terça-feira, 10 de maio de 2016

UM HOSPITAL PÚBLICO PARA CÃES DE FAMÍLIAS CARENCIADAS

Sinto um nó na garganta e um aperto no coração quando vejo pelo que passam e sofrem os emigrantes ilegais mexicanos que intentam atravessar a fronteira dos Estados Unidos, bandos de maltrapilhos a quem se dá caça como a coiotes e que trazem espelhado nos rostos e nos corpos a miséria que os acompanha. O México é farto em assimetrias, corrupção, narcotraficantes, crimes e injustiça social, um País que sendo rico tresanda a pobreza, um verdadeiro paraíso para os turistas e um atroz flagelo para as classes sociais mais desfavorecidas, onde a população índia continua a ser marginalizada e a ascendência europeia de outros muito respeitada, sobressaindo ainda uma profunda diferença entre o fausto das grandes cidades e o carácter funesto das zonas rurais.
Não obstante, porque existem na Cidade do México cerca de 1.200 000 cães e 300 000 gatos, foi inaugurado recentemente um Hospital Veterinário Público em Iztapalapa, para atender aos pets das famílias mais carenciadas, onde as consultas, vacinações e medicamentos são gratuitos e os custos com intervenções cirúrgicas e outros tratamentos bastante reduzidos. Louva-se a ideia pioneira, a sua execução e funcionamento, que parecem decorrer duma promessa feita em campanha eleitoral pelo actual Chefe do Distrito Federal: o advogado Miguel Angel Mancera. Como não existem no mundo muitos hospitais com estas características e destinatários, está a Cidade do México de parabéns. Oxalá o projecto seja viável, outros se levantem, não morra à nascença e não contribua para a redução do orçamento destinado à saúde, bem-estar e educação do povo mexicano.
Em Portugal há várias associações que trabalham em moldes semelhantes, cite-se como exemplo a União Zoófila, onde os preços praticados aos seus associados são substancialmente inferiores aos praticados nas clínicas privadas. Também em Lisboa, no Hospital Escolar da Faculdade de Medicina Veterinária os preços são mais acessíveis. Temos ainda conhecimento de alguns veterinários que cobram preços mais baixos que outros e doutros que abusam do apego que os donos nutrem pelos seus animais. A tendência actual é para a baixa de preços, uma vez que o número de veterinários não cessa de aumentar, os bolsos da classe média estão a tilintar e a “Declaração Universal dos Direitos do Animal” está a surtir efeito. Um projecto idêntico ao mexicano que atrás referimos assentava de sobremaneira ao nosso deputado do PAN, que ao propô-lo à Assembleia da República, por manifesto apoio popular, provavelmente veria a sua bancada aumentada nas próximas eleições legislativas.  

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