Vamos
à notícia. O que ao princípio parecia aos investigadores policiais tratar-se de
um homicídio no Condado de Dale, no estado norte-americano do Alabama, veio a
revelar-se num ataque canino fatal, isto segundo o que fizeram saber as
autoridades locais. O xerife do condado de Dale, Mason Bynum, disse que
o corpo de Demarcus “Sam” McKenzie II de 27 anos, de Skipperville, foi
encontrado numa garagem residencial no bloco 5500 da County Road 33 na manhã de
anteontem, sábado. Bynum disse também que durante a investigação preliminar,
parecia que McKenzie tinha sofrido um ferimento de bala na cabeça, apesar das
declarações das testemunhas e das evidências físicas não apontarem nesse sentido,
mas que uma investigação mais aprofundada revelou que havia morrido em consequência
de um ataque canino, pelo que a hipótese inicial de homicídio foi abandonada. O
mesmo xerife disse que o vídeo de segurança da casa mostrou McKenzie a sair de
casa e um cão a querer agredi-lo. Em consequência disso, o jovem de 27 anos
começou a correr em direcção à entrada da garagem, momento em que mais 2 ou 3
cães se juntaram ao primeiro no intuito de o atacarem. De acordo como o
comunicado de imprensa, McKenzie tropeçou perto da base da garagem, exacto
local onde os cães se juntaram. “A certa altura, 5 ou 6 cães são vistos a
atacá-lo violentamente, espancando-o enquanto lutava para se levantar. Depois
de alguns minutos, os cães dominaram a vítima e ela parece ter ficado
incapacitada”, disse Bynum no mesmo comunicado.
Porque
pensei logo que a vítima tinha sido um afro-americano? O esperado de um jovem
saudável com 27 anos perante um cão que avança para ele agressivamente é
enfrentá-lo e afugentá-lo, jamais temer a ameaça e desatar a correr
desalmadamente. Este lamentável modo de se constituir em presa dá moral ao cão
agressor e convida outros a seguir o seu exemplo, transformando aquilo que era
um ataque individual num ataque de grupo. Com este comportamento,
involuntariamente, McKenzie pediu para si a pena capital, sendo o seu medo mais
responsável pela sua morte do que os cães. Apesar dos cinófobos não pertencerem
exclusivamente a uma etnia em particular, é sabido que o seu número é
substancialmente maior entre os africanos e seus descendentes, maioritariamente
por razões históricas e sócio-culturais somadas a outros particulares, das
quais não podemos excluir a escravatura, a segregação e os nunca sepultados e
agora rejuvenescidos apartheids, tão em voga nos discursos inflamados dos
populistas. O medo tem uma força extraordinária e de tal maneira a tem que
assim como nos pode salvar a vida também nos pode fazer perdê-la. Como o
controlo do medo está apenas ao alcance de muito poucos e os traumas são de
difícil eliminação, cabe-nos a nós, treinadores e donos de cães, contribuir
para a sua supressão, sociabilizando os animais e familiarizando-os com aqueles
que os temem para que o seu receio se torne infundado.
Como não herdamos só a côr dos olhos
ou dos cabelos, seria bom que nos grupos familiares mais afectados pela
cinofobia, a familiarização com os cães acontecesse logo desde tenra idade,
precocemente, para que os animais venham a ser naturalmente aceites no seu
mundo e contribuam também para o seu equilíbrio. Compreende-se agora porque tão
poucos cidadãos de etnia africana sejam tratadores ou proprietários caninos,
muito embora façam muita falta. A existência de mais militares, polícias e
comuns cidadãos de etnia africana com cães, ao vulgarizar-se, contribuirá definitivamente
para a supressão da cinofobia que vitimou McKenzie e que continua a ceifar
muitas vidas – há que combater a histeria! Lembro aqui que existem várias raças
caninas mais indicadas para quem pretende adquirir um cão para vencer o seu
medo, entre elas (não é única) está o Cão de Água Português, raça do cão “Bo” que o
senador democrata Ted Kennedy ofereceu ao presidente Obama.
PS: A existência de gente de etnia africana ou sua descendente na cinotecnia leva-a muitas vezes a ser escolhida para o desempenho do papel de cobaia na tentativa de melhor aproveitar o seu medo idiossincrático, o que é a todos os títulos reprovável atendendo ao bem-estar de pessoas idênticas. Por norma, os indivíduos de etnia africana nas escolas civis são na sua maioria brasileiros ou cidadãos já nascidos na Europa.
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