No adestramento clássico, com o cão lado-a-lado com o dono, visando o robustecimento atlético do animal, é de todo conveniente que entre a altura de ambos exista uma diferença mínima de 120cm, podendo aceitar-se 100 (1m) quando os donos são jovens, para que a passada do condutor induza naturalmente, sem esforço, o cão a entrar em marcha, andamento necessário ao bom desenvolvimento muscular do animal e próprio para esforços continuados, robustecendo em simultâneo os seus ritmos vitais, transmitindo-lhe ânimo e aumentando-lhe a disponibilidade global. Quando a diferença mínima entre condutor e cão é inferior a 1m, dizemos estar na presença de “binómios impróprios”, binómios excepcionais que não dispensarão o contributo dos obstáculos para o desejado desenvolvimento atlético dos cães. As duas senhoras acima escolheram o cão certo para a sua altura e envergadura, o que nem sempre acontece. Se porventura tivessem os cães trocados, a Margarida teria que evoluir de patins e o seu cão, o pequeno Yorkshire, deslizaria pelo terreno no embalo típico de um comum praticante de kitsurf. Na aula de ontem, realizada ao fim da tarde e que se prolongou pela noite dentro, os dois binómios foram convidados para trabalhar em conjunto visando a sociabilização dos seus cães e a sua futura inserção no trabalho de grupo.
Assim
como todos os condutores sairão da escola a conduzir qualquer tipo de cão, independentemente
da sua altura e robustez, a obediência pronta e imediata é requerida a todos os
cães, tenham eles 3, 30, 70 ou mais quilos. O Ozzy, o pequeno Yorkshire,
acostumado a fazer da dona “gato-sapato”, a mandar lá em casa e a morder quem
ouse mexer-lhe na comida, quiçá mal-humorado por conta do calor, não querendo
deitar-se, obsequiou o Adestrador com duas dentadas na mão direita, em tudo
semelhantes às bicadas de um papagaio. Com muita paciência e algum engenho, sem
nunca temer o pequeno Terrier, o Adestrador conseguiu ensinar-lhe o “deita”,
tanto através da linguagem verbal como da gestual. Para robustecer a liderança
da dona e instituir gradualmente a sua autoridade, convidámos o Yorkshire para
um túnel aberto, convite de que a princípio não s agradou, mas que depois
aceitou confiante e alegre.
Devido
à disparidade de tamanhos e de envergadura, assim como às consequentes diferenças
de postura e comportamento, quando os cães são novatos na escola e ainda não se
encontram plenamente sociabilizados, há sempre riscos quando se trabalha em
simultâneo cães miniatura, normalmente mais nervosos e quezilentos, com cães
médio-grandes, porque os pequenotes temem-nos e os grandes suspeitam estar perante
alguma variedade inédita de gatos ladradores! Como são todos cães e a inimizade
cão-gato não nos faz falta alguma, uma vez tomadas todas as cautelas, que
poderão não dispensar a intervenção directa do Adestrador, os cães acabarão por
trabalhar em conjunto, iniciando assim o seu processo de familiarização de uns
com os outros. Apesar de ser 4 vezes mais alto e pesar 8 vezes mais do que o
Ozzy, o CPA Dobby venceu com maior facilidade o circuito de passagens
estreitas, o que não pode ser desligado do empenho laboral da sua dona.
Como o calor que se fazia sentir ao final da tarde era demasiado, vimo-nos obrigados a parar o treino entre as 19h40 e às 20h20, ocasião que aproveitámos para refrescar o Ozzy, cuja autonomia em amplitudes térmicas é naturalmente reduzida. O Pastor Alemão não acusou o calor e adorou a refeição de “red fish” que a dona lhe preparou, dieta de verão que os cães muito apreciam.
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