quarta-feira, 4 de maio de 2016

NÃO HÁ FOME QUE NÃO DÊ EM FARTURA… NEM FARTURA QUE NÃO DÊ EM FOME!

Eu sei, você sabe, nós sabemos, eles sabem, todos sabemos que é muito mais fácil ensinar um cão com petiscos do que sem eles, particularmente aqueles que nasceram com um forte impulso ao alimento e que raramente usam os dentes para outra coisa a não ser para comer, como é o caso dos Labradores, companheiros de nomeada, amigos da criançada, auxiliares e terapeutas de créditos firmados, mas que em simultâneo são capazes de comer uma saca inteira de ração se por descuido lhes calhar à mão, comportamento em tudo igual ao dos porcos que rapidamente ingerem tudo o que lhes é posto nas gamelas. A obesidade que afecta grande número de cães desta raça, agravada pela distribuição de guloseimas no treino, tem sido responsável pelo surgimento de diabetes e doenças cardíacas.
Tudo leva a crer, segundo um estudo recente levado a cabo por cientistas da Universidade de Cambridge/UK, que a voracidade dos Labradores se deve a uma variação genética no seu ADN, da responsabilidade de três genes, anteriormente relacionados com a obesidade em ratos e dois deles com a humana, que afecta 20% do total dos Labradores, que alcançam em média mais 3.8 kg que os seus iguais em boa forma física e livres dessa mutação. Mutação que aqueles cientistas adiantam perturbar a formação de dois produtos químicos: o “β-MSH” e o “β-endorfina”, o primeiro relacionado com a capacidade do animal de detectar a quantidade de gordura que tem armazenada e o segundo que se julga estar relacionado com os mecanismos de recompensa do cérebro.
Nunca fomos apologistas de dar guloseimas aos cães e assim continuaremos, substituindo-as por afagos e momentos de supercompensação que incluem exercícios, jogos e brincadeiras do seu agrado, libertando-os da regra e convidando-os para a extravasação, porque não queremos que incomodem terceiros, comam da mão de estranhos, fora de portas, pedinchem comida e cedam aos engodos de qualquer meliante, que vão atrás de qualquer um e que venham a morrer intoxicados e/ou envenenados (so help me God!). Parece que os Labradores obesos não diferem muito das pessoas que fazem sua a máxima que diz: “perdoa-se o mal que faz pelo bem que sabe”, o que normalmente acabará por tramá-las.
Depois da divulgação do presente estudo é mais do que certo, para aqueles que ainda não o fizeram, que os proprietários dos Labradores lhes distribuam pensos diários “por conta, peso e medida”, no que serão imediatamente secundados pelos fabricantes de biscoitos, que porão à disposição dos Labradores uma linha ou gama “Light”, ainda que nem sempre o conteúdo espelhe exactamente o que vem descrito no rótulo, trapaça presente em todas as indústrias quer se destinem a aninais ou pessoas, como aconteceu recentemente com os falsos valores de emissões de carbono em certas marcas de automóveis.  A propósito, deixe-se de tretas e não dê de comer aos cães-guias de cegos, eles agradecem mas os cegos ficam desnorteados! Quando for buscar um cachorro Labrador peça para ver os pais, se forem obesos não compre, procure outro cujos pais sejam saudáveis e livres desta mutação que atormenta 1/5 da raça. São coisas nossas, bem sei, mas por que razão no Estalão do Retriever do Labrador, que é o 122 da FCI, só se fala da altura indicada e não do seu peso? Mistérios da terra de Francis Drake!  

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