Já abordámos este tema em
várias ocasiões e os artigos que publicámos acerca dele continuam a ser muito
visitados. Trata-se do Pastor Alemão cinzento, entendido como azul, variedade
muito rara e ligada a outras menos comuns, como são os casos da negra, da
chocolate, da vermelha, da cor-de-areia e da proscrita branca. Dum momento para
o outro, tal qual a “Febre do Ouro”, ocorrida na Califórnia ente 1848 e 1855,
os criadores domésticos do CPA correm agora atrás dos poucos exemplares que
nascem entre nós, não olhando a meios e desconsiderando despesas, tentando
tirar partido da ignorância dos seus proprietários, que nem imaginavam existir
Pastores Alemães assim (azuis), normalmente nascidos de progenitores da
variedade cromática dominante (preto-afogueado), ainda que recessivos nesse
factor.
É público como alcançámos
os nossos pastores azuis, tirados a partir dos beneficiamentos entre os negros
e os antigos lobeiros. As razões que nos levaram à sua procura e alcance
prenderam-se com a necessidade de melhor compreendermos a evolução da raça, de
descobrimos partes omissas na sua selecção e de entendermos o porquê dos
critérios seguidos (filosofia e prática), tarefa dispendiosa que abraçámos
antes do surgimento da Internet e da vulgarização dos testes de ADN, que seria
inconclusiva caso não tivéssemos visto grande número de cães e saber da
existência das distintas variedades cromáticas presentes no CPA.
Para todos os efeitos,
quer se aprecie ou não, trabalhar com as variedades recessivas do CPA é
retornar à sua origem, às suas mais e menos valias, até porque o aprimoramento
acontecido na raça, que é indubitável, não aconteceu em absoluto por via da
dispensa do trabalho pela preferência estética, tendência que se acentuou logo
após a II Guerra Mundial e que se tornou maioritária a partir da década de 70,
não acontecendo por acaso a procura de Pastores Alemães do Leste Europeu na era
pós Perestroika, animais cuja funcionalidade era em muito superior à verificada
entre os cães ocidentais. Houve de facto uma rotura ou quebra de qualidade
entre os cães originais e os actuais, ficando isso a dever-se em primeira instância
aos criadores alemães, que ainda hoje correm atrás do prejuízo.
Mas o que tem o Pastor
Alemão Azul de especial que o distinga dos outros, ao ponto de agora correrem
atrás dele como do Santo Graal? Nada, a não ser a cor! Porque nele subsistem
bons e maus exemplares, beneficiamentos profícuos e cruzamentos desastrosos, alguns
até proibidos pelo Estalão, como acontece com o contributo da variedade branca,
o que não significa que deva ser desleixado ou preterido, porque se está dentro
da raça algo de bom lhe acrescentou. Ademais, considerando a eugenia negativa
que tem vindo a vitimar o CPA, só a multivariedade ainda presente na raça lhe
poderá valer, quer para retornar à qualidade do passado quer para formar
melhores cães pró futuro.
É por demais evidente que
quem corre agora atrás dos azuis não é dominado por estas preocupações, antes
quer ter aquilo que ninguém tem para obter maiores lucros, porque assim
acontece com a novidade! Mas como não há bela sem senão, esta classe de
prospectores irá igualmente incorrer no erro da eugenia negativa e industriar
esta variedade, que quando isolada e isenta das demais tende a ser mais esquiva
e menos cúmplice, logo menos prestável, para além de perder envergadura.
A obtenção de exemplares
azuis uniformes, quando não recessiva nos progenitores de cor diversa,
exceptuando o concurso da variedade branca, hoje entendida injustamente como “Pastor
Suíço”, poderá ser alcançada pelos beneficiamentos entre negros e lobeiros,
quando ambos têm na sua construção exemplares das duas variedades cromáticas
segundo um percentual próprio, sabendo-se que alguns exemplares azuis deles
nascidos sairão bicolores e não uniformes, cinzentos de dorso e afogueados nos
membros, os ditos cinzentos parciais, exactamente iguais ao cachorro que
ilustra o recente artigo “ZEUS:
UM AZUL QUE PROMETE”, editado no dia 23 deste mês.
Beneficiando um cinzento parcial com um uniforme ou com um negro conseguem-se obter cachorros azuis uniformes e, o que é verdade para o azul, é-o também para o chocolate (fígado) e para as para as restantes variedades recessivas.
Beneficiando um cinzento parcial com um uniforme ou com um negro conseguem-se obter cachorros azuis uniformes e, o que é verdade para o azul, é-o também para o chocolate (fígado) e para as para as restantes variedades recessivas.
Agrada-nos de sobremaneira
e a cinotecnia nacional está a colher frutos disso, o aumento de CPA’s negros
usados para a produção de exemplares laborais, fruto da precocidade e
maturidade presentes nesta variedade cromática, sem a qual os lobeiros se
tornariam mais difíceis de controlar e os preto-afogueados estridentes e
reivindicativos, mais dados ao barulho que as acções. Do mesmo modo e pelas
mesmas razões necessita o azul do negro, também para combater o pernaltismo,
menor peso e a ausência de envergadura. Por detrás dum cão cinzento sempre
está, quando não resultante de artimanha, um exemplar negro e à medida que o
cinzento se afasta do negro a sua qualidade diminui significativamente.
A corrida ao ouro já
começou, ao Pastor Alemão azul, oxalá não o transformem em pechisbeque!
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