Eu sou um republicano convicto e sê-lo-ei
até morrer mas não consigo esconder o fascínio que tenho pela Rainha Isabel II
do Reino Unido, porque desde que me conheço sempre a vi e sinto por ela um profundo
respeito e admiração. Penso até que a Inglaterra ficará mais pobre no dia em
que desaparecer, que a monarquia inglesa não voltará a ser como dantes e
sofrerá alguns reveses, porque se ainda está de pé, deve-o indubitavelmente a
Isabel II. Infelizmente não nutro os mesmos sentimentos pelo seu marido, que me
parece tirado da série televisiva “The Muppet Show”, um daqueles velhos
sarcásticos e broncos presentes nalguns episódios. E entre Isabel II e a
falecida Princesa Diana, obviamente que não as comparo, porque a monarca
erigiu-se a si própria e a ex-nora foi obra dos media. Além disso, conhecia-as
cara a cara em idênticas circunstâncias e os devaneios da “England’s Rose” nunca
se confundiram com a classe, sentido de estado e simpatia da monarca, pese
embora os seus chapéus de muito mau gosto, que ora lembram capacetes ora exagerados
bolos da mais requintada pastelaria.
Não é fácil ser-se de Saxe-Coburg-Gotha e muito
menos matriarca de uma família com esse sangue (ela que o diga, o que jamais
fará), sangue historicamente ligado às artes e rendido a várias paixões,
insatisfeito consigo mesmo e irrequieto por natureza. Não obstante, a pequena
Rainha continua fiel ao juramento que fez diante dos seus súbditos. Temos em comum
o mesmo grupo sanguíneo e a paixão por cavalos e cães, apesar dos canitos da
sua eleição serem os Corgis e os Dorgies e o meu eleito ser o Cão de Pastor
Alemão. Não esqueço o dia em que visitou Portugal e que fui recebê-la a cavalo
diante do Padrão dos Descobrimentos em cima de um russo cruzado de Percheron, porque ao reparar na minha montada sorriu para mim, como que a dizer: “sei bem pelo
que passas!” Quando saio a cavalo com um cão ao estribo, coisa que não faço há
algum tempo, sempre me lembro dela e inevitavelmente assobio o “Land of Hope
and Glory” da autoria de Edward Elgar, eu que prefiro os alemães aos ingleses,
apesar de nem sempre ter razões para isso. Elizabeth II carrega um pouco de
cada um de nós e não é difícil identificar-nos com ela, porque personifica o
que melhor que há em nós e massifica alguns dos nossos sonhos incontidos. Long
live to The Queen!
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