais. A tendência actual é para a baixa de preços, uma vez que o
número de veterinários não cessa de aumentar, os bolsos da classe média estão a
tilintar e a “Declaração Universal dos Direitos do Animal” está a surtir
efeito. Um projecto idêntico ao mexicano que atrás referimos assentava de
sobremaneira ao nosso deputado do PAN, que ao propô-lo à Assembleia da
República, por manifesto apoio popular, provavelmente veria a sua bancada
aumentada nas próximas eleições legislativas.
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