Quando um médico não sabe
que doença afecta um paciente logo alvitra tratar-se de um vírus, quando um
veterinário não encontra explicação para determinadas afecções de um cão
remete-as imediatamente para o cardápio das
doenças típicas da sua raça, explicações que nada satisfazem diante da óbvia
relação causa-efeito. Este mundo está sobrecarregado de lobbies, de mentiras
inquestionáveis que vitimam homens e cães, que para irem ao médico terão que
ter uma saúde dos diabos, porque doutro modo depressa enfermarão. Ao lobby da
indústria farmacêutica nos humanos, que chega a destituir governos e a
subsidiar campanhas, podemos juntar o da indústria alimentar nos cães, que rapidamente intenta estabelecer parcerias com os veterinários, querendo fazê-los seus comissários
a troco de umas migalhas.
Esta semana um proprietário
canino pouco letrado e nada informado gabava-se diante doutro por dar ao seu
cão a melhor ração do mercado, que segundo ele é à base de salmão, rica em
ácidos ómega e do melhor para a saúde do animal. Todos sabemos que a esmagadora
maioria do salmão que comemos e que vai para as rações dos animais de companhia
é de viveiro e não de mar, que adquire aquela apelativa cor vermelha por via
química e não por ingestão de camarão como seria de esperar. Esse cocktail
químico, para além ser uma ameaça ambiental por estar a poluir e a envenenar os
leitos dos ricos, é altamente cancerígeno. Homens e cães vivem do que comem e
diante desta verdade pergunta-se: porque têm os cães actuais menor esperança de
vida que os do passado, apesar de auxiliados pelos medicamentos? Serão as
alterações climáticas promovidas pelas distintas poluições as únicas
responsáveis pelo fenómeno? Não nos parece porque, debaixo dos mesmos
condicionalismos, os cães que consomem alimentos frescos vivem por mais tempo.
Não é por acaso que alguém apelidou a ração de “Junk food” (comida de lixo)”,
não obstante umas serem de melhor qualidade que outras. Sim, o consumo
sistemático da ração está a apressar doenças e a encurtar os dias dos cães.
E se o controlo de
qualidade dos alimentos destinados aos humanos é por vezes falho e nalguns
casos parcial e até inexistente, imagine-se o destinado aos animais, que
normalmente comem toda uma catrefa de subprodutos desleixados, nalguns casos
verdadeira mixórdia, ainda que por vezes encapotados num rótulo enganoso.
Existem doenças típicas de uma ou várias raças? Infelizmente sim, sendo a maior
parte delas proveniente da descuidada ou abusiva selecção humana. No entanto,
essas doenças congénitas não se manifestam somente numa ração em particular ou
quando substituímos uma por outra, ainda que algumas contribuam para o
agravamento dos problemas inatos caninos e até lhe arranjem outros. Em termos
de alimentação e perante a inevitabilidade da ração segue-se a máxima
futebolista que diz: “em equipa que ganha não se mexe!” Ao invés, se determinada
ração causa algum problema ou mal-estar aos nossos cães há que desprezá-la
imediatamente. Não há nada melhor que a comida fresca, que infelizmente exige
conhecimento, dá trabalho, despesa e não dá lucro a ninguém, já que a ração outra
coisa não é que um “manjar de combate”, comida de substituição à falta de
melhor. Existem boas rações no mercado? Existem, mas nem sempre são as mais
conhecidas e badaladas, cujos fabricantes subvertem a sua qualidade e não se
escusam à oferta dos mais variados brindes. É mentira, a ração não tem tudo, falta-lhe o essencial - ser fresca!
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