terça-feira, 17 de maio de 2016

OS VÍRUS, OS LOBBIES E AS DOENÇAS TÍPICAS DA RAÇA

Quando um médico não sabe que doença afecta um paciente logo alvitra tratar-se de um vírus, quando um veterinário não encontra explicação para determinadas afecções de um cão remete-as  imediatamente para o cardápio das doenças típicas da sua raça, explicações que nada satisfazem diante da óbvia relação causa-efeito. Este mundo está sobrecarregado de lobbies, de mentiras inquestionáveis que vitimam homens e cães, que para irem ao médico terão que ter uma saúde dos diabos, porque doutro modo depressa enfermarão. Ao lobby da indústria farmacêutica nos humanos, que chega a destituir governos e a subsidiar campanhas, podemos juntar o da indústria alimentar nos cães, que rapidamente intenta estabelecer parcerias com os veterinários, querendo fazê-los seus comissários a troco de umas migalhas.
Esta semana um proprietário canino pouco letrado e nada informado gabava-se diante doutro por dar ao seu cão a melhor ração do mercado, que segundo ele é à base de salmão, rica em ácidos ómega e do melhor para a saúde do animal. Todos sabemos que a esmagadora maioria do salmão que comemos e que vai para as rações dos animais de companhia é de viveiro e não de mar, que adquire aquela apelativa cor vermelha por via química e não por ingestão de camarão como seria de esperar. Esse cocktail químico, para além ser uma ameaça ambiental por estar a poluir e a envenenar os leitos dos ricos, é altamente cancerígeno. Homens e cães vivem do que comem e diante desta verdade pergunta-se: porque têm os cães actuais menor esperança de vida que os do passado, apesar de auxiliados pelos medicamentos? Serão as alterações climáticas promovidas pelas distintas poluições as únicas responsáveis pelo fenómeno? Não nos parece porque, debaixo dos mesmos condicionalismos, os cães que consomem alimentos frescos vivem por mais tempo. Não é por acaso que alguém apelidou a ração de “Junk food” (comida de lixo)”, não obstante umas serem de melhor qualidade que outras. Sim, o consumo sistemático da ração está a apressar doenças e a encurtar os dias dos cães.
E se o controlo de qualidade dos alimentos destinados aos humanos é por vezes falho e nalguns casos parcial e até inexistente, imagine-se o destinado aos animais, que normalmente comem toda uma catrefa de subprodutos desleixados, nalguns casos verdadeira mixórdia, ainda que por vezes encapotados num rótulo enganoso. Existem doenças típicas de uma ou várias raças? Infelizmente sim, sendo a maior parte delas proveniente da descuidada ou abusiva selecção humana. No entanto, essas doenças congénitas não se manifestam somente numa ração em particular ou quando substituímos uma por outra, ainda que algumas contribuam para o agravamento dos problemas inatos caninos e até lhe arranjem outros. Em termos de alimentação e perante a inevitabilidade da ração segue-se a máxima futebolista que diz: “em equipa que ganha não se mexe!” Ao invés, se determinada ração causa algum problema ou mal-estar aos nossos cães há que desprezá-la imediatamente. Não há nada melhor que a comida fresca, que infelizmente exige conhecimento, dá trabalho, despesa e não dá lucro a ninguém, já que a ração outra coisa não é que um “manjar de combate”, comida de substituição à falta de melhor. Existem boas rações no mercado? Existem, mas nem sempre são as mais conhecidas e badaladas, cujos fabricantes subvertem a sua qualidade e não se escusam à oferta dos mais variados brindes. É mentira, a ração não tem tudo, falta-lhe o essencial - ser fresca!   

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